sexta-feira, outubro 08, 2010

o que eu devia fazer

Eu to ferrado baby, e acredite, mais ferrado que isso, só estando morto. Ou vivo, porque estar morto é ainda, acima de tudo, a única libertação que a gente vai encontrar nessa droga de vida. E não adianta vir com papo de amante da vida ao estilo hare-krishna pra cima de mim. Cada um carrega sua cruz, cada um tem sua sina, e eu bem sei que já faz algum tempo que não tenho aguentado a minha. Tudo começou quando... bem, tudo começou há uma porrada de tempo atrás, quando eu me liguei que eu era um pouco diferente de grande parte das pessoas, e na maioria das vezes, era diferente pra pior. Pelo menos eu ainda ganhava deles com meus livros, meus discos e os meus filmes favoritos. Mas acho que aquilo não era grande coisa. Nunca tinha ganho uma garota por dizer que o John Fante era meu escritor favorito e que eu realmente gostava do Lou Reed. Como eles ganhavam as garotas? Eu não sabia, eu nunca ia saber. Eu estava destinado a não saber. Eu estava destinado a sofrer? Ha ha ha. Essa era uma boa piada. Auto-humilhação sempre funcionava muito bem pra idiotas do meu tipo. Na falta de uísque ou uma garota, era isso o que sobrava. Resumidamente: nunca sobrava nada. Como diria o grande Dylan, "quando você não tem nada, você não tem nada a perder", e eu já não tinha nada a perder há muito tempo, baby. Então só o que eu podia fazer era me mandar ou esperar o tempo passar. De qualquer forma ia ser uma decisão muito difícil pra ser tomada sóbrio. Era melhor juntar uma grana, tomar um bom porre e decidir de sopetão. É. Era isso o que eu devia fazer. Era isso o que eu ia fazer. Antes que os demônios aparecessem pra me buscar. Antes que eu insistisse com as idéias babacas de me matar. Antes da vida finalmente me domar. Era isso o que eu devia fazer.

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