quarta-feira, setembro 26, 2007

Batida policial

Semana passada, mais especificadamente na quinta-feira eu estava lá no cursinho e assisti à primeira aula de história e agora teria duas aulas de química e não estava nem um pouco a fim de assistir, de modo que só precisaria voltar para as duas últimas aulas de artes e literatura respectivamente. Nessa o meu colega Fernando me chamou pra acompanhá-lo até um restaurante ali perto onde ele queria comer um macarrão especial e fui até lá com ele. Chegamos no lugar que é um bar famoso da cidade e conferimos o preço mas ele não estava com o dinheiro suficiente então nós fomos até um outro bar na quadra de cima que tinha como especialidade sashimi’s e peixes em geral, onde encontrei a madastra de um amigo muito gente boa e conversei um pouco com ela e então decidimos ficar por ali bebendo umas cervejas e ele pediu uma porção de lambaris e como eu não como peixe fiquei só bebendo e conversando com ele. Ele foi lá pagar a conta porque eu estava sem nada de grana e já tinha dito isso pra ele antes de sairmos do cursinho mas ele disse que não tinha problemas e que as cervejas eram por conta dele. Então ele pagou e nós saímos do bar e fomos andando até a outra quadra onde seu carro estava estacionado e nesse momento enquanto andávamos pela calçada vi o camburão da polícia militar do choque se aproximar e eles ficarem nos encarando enquanto dávamos mais um passo e eu já previa que a batida seria inevitável. Foi aí que eles desceram já apontando metralhadoras e armas pra gente e fazendo todo aquele efeito do choque só pra impressionar e falando – “Mão no camburão!” e lá fomos nós ficar com as mãos no capô quente do camburão por causa do motor e um deles chegou e nos revistou. O Fernando tinha acabado de acender o último cigarro que eu havia dado pra ele e o policial em tom estúpido falou pra jogar no chão. Depois perguntaram para o Fernando: - Onde mora? - Fernando .... de Oliveira - Eu perguntei aonde mora porra.- Ah, no Jardim ..... - Quantos anos você tem? – 18. Depois perguntou pra mim as mesmas coisas com exceção da idade e perguntou o que fazíamos na rua àquela hora. Dissemos que estávamos voltando para o cursinho e ele falou: - “Bebendo cerveja pra depois ir pra aula, bonito né”. Entraram no camburão de novo e nós saímos andando. Cheguei pela porta do carona no carro do Fernando e ele foi seguindo pela calçada, segui junto e fomos andando mas os policiais perceberam que tínhamos algo com o carro. Pararam perto da gente, nos chamaram e perguntaram: - De quem é aquele corsa branco? – É da minha mãe. O Fernando respondeu meio nervoso. – Então vamos lá dar uma olhada nele. O policial falou enquanto o motorista do camburão foi dando ré. Chegamos até a frente do carro e ele pediu as chaves ao Fernando. Abriram o carro e revistaram tudo. Porta-luvas, debaixo dos tapetes, porta-malas, embaixo dos bancos. Embaixo do banco do motorista acharam um cassetete que o Fernando levava. Perguntaram o que ele fazia com aquilo e ele deu uma desculpa esfarrapada de que tinha vindo depois de uma lavagem. Um deles pegou o cassetete e falou pro outro – Esse aqui é original hem. Falando isso bateu forte em cima do camburão deles e o barulho de metal ecoou. Depois de completa a revista tiraram nossas bolsas e começaram a revistar também. Pediram os documentos pro Fernando e a habilitação. Ficaram olhando por um tempão enquanto eu esperava de braços cruzados e meio nervoso ali do lado. Minha única preocupação era a de algum conhecido dos meus pais passar por ali e me ver levando batida da polícia. Um deles ficou nos perguntando – Eu vou achar uma ponta ai? – Não senhor. Respondemos em uníssono.O policial maldito ficou lá fazendo pressão psicológica e perguntando com gírias se não fumávamos maconha. Depois de revistar as bolsas me pediram pra guardar. Enquanto eles revistavam o carro e nossas bolsas um deles continuava com a metralhadora em nossa direção. Um deles perguntou pro outro se deviam confiscar o cassetete. O outro pensou um pouco e eles ficaram lá em tom estúpido e debochado pensando no que fazer, mas deixaram pra lá e um deles me deu o cassetete e falou para guardar. Joguei embaixo do banco e voltei para frente do carro. Eles pediram pro Fernando assinar um documento de rotina e nos dispensaram. Dei meia-volta para entrar no banco do carona e o policial que parecia ser o superior dos quatro ficou com um sorriso debochado no rosto enquanto entravamos no carro. Eles entraram na viatura e foram embora. Saímos do carro e voltamos para o bar onde o Fernando comprou uns cigarros soltos. No caminho uma senhora que morava na casa na frente de onde tínhamos sido revistados ficou conversando conosco e nos disse: - Depois de revistar vocês eles foram até o rapaz do carro branco e revistaram todinho também. – Éramos nós mesmos senhora. Voltamos para o carro e fomos fumando um cigarro no caminho. Ainda meio nervosos e meio atordoados. Já tínhamos perdido a aula de artes graças aos malditos policiais. Era uma merda levar batida, ainda mais do choque.
Voltamos pro cursinho e ficamos lá conversando com o pessoal e contando o que tinha acontecido. Entramos na última aula, de literatura e depois de uns 10 minutos o Fernando me disse que não estava com cabeça para ver aula. Eu também não estava. Então levantamos e saímos. Ele foi embora e eu fiquei esperando minha mãe e conversando com o Seu Grinauro, porteiro do cursinho. Minha mãe chegou e voltamos pra casa. Ela achando que eu tinha ficado lá assistindo as aulas, sem nem imaginar o que tinha se passado naquela noite.

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