quarta-feira, novembro 25, 2009

I miss something I never had.
Queria aprender a viver sem ter a sensação de estar sempre desperdiçando algo.

terça-feira, novembro 24, 2009

Sabe qual é? A verdade é que eu não tava nem um pouco a fim de voltar pra São Paulo. Eu tava numa boa lá em Londrina, mas eu sei que uma hora ou outra eu ia acabar enlouquecendo como sempre acaba quando eu acabo ficando muito tempo em um lugar (mas eu sou muito cagão pra largar todas as comodidades que eu tenho na minha vida e sair por aí como vários caras que eu realmente admiro fazem) aí por isso e por um seminário estúpido da faculdade eu tive que me meter em um ônibus ás oito da manhã quando eu tinha dormido só umas duas horas e meia até ali, e fui viajando dormindo desconfortável naquelas poltronas de ônibus com meus óculos escuros na cara tentando amenizar a luz que entrava pelas janelas. Consegui dormir na maior parte do tempo, aí eu só descia nas paradas pra fumar um cigarro e quando voltava eu pegava o livro Gutemberg Blues do Mário Bortolotto e lia alguns dos textos, que são em sua maioria muito bons. O livro é um apanhado de textos que o Bortolotto fez quando fazia freelas e tinha uma coluna pra alguns jornais de Londrina nos anos noventa, e é um bocado divertido ver que o cara detonava e que pelo menos aparentemente Londrina já teve tempos muito melhores, mas talvez isso seja só um saudosismo de quem não se dá muito bem com a sua época e fica romantizando em como seria se tivesse vivido em outra, mas dá pra saber bem que cada um é cada um em qualquer época e que provavelmente estaríamos fazendo as mesmas cagadas e lamentando as mesmas coisas independente de quando vivemos.

Aí eu cheguei aqui em São Paulo e fui pra aula, e apresentei o tal seminário e deu tudo certo. E voltei pra casa e fiz um miojo e me servi uma dose de whisky com água de coco (eu sei que isso é uma frescura, mas eu não sou do tipo que se dá muito bem com whisky puro) e fiquei ouvindo o Little Walter puxando sua gaita, num baita blues fodão, e o Robert Johnson com suas gravações chiadas em takes duplos de fantásticas músicas delta blues. O que eu mais gosto no blues, além das fantásticas letras de caras que foram largados pelas mulheres ou tomaram um porre num bar qualquer ou simplesmente não encontram um signifcado pra isso tudo, é a levada de guitarra ritmada e crescente. Eu não toco nenhum instrumento, nem entendo muito bem de nada isso, mas eu me dou muito bem ouvindo música boa, e eu sei o que me agrada, e puta que pariu, tenho certeza que essa guitarra me agrada muito. E o bom e velho Charlie cantando e tocando sua gaita ferozmente enquanto o Willie Dixon arrebenta na guitarra. Isso não é pra qualquer um, não mesmo. Dá até aquela vontade maluca e utópica de juntar uma grana, jogar umas roupas na mala e descer pro Mississipi só pra ver como é que é estar lá no meio do sul dos Estados Unidos onde nasceu a coisa toda, ou pelo menos parte dela, mas eu tenho certeza que hoje está tudo diferente e que ia ser um bocado estranho pros negões e pros caipiras sulistas confederados virem um latino-americano cabeludo e esquisito chegando lá e falando que só quer ficar um tempo e ver como eles levam a vida. Toda essa coisa de ficar sentado na varandas das casas tocando um som e bebendo um borboun feito artesanalmente em algum sítio onde os caras sabem que o Blues é o som e que o country também é algo do caralho. Não tem muita explicação pra isso. Nunca tem. É só desejo, delírio e desejo. Posso ficar horas divagando sobre meus delírios e meus desejos, e escrevendo sobre eles também, mas é óbvio que isso não interessa a ninguém, e ás vezes nem a mim mesmo. Até lá eu vou me ajeitando do jeito que eu posso, reclamando e lastimando e escrevendo, até eu conseguir juntar uma grana ou principalmente animo e inspiração pra fazer algo realmente legal e me dar bem por aí, ou pelo menos me sentir realmente bem num canto qualquer bebericando com meus amigos e falando bobagem e ouvindo blues numa boa, sem incomodar ninguém e sem ser incomodado por ninguém e nem por mim mesmo. Tomara que eu chegue lá algum dia. Tomara que todo mundo que merece chegue.
É muito duro viver as 24 horas do dia e os sete dias da semana.

segunda-feira, novembro 23, 2009

hai-kais

dia após dia,
eu vivo e morro
com a mesma rapidez.

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delírios estranhos
que no final
não passam de sonhos.

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rimas e prosas,
tudo não passou
de palavras chorosas.

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fim do mundo,
caí em um
buraco sem fundo.

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sem inspiração
me sinto como
o diabo na procissão.

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papel e caneta
o que me falta agora
pra ter sucesso com a letra?

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tenho sono, tenho fome
escrevo
e tudo some.

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sóbrio em casa,
tudo fica
mais sem graça.

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até que é uma boa
ficar quieto
sonhando à toa.
Acho que o grande problema de ficar acordado por muito tempo é que minha cabeça fica trabalhando e viajando e eu passo um tempo no escuro ouvindo música e pensando sobre as minhas não-realizações e sobre o que eu deveria fazer ou ter feito pra mudar isso ou aquilo quando eu sei que no fundo é tudo inútil e sem sentido pra toda essa maluquice que é minha vida.

Ah, que coisa é pensar nisso tudo numa madrugada vazia e delirar em POR QUE eu sou assim tão pensativo e perturbado e ridiculamente existencialista quando eu bem poderia estar fazendo algo bom de verdade - mas quando é que eu vou aprender que eu não sou um ser iluminado e um escritor beatificado? E é bem provável que nunca...

Mas afinal o que tem pra se aprender disso tudo? Po, eu acho às vezes que eu sou um cara ok e eu só queria um pouco de paz verdadeira e de arranjar uma boa garota e aprender a tocar alguma coisa, e fazer uma bandade folk rock e aí mudar pra uma fazenda e ficar lá quietinho escrevendo uns poemas sobre campos e lagos e essas coisas e de vez em quando beber com uns amigos, mas eu acho que, como diria o velho Arnaldo Baptista: "esses são só os sonhos idiotas de um homem só".
E eu fico deitado ali na cama com sono mas o sono não vem e já são três da manhã e ás seis eu tenho que levantar pra pegar o ônibus de volta pra São Paulo mas eu to tão ocupado pensando nos meus problemas, nos meus sonhos e na minha vida que eu nem consigo dormir porque minha cabeça é uma coisa perturbada e esse tipo de coisa louca qeu eu vivo repetindo. Fico com uma vontade grande de ouvir Langhorne Slim, e aí pego o mp3 e coloco na minha música favorita do novo disco dele, "Leaving My Love", que tem uma frase fantástica - "So I guess I've been leaving this town, there's only one way up and so many ways down" e eu penso em como isso se encaixa perfeitamente pra mim agora, e eu penso que talvez eu goste desse meu estilo literário meio reclamão e sonhador e banal e que bom, acho que eu tenho um estilo e quem sabe ele não seria um algo a mais? Ah eu não sei mesmo e acho que eu não posso pensar nisso por que se não já sonho com bobagens como escrever um livro e viver disso (e eu sei bem que isso não vai acontecer) e que não, eu não sou Dostoiévski nem Fante nem Kerouac e eu não sou nada além de mim mesmo, e isso não é uma coisa muito legal. Na verdade é até uma coisa meio ruim, mas talvez isso sejam só os demônios da minha cabeça que insistem em me atormentar. Mas provavelmente isso tudo é só uma grande bobagem também. Que Jack Kerouac nos abençoe, amém.

Prose poetry to Jack Kerouac

Oh mad angel who keep our dreams alive and made us happier and hopeful for some time in these lost paradises that people call earth.

Oh mad and desolated angel with your holy words who made us readers feel like angels like you when we're travelling in pages that you wrote so many years ago.

Oh mad angel that made us cry and feel excited and believers about all the words being true and things are not blue like we thought and just through you and your words we could finally see this!

Oh mad angel!

domingo, novembro 22, 2009

silent night,
hold me tight
through the hours that
pass us by.

day by day
night by night
hold me tight
through the end of the time
till' the end of my life
to the hope that
never will die.

hold me tight
lay down by my side
kiss me and love me
turn off the lights
and say goodnight.

quarta-feira, novembro 18, 2009

put the rage
deep in your soul,
while you try so hard
to find a way
to not fall apart.

the flame in heart
should never end,
the faith in love
it's such a shame.

the rage is black
and so is blue.
the rage and death
will be always through,
the life and times
of me and you

green fields that I dreamed to

in the dark and holy night
when madness came to me,
I tryed to scream
but I was mute as a tree
like a bird in a cage
with a heart full of rage
and an empty soul.

when everything that I
used to believe
disappears like
the blowin' of the wind
I sit there and get drunk for
a long and useless time,
waiting for the sun
to come again
waiting for the hand
of a good old friend
but there's nobody else around
besides the black clouds
which's always raining at me.

so I wrote
so many times
that I almost
forgot my life
and it don't saved me.
but it helped me someway
to keep walking straight
day after day,
'til my spirit run away
for the green fields
that I dreamed to.

and then I realized
things that nobody told me.
and in a quiet day
I found my own way
to set me free.

sábado, novembro 14, 2009

Esses tempos atrás eu tava no metrô indo pras aulas teóricas da auto-escola e tinha um cara sentado na minha frente lendo um exemplar do Apanhador No Campo de Centeio em inglês, com aquela clássica capa vermelha com as paradas em amarelo, e eu fiquei pensando no que o cara devia estar pensando enquanto lia toda aquela aventura sobre Holden Caulfield que todo mundo que se preze já deve ter lido pelo menos uma vez na vida. Eu penso muito nessas cosias, e é comum qualquer fato ao meu redor me despertar pra ficar viajando dentro da minha consciência doida. Então eu pensei naquele livro fabuloso e em como ele foi importante pra mim, e pensei em Salinger e em como ele ainda está lá velho e recluso em sua fazenda no Texas ou sabe Deus onde naquele sul dos Estados Unidos onde rednecks tocam baladas honky-tonk no banjo e bebem whisky caubói e falam inglês daquele jeito caipira e são durões mas também são aqueles que fazem as melhores músicas sempre ou quase sempre. Também é comum eu começar pensando em uma coisa e terminar pensando em outra que ninguém jamais imaginaria, como isso que eu fiz agora, começar falando sobre o cara do metrô e terminar com os sulistas norte-americanos e o meu fascínio pela música country.

Mas bom, voltando ao que eu estava dizendo, ou tentando dizer, eu sempre penso no Salinger e em como ele conseguiu escrever só três ou quatro livros na sua vida inteira e fazer deles obras simplesmente geniais. Eu sempre penso em como o cara captou todo aquele espírito confuso e perturbado da juventude e conseguiu por ali no papel de maneira tão perfeita. E fico triste e com raiva ao pensar no babaca do Mark Chapman que atirou no Lennon e alegou ser por causa do Apanhador No Campo de Centeio e toda aquela bobagem que esse maluco doente cristão falou pra justificar o ato de matar um gênio. Acho que no final não tem nenhuma explicação mesmo. As pessoas são malucas porque elas precisam ser, e isso ultrapassa os limites da loucura quando elas vão lá e atiram umas nas outras. Eu não ligo de existirem malucos, e acredito que todos nós somos meio doidos ou sei lá que porra passa pelas nossas cabeças doentes, mas eu também acho que a loucura pessoal é quase uma benção, quer dizer, é como uma maldição, mas através dela a gente pode talvez achar o caminho pro pote de ouro ou qualquer outra coisa que esteja escondida no final de tudo.

sexta-feira, novembro 13, 2009

Morrisey - That's How People Grow Up

I was wasting my time
Trying to fall in love
Disappointment came to me and
Booted me and bruised and hurt me

But that's how people grow up
That's how people grow up

I was wasting my time
Looking for love
Someone must look at me and
See their sunlit dream
I was wasting my time
Praying for love
For a love that never comes
From someone who does not exist

And that's how people grow up
That's how people grow up

Let me live
Before I die
No not me
Not I

I was wasting my life
Always thinking about myself
Someone on their deathbed said
There are other sorrows too

I was driving my car
I crashed and broke my spine
So yes there are things worse in life than
Never being someone's sweetie

That's how people grow up
That's how people grow up

That's how people grow up
That's how people grow up

As for me I'm okay
For now anyway

quinta-feira, novembro 12, 2009

E de repente me dá um medo (um medão assim, desses de doer a espinha e te deixar até zonzo por um tempo) e eu fico imaginando o por que do mundo ser tão louco e tão povoado e tão cheio de gente correndo por todos os lados e ocupados fazendo tantas coisas "importantes" durante todo o tempo enquanto a vida passando zun zun zun zunindo em volta, e eu fico me indagando no porque imito tanto Jack Kerouac ou quem quer que eu esteja lendo durante aquele momento (mas com Kerouac a coisa é mais séria, e me faz tão bem mas ao mesmo tempo me deixa tão chateado por me sentir um babaca imitador, mas isso não tem muita importância já que eu desisti de uma originalidade realmente verdadeira e não ache que vá chegar a lugar algum com isso tudo) e aí eu encaro que a realidade nada mais é que uma piração louca da minha cabeça (e eu vejo isso claramente quando estou bêbado, mas nunca consigo realmente exprimir aquilo tudo na minha "escrita"). E hahaha, acho tão ridícula falar "minha escrita" porque é extremamente patético reler isso depois, quando eu bem sei que "minha escrita" são só essas pirações sem sentido e uns versos medianos. Aí eu só sento, abro uma página e digito FRENÉTICAMENTE ao ponto de os dedos ficarem doendo e se moverem rápido pelo teclado (e obrigado deus por termos computadores, máquinas de escrever e todas essas coisas que facilitam a escrita) enquanto despejo meus pensamentos extremamente loucos e insanos, inconsequentes, e porque não, altamente reais e irreais ao mesmo tempo, numa viagem louca que também deve deixar perturbado quem quer que seja que tenha a paciência e a coragem necessárias pra ler uma bobagem dessas.

Ah! Que loucura é sentar em um bar sujo e sem graça só pra encher a cara com uns amigos que nem são tão seus amigos assim mas que te fazem companhia durante umas horas em que você despeja seu dinheiro ali em troca desse líquido refrescante e aditivo que é a cerveja, enquanto os garçons te conhecem pelo nome e puxam assunto sobre futebol e qualquer outra coisa que esteja em evidência naquele momento. E aí eu fico lá me sentindo uma boa pessoa porque bom, eu não estou fazendo mal a ninguém além de mim mesmo e durante um pequeno tempo me sinto realmente bem e acho que não preciso quebrar minha cabeça tentando encontrar um propósito inútil pra toda ação que eu ou o resto da humanidade faça.

E é engraçado ver que é uma grande bobagem não trabalhar, não estudar direito e não acreditar no que você faz nem achar que algo que você venha a fazer vai resultar em alguma coisa que valha a pena ás 03:36 da manhã de uma quarta pra uma quinta-feira calorosa e entediante e estou com uma pequena dor de garganta me incomodando pra valer, mas nada que me impeça de fumar e beber (apesar de saber que evitar isso por um certo tempo me deixaria novinho em folha) e divagar sozinho, completamente sozinho (Deus sabe que a solidão é uma benção e uma maldição) sobre bobagens inúteis que passam por minha cabeça perturbada numa noite tranquila como essa onde eu nem estou realmente bêbado e nem tenho o que fazer amanhã.

Mas nunca entendi direito o porque eu tenho uma necessidade quase que gritante de escrever, e escrever e partilhar devaneios completamente malucos numa página virtual (e não é realmente muito louca toda essa realidade virtual e real do século 21?) enquanto eu bem poderia estar me dedicado a fazer qualquer outra coisa, e perco o ponto do raciocínio porque no fundo o que eu queria mesmo dizer era lamentar sobre a necessidade extrema que eu sinto de terminar todo e qualquer texto ou nota com uma frase de efeito que cause algum impacto mínimo. Me sinto mal quando vejo gente falando sobre a escrita de outra pessoa e julgando aquilo como se estivesse comprando carne no açougue. Não que eu ache que as pessoas tem que gostar de tudo que leiam ou assistam, mas eu simplesmente encaro as expressões artísticas como coisas altamente pessoais e diferentes (mesmo quando imitadas, e eu falo sério!) porque cada um teve seu próprio sentimento e ninguém é obrigado e nem deve e provavelmente não irá entender esse sentimento exato que quem escreveu quis passar no papel quando quase que enlouquecia e se contorcia com os pensamentos ininterruptos de sua própria cabeça. E é assim que tudo passa girando ao nosso redor enquanto estamos preocupados com a lista do supermercado e a conta de luz e no que vamos estar fazendo nos próximo cinco anos enquanto sacrificamos cada minuto do nosso presente a troco de nada. E acho que eu não tenho muito mais o que falar além disso.

segunda-feira, novembro 09, 2009

metrô e ônibus
andando pela cidade
cidadãos anônimos.

domingo, novembro 08, 2009

“Some people never go crazy, What truly horrible lives they must live”

Charles Bukowski

quarta-feira, novembro 04, 2009

Got a box full of letters,
Think you might like to read
Some things that you might like to see,
But they're all addressed to me

Wish I had a lotta answers,
'Cause that's the way it should be
For all these questions,
Being directed at me

I just can't find the time
To write my mind
The way I want it to read

Wilco - Box Full Of Letters