Lembro daquilo tudo que me diziam quando eu reclamava da vida tendo apenas 16, 17 anos. Não que agora eu tenha muito mais que isso, mas de certa forma as consequencias da vida já começam a pesar e a cobrar a conta por uma adolescencia de irresponsabilidades juvenis. Lembro que sair a noite em dias frios, com um ou dois casacos e respirar aquele ar peculiar de uma noite de inverno, sentindo as narinas esfriarem e UAU, aquilo era demais! Toda aquela paixão e todo aquele sentimento de novidade e de que - algo ainda havia pra acontecer e seria algo bom e algo incrível e todos nós (eu e aqueles que me cercavam) estavamos destinados a uma grande parcela de coisas boas - e sinto falta de toda essa esperança bonita e inocente. Lembro das primeiras vezes que andei em São Paulo, assustado e impressionado como um garoto caipira que acaba de chegar na maior cidade da américa do sul (que era o que eu realmente era), e DEUS DO CÉU, como aquilo era excitante e aterrorizante ao mesmo tempo, mas não aterrorizante de uma maneira ruim e sim de uma maneira muito peculiar e até mesmo prazerosa, como aquela que eu tive quando assisti O bebê de Rosemary a primeira vez. Mesmo sabendo que era só um filme havia algo que me excitava e me amedrontava ali e bom, eu sabia que era algo genial acontecendo, e foi exatamente a mesma coisa ao andar pelas ruas da cidade pela primeira vez. Agora aquilo tudo se foi, eu conheço algumas ruas decor e salteado e tenho que cruzá-las todos os dias para ir e voltar de determinados lugares onde eu preferia não ter que ir.
Mas não é dia para dramalhões e sim para boas lembranças e bons sentimentos em relações a diversas coisas e OLHE SÓ tudo isso a nossa volta. Lembro também da primeira vez que li on the road e puta que pariu, aquilo realmente MEXEU comigo de uma forma única e eu achei que talvez, com meus dezesseis anos, pudesse sair por aí desafiando meus pais e minhas obrigações presentes e futuras (das quais eu não consegui fugir) pra viver uma vida real e bela que eu havia presenciado naquelas páginas. A mesma coisa com o primeiro disco dos Ramones e a sensação de que - Havia algo a ser feito, e poderia ser feito por mim, porque não? - e é por isso que estou aqui escrevendo e rezando para um Deus pessoal e clamando em voz baixa para que tudo aquilo volte e voltem os calafrios e frios na barriga e todo aquele sentimento de novo e assustador e aí então, OH CÉUS, aí então eu possa conseguir uma boa história e seguir meu próprio caminho onde as coisas vão se encaixar e vai haver uma boa garota e os velhos e bons amigos rodeados de garrafas de bebida e cigarros e histórias pra contar e poemas pra ler, e aí estaremos TODOS JUNTOS DE NOVO e seremos como os personagens dos livros de Kerouac, ou talvez, quem sabe, personagens de nossos PRÓPRIOS livros e eu penso o quão fantástico isso seria e apago as luzes e me preparo pra dormir com a esperança de que alguma coisa dessa aconteça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário