Tenho dedicado a maior parte do meu tempo de escrita fazendo hai-kais inocentes. Não sigo a ordem métrica de 5,7 e 5 sílabas, tampouco falo muito sobre as estações. É algo mais no estilo Paulo Leminski, guardadas as devidas proporções de qualidade. Não sei nem se tenho o direito de chamá-los de hai-kai. Simplesmente escrevi pequenos versos que têm em média três linhas. Devem ter outro nome que eu não sei qual é. Mas por enquanto é isso.
cerveja e cigarros
pela noite adentro
tosses e pigarros
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músicas country
no inverno
calmo e terno
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a minha decadência
e o seu apogeu
a sua claridade
o meu breu
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a dor é assim
parece que não tem fim
mas quando passa
não parece tão ruim
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falsos moralistas
que se fodam
os intimistas
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filmes na televisão
deitado na cama
cigarro na mão
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é um mistério
sou jovem mas
me sinto velho
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cerveja na mesa
cadeira no chão
levito no ar
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um ponto de interrogação
é o que eu sou
uma questão em vão
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A noite
deitado em minha cama
pensando na morte
a vida me chama
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fim da linha
a estrada acabou
e tudo recomeça
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eu não dou a mínima
pro começo
nem pro fim
eu não dou a mínima
pra você
nem pra mim
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e o fim
é assim
um estopim
Um comentário:
arrasou no primeiro.
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