domingo, março 29, 2009

Eu abaixo o volume da música pra poder ouvir o telefone tocar. Raramente toca, mas se toca eu corro pra ver se é você, e nunca é. Eu passo por perto do telefone e fico meio cambaleante ali do lado, esperando você ligar. Mas você não vai ligar, e eu sei disso. E eu te ligo, mas você não está. Eu nem sei se estou apaixonado por você. Muitas vezes acho que não, algumas vezes acho que sim, e estas sim são ás vezes que me matam. Tiro o telefone do gancho, coloco no ouvido e posiciono o bocal falando "alô", na esperança de ter tocado sem eu ouvir e de ser você do outro lado da linha. Mas não é, e eu não me importo. É claro que eu me importo. Ou não? Eu não sei.

Meu estomago está cada dia pior. Estou passando mal com muita frequência. Troquei os cigarros antigos por os mais fortes da mesma marca. Me soam bem melhor. Arranham a garganta e enchem o pulmão. Solto a fumaça no ar e posso ver meus pensamentos e devaneios se espalharem pelo ar. E por aí eles vão, dançando entre o céu e sumindo no ar. Talvez alguns vão para a sua direção, e talvez a grande maioria vá para lugar nenhum, ou talvez eles nem mesmo existam e fiquei só na minha cabeça atormentada, esperando o dia em que cessaram e que os restantes serão enterrados juntos comigo. E aí não vai haver mais nada pra ninguém. Nenhum pensamento sobre você, sobre o futuro, sobre o presente e sobre nada mais. E aí será o fim, minha querida. E eu estarei em algum lugar, onde não vão haver problemas, nem dinheiro ou a falta dele, nem mesmo as coisas boas ou más. Vai haver esse lugar, e eu vou estar por lá, e todos nós estaremos por lá, mas isso pode demorar dez, vinte, cinquenta ou setenta anos. Eu nunca sei. Ninguém nunca sabe, e ninguém nunca vai saber, e talvez seja muito melhor que seja assim.

Não ser como queria ser. Não ser como deveria ser. São as malditas coisas da vida, maldita frase proferida por malditos de todos os cantos. Gostaria de ser um montão de coisas e nenhuma delas. Gostaria de ser eu mesmo, numa versão melhorada e com as coisas correndo bem ao redor. Mas não é assim que funciona, e não há mesmo nenhum parâmetro para tomar. Hei de seguir em frente, tropeçando por aí, escrevendo textos ruins que não serão lidos por mais que meia-dúzia de pessoas, trabalhando em estágios medíocres, estudando bobagens inúteis pra ganhar um diploma e conseguir empregos medíocres, e assim seguir em frente, implorando por finais de semana e rechaçando qualquer possibilidade de mudança. E quando algo acontecer, bom, vai ser porque tinha de acontecer. E tudo vai acabar como começou, sem ninguém notar. E eu vou, e nós todos vamos, e outros vão vir, e vão nos esquecer, e talvez alguém lembre de nós, mas na maioria dos casos não lembrarão. E vai acabar um pouco como nos filmes hollywoodianos, com um grande FIM escrito em nossos túmulos e com um final assim não tão feliz.

sábado, março 21, 2009

o céu não nos pertence

o céu não nos pertece
quando estamos no bar
cercado de garrafas vazias
e bitucas de cigarro

o céu não nos pertence
quando estamos na rua
caídos no chão
esperando o ônibus
dormindo no metrô

o céu não nos pertence
quando estamos sem cigarro
quando estamos sem dinheiro
qaundo estamos sozinhos e entediados
pobres garotos mal amados
abandonados com suas garrafas de uísque e
latas de cerveja espalhadas pela casa

o macarrão velho na panela
o álbum branco tocando
o mundo caindo lá fora
o mundo caindo aqui dentro

escrevendo bobagens que
nunca serão lidas por ninguém
e então, finalmente sabemos que
o céu nos pertence

Estilo Moderno

Deus do céu, que dias mais entediantes aqueles! O sol batendo forte lá fora, o calor me matando aqui dentro e minha garota e meus amigos lá longe, lá de onde eu sempre quis sair e onde eu resolvi querer voltar. Mas eu não posso voltar, oh não, não mesmo. Por mais que eu queira, eu ainda estou preso nessa merda toda. Uma cidade gigante sem nada que preste. Demônios me perseguindo pelas ruas. Esses malditos bares sujos de cerveja cara e gente estranha. Acendo um cigarro e vou pra aula. Deus do céu, quanta bobagem, quanta bobagem. Jornalsitas não precisam de diploma. Mas lá vou eu. Aula após aula. É um saco. Na real. Um saco.

Ainda tenho discos, livros e seinfeld. Os dias todo vendo seriados, dormindo e acordando tarde. Fumando cigarro atrás de cigarro. Tendo terríveis dores de estomacais. Vai passar, vai passar. Passou. Mais uma cerveja. Vejo mais um episódio de Seinfeld. Que seriado genial. Me contorço de tanto rir. Não é pra tanto, mas me divirto um bocado. Passo boa parte do tempo naquela cama. Quase todo o tempo naquele quarto. Um pouco do tempo naquela maldita faculdade, na presença de dezenas de chatos e algumas poucas pessoas que valem a pena. Sou um reclamão, um preguiçoso, um crápula. Não quero ser um jornalista, quero ser Hunter Thompson! Mas sou eu mesmo, e como sempre, isso é aterrorizante pra valer.

Então eu tava lá, entrando na faculdade pra mais uma maldita aula quando alguém chama por mim. Não pelo nome, mas alguma coisa do tipo "moço, moço!". Só deduzi que era comigo depois de algum tempo que a garota estava chamando. Dificilmente alguém vai me chamar nesses lugares. Não sou tão notável a esse ponto, e nem quero ser. Mas dessa vez era comigo. A garota perguntou meu nome e minha idade, eu falei. Não entendi direito aquilo. Eu não era tão bonito ao ponto dela querer me xavecar assim, ás sete horas da noite, na principal avenida de São Paulo e logo na entrada da faculdade, com centenas de outros jovens no mínimo mais interessantes que eu (na verdade não, mas no conceito imbecil da maioria das garotas provavelmente sim). Mas é claro, ela não queria nada desse tipo. "Você ta interessado em participar dum comercial da Doritos?" "É, como assim?". "A gente está procurando pessoas com o seu estilo 'moderno' pra participar de um comercial". Foi ela citar as palavras "estilo" e "moderno" pra eu me contorcer e ter vontade de sair correndo dali o mais rápido possível. Mas tudo bem, me controlei e tentei amenizar a situação da melhor maneira. Era só fingir estar interessado, pegar o cartão que ela estava estendendo na minha frente e me mandar dali. "O cachê para figurante é de dois mil reais, e para ator principal quatro mil." Deus do céu. Dois mil reais pra ser figurante. A coisa mudava de sentido. Como um bom vagabundo que sempre sonhou em ganhar dinheiro sem fazer muito esforço eu me sentia como um abençoado. A garota me deu o cartão e as cordenadas de dia e hora para o teste. "Eu apareço lá, a gente se fala". Não deu nem cinco minutos que ela se foi e eu me esqueci de seu nome e da hora que eu devia estar lá. Mas tudo bem, no cartão há o endereço e telefone da agência e isso não deve ser um grande problema.

Subi pra aula e fui fumar um cigarro. Enquanto isso pensava em como seria ótimo ganhar dois mil reais por mês trabalhando apenas uma vez. Seria um sonho. Ou continuar fazendo o mesmo que eu sempre fiz, mas ganhando dois mil reais. "Estilo moderno". Deus do céu. Eu só peguei a primeira roupa que vi na minha frente. Estava com uma calça fedendo a cigarro a vários dias, e quase todas as minhas roupas estavam no canto do quarto reservado para a roupa suja. A diarista não aparecia há umas três semanas e eu me virava como podia. Ai de repente aparecia essa moça me dizendo que eu tinha 'estilo moderno' e dizendo que eu poderia ganhar dois mil reais pra participar do comercial de um salgadinho que eu odeio. Era bom demais para ser verdade. Mas ainda havia o teste de casting, e eu não fazia idéia de como isso funcionava, mas imagino que deve ser algo como uma entrevista, mas avaliando os seus aspectos físicos e dramatúrgicos (se é que existe isso pra um figurante de comercial de salgadinho). E bom, meu histórico em entrevistas não me deixava muito confiante quanto a isso. Até agora eram muitas entrevistas e nenhum emprego conseguido. Mas talvez a vida poderia estar sorrindo novamente. Nunca se sabe o que vai acontecer quando você virar a próxima esquina, por isso nesse mundo de 'estilo moderno' é bom estar sempre bem vestido, ou sempre embriagado.

sábado, março 07, 2009

God bless my soul

God
bless my
soul
bless my
show
bless the
rock and roll

Dear God
look for me
watch me
everyday
and especially
every night

and everytime that I
put my hands in bad stufs
punish me
with pain
with your worst poison
and let me die
and meet lucifer
that motherfucker

Lord God
book my place in heaven
with pretty women and
bottles of whisky
and cuban cigars
but if i go bad
let me go to
the hotter hell
and spend the rest of the eternity
looking for my ugly face on the mirror

and please God
if I can reborn
don't let me
be like this
again