quinta-feira, novembro 27, 2008

Aquele monte de roupas sujas se acumulando no canto do quarto. Aquelas antigas roupas castigadas saindo do armário. Mas não importa muito. Chega uma hora em que a aparencia é só um mero detalhe na sua vida. Não que eu seja um desleixado, mas só não consigo mais me preocupar tanto com esse tipo de coisas. Não acho que isso vá mudar grandes coisas na minha vida. Não acho que muita coisa vai.

Tom Waits tocando. Letras lindas e tão geniais que fazem meus pensamentos voarem por aí como bolhas de sabão que eu soprava na minha infância. Troço divertido aquele, aliás. Algumas das melhores coisas da infância estão em coisas pequenas como essa.

Está caindo a ficha. Quando eu penso que não estou bem em um lugar, aí venho pra SP e também não estou bem aqui. Não estou bem em lugar nenhum em que eu conheça e tenha que conviver com um certo número de pessoas. Não sei que tipo de fobia social eu tenho, mas estava refletindo que prefiro uma certa distancia e reclusão especiais de todo mundo. Não todo mundo, no geral, mas da maioria das pessoas. E agora eu vou pra Buenos Aires. Está caindo a ficha. Isso é ótimo, eu acho. Estou com medo, vou sozinho, não conheço essas ruas e sou preguiçoso o suficiente pra não ter pesquisado muita coisa no universo de informações que a internet oferece. Mas lá vou eu, de mochila nas costas pegando aquele voo e saindo do país pela primeira vez de verdade, já que na única vez em que eu cruzei as fronteiras brasileiras até hoje foi pra ir ao Paraguai comprar uísque e porcarias eletrônicas com meu pai.

Mas agora eu vou, e bom, se querem mesmo saber (e acho que nem querem, mas vou dizer mesmo assim) estou moderadamente animado com a ótima possibilidade de poder andar por umas ruas desconhecidas com gente que eu nunca vi antes e que provavelmente nunca vou ver novamente, parar no primeiro bar que eu achar e beber umas cervejas diferentes ouvindo conversas de uma língua que eu não entendo é nada. Do caralho. Acho que é isso. Não acho mais nada. Lá vou eu. Lá vou eu. É agora ou nunca. Cortando o cordão umbilical que me liga com todas essas coisas e lugares que já estou acostumado. Me aventurando por aí. Que Deus me proteja e que o Diabo me carregue.

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