Tinha acordado cedo naquele dia. Umas sete da manhã com uma ressaca leve. Tinha embalado numa bebedeira e papos de futebol com uns colegas da faculdade na noite anterior. Não me sentia tão mal, mas ressacas eram sempre ressacas. Me levantei e tomei alguns copos de água. Senti fome. Coloquei dois casacos por cima da camisa do pijama e calcei chinelos. Fazia bastante frio na rua. Parecia que ás 7 da manhã o frio era pior do que em qualquer outro horário. Nunca entendi muito sobre temperaturas e sobre acordar cedo.
Caminhei até a padaria que ficava bem perto de casa, na principal avenida de São Paulo. Pessoas tomavam seus cafés da manhã. Mulheres feias de cabelos esquisitos e roupas formais compravam pães de queijo, pães com salsichas e pães de todas as formas. Homens estranhos tomavam cafés ferventes e liam jornais gratuitos de baixa qualidade. Eu tinha uma nota de dois reais na mão e só queria comprar alguns pães francês. Comprei quatro e voltei pra casa. Comi dois pães e tomei dois copos de leite com chocolate. Quem não agüenta bebe leite. Voltei para o quarto e comecei a ler um livro do velho Buk. Li um montão de páginas numa sentada. Fui até a geladeira e peguei um gatorade. Continuei a ler o livro do Buk. Livro de contos. Belo livro. Parei de ler e fui ouvir o Abbey Road dos Beatles. Belo disco. Grilos cricavam lá fora a plena luz do dia. Senti fome, mas ainda eram onze e meia da manhã. Ninguém almoçava antes do meio dia. Era uma espécie de regra da sociedade. Decidi esperar para almoçar. Continuei ouvindo o Abbey Road. Belo disco.
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