quarta-feira, novembro 01, 2017

Halloween

Há algo em
Avenidas cheias e ônibus lotados
No corrente fluxo imparável das cidades
Que me faz pensar em minha mortalidade e
Na das pessoas que conheço, conheci
E que ainda vou conhecer.

Quando esses sentimentos 
Se apossam de mim
Gosto de olhar ao redor e
Anotar rabiscos sobre
Olhares cotidianos.

Um garoto de uns três ou quatro anos
Vestido como o homem aranha
Comenta excitado com a mãe:
"É halloween!"
E crianças batem em portas 
Em busca de doces na 
noite fria de outubro em Londres.

E novamente penso em minha mortalidade
E na de meu pai, de minha mãe, de meu irmão 
Daquela mulher e até mesmo do garotinho.

E respiro fundo, conto até três e vou pra casa e
Abro um vinho e faço o jantar
E ainda penso que um dia
Em uma página empoeirada 
Essas linhas mal formadas vão estar.

A mortalidade é só um caminho
Mais longo e confuso 
Até a eternidade.