sexta-feira, outubro 29, 2010
Talvez isso fosse mais importante que qualquer outra coisa
Abro uma das duas latas de cerveja da geladeira, coloco uma música do Paul Westerberg pra tocar e fico quieto no quarto. Acendo um cigarro na janela enquanto olho pro resto da cidade, provavelmente dormindo. Pontos de luzes dos prédios e a escuridão da noite. Penso no que a vida me reserva. Indago se a vida ainda reserva alguma coisa. Tenho vontade de sorrir, mas não sei bem porque. Então só fico quieto, bebendo cerveja devagarzinho e ouvindo uma música bonita. Uma versão de These Days do Jackson Browne, uma das músicas mais bonitas que já foram escritas. Fico ali só matutando sobre coisa alguma. Só tentando imaginar o que vai acontecer, tentando imaginar como fazer pra ser feliz, ou pra pelo menos chegar perto disso. Percebo que não sei a resposta. Acho que muita gente deve estar se fazendo a mesma pergunta agora. Quantos pobres diabos ao redor do mundo estão bebendo uma cerveja e fumando um cigarro e pensando em felicidade agora? Centenas, milhares, milhões. Creio que um monte deles. A outra metade está tendo sonhos ou pesadelos. Na maior parte pesadelos. Mas ás vezes as pessoas também tem sonhos. Ás vezes as pessoas tem sonhos bons, não é? E eu acho que pra algumas pessoas esses sonhos se realizam. É no que eu tento acreditar pelo menos. Se eu não acreditar nisso pelo menos algumas vezes nessa vida, eu não acho que vai restar muito mais o que fazer. Talvez nem tenha restado nada o que fazer, mas nós ainda estamos aqui, do mesmo jeito. As garotas estão todas por aí. Um bocado delas deve estar dormindo agora. A outra parte deve estar se agarrando com algum babaca que dirige um carrão bonito e outra parte está dividindo o colchão e roçando as pernas nas pernas de alguém. Talvez os solitários ainda estejam em vantagem. Ás vezes não ter nada a perder é a melhor forma de ganhar. Ás vezes, tudo o que vier é lucro. E se não vier nada, bom, está tudo bem também. Você ainda pode continuar abrindo latinhas e acendendo cigarros de madrugada. Ouvindo músicas bonitas que falam sobre abandono ou solidão ou, essa coisa estranha que chamam de amor. Pelo tanto que falam dessa coisa, devia ser um bocado importante. As pessoas se viciam, como uma droga, porque talvez seja mesmo uma droga. Que diabos é o amor? Inventando palavras pra sentimentos abstratos. Inventando pessoas, inventando situações, inventando qualquer coisa pra lutar. E se não tiver nada pra se lutar? É só ficar quieto olhando as luzes da cidade e pensando no resto da população e em músicas tristes? Acho que sim. Decidi parar de pensar nesse tipo de bobagem. Abri outra latinha e fui ver um filme do Sergio Leone. Era um ótimo western. Grandes filmes ajudavam a esquecer as dores. Talvez isso fosse mais importante que qualquer outra coisa.
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