quarta-feira, julho 28, 2010

antes que fosse tarde demais pra nunca mais chorar

E eu chorei por não ser Jack Kerouac, por não ser John Fante, por não ser Lou Reed. Chorei por ser eu mesmo, por não ser ninguém importante, por não fazer nada importante, por não ser interessante. Eu chorei por todos os sofredores e todos os santos do mundo. Eu chorei por acreditar em verdades superiores e em espaços cósmicos. Chorei por baladas country e lamentos de blues. Chorei todas as vezes em que pensei nas garotas que não tive e nos porres que tomei. Chorei pensando no meu emprego de merda, em pegar o ônibus, em andar na rua. Chorei porque eu gostava de ser quem eu era e por as pessoas não gostarem assim também. Chorei por me importar com coisas estúpidas e por não me importar com várias outras. Chorei porque o mundo era cruel e nós todos eramos egoístas e cretinos o suficiente pra não ligar muito pra qualquer outra coisa que não fossemos nós mesmos. Chorei porque eu sabia que nada disso valia a pena. Porque eu sabia que o inferno não existia, e se o inferno não existia o céu também não existia, e nada fazia nenhum sentido. Chorei por nada fazer sentido, chorei por existir. Chorei porque eu simplesmente achei que fosse ser melhor assim. Porque eu era uma má pessoa e eu tinha sido uma má pessoa durante muito tempo. Chorei por não ter acreditado em muitas coisas. Chorei por meus livros, por meus discos, por meus filmes. Chorei por Arturo Bandini, por Sal Paradise, por Henry Chinaski e por mim mesmo. Chorei porque era a única coisa a se fazer. Chorei porque era a última coisa a se fazer. Chorei antes que fosse tarde demais pra nunca mais chorar.

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