quinta-feira, novembro 12, 2009

E de repente me dá um medo (um medão assim, desses de doer a espinha e te deixar até zonzo por um tempo) e eu fico imaginando o por que do mundo ser tão louco e tão povoado e tão cheio de gente correndo por todos os lados e ocupados fazendo tantas coisas "importantes" durante todo o tempo enquanto a vida passando zun zun zun zunindo em volta, e eu fico me indagando no porque imito tanto Jack Kerouac ou quem quer que eu esteja lendo durante aquele momento (mas com Kerouac a coisa é mais séria, e me faz tão bem mas ao mesmo tempo me deixa tão chateado por me sentir um babaca imitador, mas isso não tem muita importância já que eu desisti de uma originalidade realmente verdadeira e não ache que vá chegar a lugar algum com isso tudo) e aí eu encaro que a realidade nada mais é que uma piração louca da minha cabeça (e eu vejo isso claramente quando estou bêbado, mas nunca consigo realmente exprimir aquilo tudo na minha "escrita"). E hahaha, acho tão ridícula falar "minha escrita" porque é extremamente patético reler isso depois, quando eu bem sei que "minha escrita" são só essas pirações sem sentido e uns versos medianos. Aí eu só sento, abro uma página e digito FRENÉTICAMENTE ao ponto de os dedos ficarem doendo e se moverem rápido pelo teclado (e obrigado deus por termos computadores, máquinas de escrever e todas essas coisas que facilitam a escrita) enquanto despejo meus pensamentos extremamente loucos e insanos, inconsequentes, e porque não, altamente reais e irreais ao mesmo tempo, numa viagem louca que também deve deixar perturbado quem quer que seja que tenha a paciência e a coragem necessárias pra ler uma bobagem dessas.

Ah! Que loucura é sentar em um bar sujo e sem graça só pra encher a cara com uns amigos que nem são tão seus amigos assim mas que te fazem companhia durante umas horas em que você despeja seu dinheiro ali em troca desse líquido refrescante e aditivo que é a cerveja, enquanto os garçons te conhecem pelo nome e puxam assunto sobre futebol e qualquer outra coisa que esteja em evidência naquele momento. E aí eu fico lá me sentindo uma boa pessoa porque bom, eu não estou fazendo mal a ninguém além de mim mesmo e durante um pequeno tempo me sinto realmente bem e acho que não preciso quebrar minha cabeça tentando encontrar um propósito inútil pra toda ação que eu ou o resto da humanidade faça.

E é engraçado ver que é uma grande bobagem não trabalhar, não estudar direito e não acreditar no que você faz nem achar que algo que você venha a fazer vai resultar em alguma coisa que valha a pena ás 03:36 da manhã de uma quarta pra uma quinta-feira calorosa e entediante e estou com uma pequena dor de garganta me incomodando pra valer, mas nada que me impeça de fumar e beber (apesar de saber que evitar isso por um certo tempo me deixaria novinho em folha) e divagar sozinho, completamente sozinho (Deus sabe que a solidão é uma benção e uma maldição) sobre bobagens inúteis que passam por minha cabeça perturbada numa noite tranquila como essa onde eu nem estou realmente bêbado e nem tenho o que fazer amanhã.

Mas nunca entendi direito o porque eu tenho uma necessidade quase que gritante de escrever, e escrever e partilhar devaneios completamente malucos numa página virtual (e não é realmente muito louca toda essa realidade virtual e real do século 21?) enquanto eu bem poderia estar me dedicado a fazer qualquer outra coisa, e perco o ponto do raciocínio porque no fundo o que eu queria mesmo dizer era lamentar sobre a necessidade extrema que eu sinto de terminar todo e qualquer texto ou nota com uma frase de efeito que cause algum impacto mínimo. Me sinto mal quando vejo gente falando sobre a escrita de outra pessoa e julgando aquilo como se estivesse comprando carne no açougue. Não que eu ache que as pessoas tem que gostar de tudo que leiam ou assistam, mas eu simplesmente encaro as expressões artísticas como coisas altamente pessoais e diferentes (mesmo quando imitadas, e eu falo sério!) porque cada um teve seu próprio sentimento e ninguém é obrigado e nem deve e provavelmente não irá entender esse sentimento exato que quem escreveu quis passar no papel quando quase que enlouquecia e se contorcia com os pensamentos ininterruptos de sua própria cabeça. E é assim que tudo passa girando ao nosso redor enquanto estamos preocupados com a lista do supermercado e a conta de luz e no que vamos estar fazendo nos próximo cinco anos enquanto sacrificamos cada minuto do nosso presente a troco de nada. E acho que eu não tenho muito mais o que falar além disso.

Um comentário:

Camila disse...

Eu também sou uma boa imitadora (do Kerouac também), mas acho que uma hora ou outra nós teremos nossos próprios estilos, Gabs.

Esse texto está demais. Verdadeiro e em prosa, do jeito que você faz melhor.