Esses tempos atrás eu tava no metrô indo pras aulas teóricas da auto-escola e tinha um cara sentado na minha frente lendo um exemplar do Apanhador No Campo de Centeio em inglês, com aquela clássica capa vermelha com as paradas em amarelo, e eu fiquei pensando no que o cara devia estar pensando enquanto lia toda aquela aventura sobre Holden Caulfield que todo mundo que se preze já deve ter lido pelo menos uma vez na vida. Eu penso muito nessas cosias, e é comum qualquer fato ao meu redor me despertar pra ficar viajando dentro da minha consciência doida. Então eu pensei naquele livro fabuloso e em como ele foi importante pra mim, e pensei em Salinger e em como ele ainda está lá velho e recluso em sua fazenda no Texas ou sabe Deus onde naquele sul dos Estados Unidos onde rednecks tocam baladas honky-tonk no banjo e bebem whisky caubói e falam inglês daquele jeito caipira e são durões mas também são aqueles que fazem as melhores músicas sempre ou quase sempre. Também é comum eu começar pensando em uma coisa e terminar pensando em outra que ninguém jamais imaginaria, como isso que eu fiz agora, começar falando sobre o cara do metrô e terminar com os sulistas norte-americanos e o meu fascínio pela música country.
Mas bom, voltando ao que eu estava dizendo, ou tentando dizer, eu sempre penso no Salinger e em como ele conseguiu escrever só três ou quatro livros na sua vida inteira e fazer deles obras simplesmente geniais. Eu sempre penso em como o cara captou todo aquele espírito confuso e perturbado da juventude e conseguiu por ali no papel de maneira tão perfeita. E fico triste e com raiva ao pensar no babaca do Mark Chapman que atirou no Lennon e alegou ser por causa do Apanhador No Campo de Centeio e toda aquela bobagem que esse maluco doente cristão falou pra justificar o ato de matar um gênio. Acho que no final não tem nenhuma explicação mesmo. As pessoas são malucas porque elas precisam ser, e isso ultrapassa os limites da loucura quando elas vão lá e atiram umas nas outras. Eu não ligo de existirem malucos, e acredito que todos nós somos meio doidos ou sei lá que porra passa pelas nossas cabeças doentes, mas eu também acho que a loucura pessoal é quase uma benção, quer dizer, é como uma maldição, mas através dela a gente pode talvez achar o caminho pro pote de ouro ou qualquer outra coisa que esteja escondida no final de tudo.
Um comentário:
Puta meeeeeeeeerda, Gabriel!
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