domingo, julho 04, 2010

E as pessoas aí fora estão morrendo em todos os cantos do mundo, atropeladas por um carro ou tendo câncer ou se suicidando e me dói pra caralho pensar em como a grande maioria delas vai embora daqui sem ser ouvida por dez pobres segundos tão importantes pra dizer uma frase bonita ou uma consideração sobre tudo o que aconteceu. E seria tão belo se todos nós pudessemos dizer uma última frase, não é? Mas a gente não pode. E as pessoas vão embora, vão embora assim sem aviso prévio e seus filhos e amigos choram por elas, e o tempo passa e cura um pouco a dor e os filhos tem filhos e então os filhos também morrem e os netos choram e assim em diante, e eles ficam por um tempo em fotografias antigas e pensamentos e talvez alguém ainda lembre delas de vez em quando e fale algo do tipo "mas olha só, lembra o que o meu grande avô costumava dizer sobre isso e..." todas essas coisas. Mas no final, isso também vai passar, e aí, só quem vai ser lembrado são caras de grande magnitude como Hitchcock, Saroyan ou Mick Jagger. E as pessoas vão estar em seus paraísos eternos sabatinadas e iluminadas definitivamente porque tudo isso vai ter passado. Todo esse sofrimento, todas essas mentiras. No final não somos nada além de comida de verme. Não era isso que aquele personagem do Robin Willians falava em "A sociedade dos poetas mortos"? Talvez seja só isso. Talvez só os poetas mortos importem. As pessoas nunca se esquecerão de Shakespeare ou Lou Reed. Mas se esquecerão de mim, de você e de nossos país e avôs. E talvez ninguém nunca mais leia essas bobagens que a gente escreve ou ligue pras conversas que a gente teve ou pros bares que a gente bebeu. A gente vai ser esquecido junto com todo o resto, e logo mais vamos estar no paraíso como todos eles. E vamos estar felizes. Vamos estar muito felizes & iluminados. E nada mais vai nos fazer sofrer. E nada mais disso vai importar. E talvez é assim que as coisas vão acabar. Espero que sim.

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