Em toda superioridade física ou intelectual, há uma fatalidade, a fatalidade que parece seguir, através da história, os passos incertos dos reis. É preferível não sermos diferentes do nosso próximo. O feio, o tolo têm neste mundo a melhor sorte. Se não chegam a provar o gosto da vitória, pelo menos lhes é poupado o ressaibo das derrotas. Vivem como nós todos deveríamos viver: sossegados, indiferentes, sem preoucupações. Não causam a desgraça alheia nem são desgraçados por alheias mãos... A sua posição social e a sua riqueza, Harry, a minha inteligência, seja qual for, a minha arte, valha o que valer, a bela aparência de Dorian Gray... são dons dos deuses, pelos quais teremos os três de sofrer, sofrer horrivelmente.
Oscar Wilde - O Retrato de Dorian Gray
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