sábado, novembro 29, 2008

Deus do céu, uma baita gripe, uma daquelas gripes terríveis. Nenhum dinheiro na carteira, conta negativa no banco, o dinheiro de plástico me salvando. O celular que eu esqueci na casa da minha mãe não me faz falta nenhuma. Odeio essas coisas que tocam e fazem barulho e te enchem o saco de todas essas maneiras. Meu quarto, minha casa, meus filmes e meu livro favorito na original e pizza e todas essas coisas italianas. E cigarro pra não acabar, pois eu sei e todos os fumantes sabem o quanto é desesperador ficar sem cigarro. E o vento frio lá fora, e as roupas sujas ali no canto me encarando, e o gás do fogão acabou e ninguém trocou. Mas não há dinheiro pra trocar e não muito o que se fazer nesse caso. Comprando fast-food ou coisas que possam ser feitas no microondas.


Meu nariz está trancado, as pilhas de papel amassado e usado se amontoando no canto da mesa. Revirando madrugadas escrevendo e não escrevendo nada que valha a pena com bitucas de cigarro e copos usados. Já vi esse filme antes. Centenas de vezes. Estou enjoado deste roteiro. Mas gosto dele. Eu sou o diretor. Eu sou o ator principal. Eu sou o coadjuvante. Eu sou eu, o maior de todos! Eu sou um grande escritor. Um grande jornalista. Um grande merda qualquer. Eu não sou nada. Nada além de um jovem sonhador que a cada dia fica mais velho. Nada além de um jovem que tem seu livro favorito e pizza e cigarros e um bom tempo sozinho em seu quarto numa noite fria. Um jovem resfriado de nariz trancado e filmes atrás de filmes sendo assistidos e aqueles grandes diretores todos me inspirando e me acabando. E as músicas, e mais músicas, e notas e acordes e belas letras que moldam minha vida e oh! Todas essas coisas e mais um pouco.

Escreva. Escreva. Escreva. Cartas, notas, poemas, prosas e qualquer coisa. Leia e escreva e ronde a biblioteca buscando grandes livros pois são eles os que mais te importam, e como ele também sonhou, você também pode sonhar, e seu nome estará ali algum dia, ah se estará! Seu nome há de estar entre os nomes daqueles todos. Ou tudo isso não passa de um delírio. Um maravilhoso e prazeroso delírio. Um grande delírio de um grande escritor. E mais um grande conto para a sua coleção. E mais um prêmio para a sua estante. E grandes coisas que talvez nunca aconteçam. Mas não importa o que aconteça o céu sempre estará lá em cima e a grande lua e as estrelas brilharão até o fim de seus dias.

quinta-feira, novembro 27, 2008

Aquele monte de roupas sujas se acumulando no canto do quarto. Aquelas antigas roupas castigadas saindo do armário. Mas não importa muito. Chega uma hora em que a aparencia é só um mero detalhe na sua vida. Não que eu seja um desleixado, mas só não consigo mais me preocupar tanto com esse tipo de coisas. Não acho que isso vá mudar grandes coisas na minha vida. Não acho que muita coisa vai.

Tom Waits tocando. Letras lindas e tão geniais que fazem meus pensamentos voarem por aí como bolhas de sabão que eu soprava na minha infância. Troço divertido aquele, aliás. Algumas das melhores coisas da infância estão em coisas pequenas como essa.

Está caindo a ficha. Quando eu penso que não estou bem em um lugar, aí venho pra SP e também não estou bem aqui. Não estou bem em lugar nenhum em que eu conheça e tenha que conviver com um certo número de pessoas. Não sei que tipo de fobia social eu tenho, mas estava refletindo que prefiro uma certa distancia e reclusão especiais de todo mundo. Não todo mundo, no geral, mas da maioria das pessoas. E agora eu vou pra Buenos Aires. Está caindo a ficha. Isso é ótimo, eu acho. Estou com medo, vou sozinho, não conheço essas ruas e sou preguiçoso o suficiente pra não ter pesquisado muita coisa no universo de informações que a internet oferece. Mas lá vou eu, de mochila nas costas pegando aquele voo e saindo do país pela primeira vez de verdade, já que na única vez em que eu cruzei as fronteiras brasileiras até hoje foi pra ir ao Paraguai comprar uísque e porcarias eletrônicas com meu pai.

Mas agora eu vou, e bom, se querem mesmo saber (e acho que nem querem, mas vou dizer mesmo assim) estou moderadamente animado com a ótima possibilidade de poder andar por umas ruas desconhecidas com gente que eu nunca vi antes e que provavelmente nunca vou ver novamente, parar no primeiro bar que eu achar e beber umas cervejas diferentes ouvindo conversas de uma língua que eu não entendo é nada. Do caralho. Acho que é isso. Não acho mais nada. Lá vou eu. Lá vou eu. É agora ou nunca. Cortando o cordão umbilical que me liga com todas essas coisas e lugares que já estou acostumado. Me aventurando por aí. Que Deus me proteja e que o Diabo me carregue.

sexta-feira, novembro 21, 2008

Eu

Eu
já estou cansado
de todas essas coisas
desse mundo exacerbado

do inalcançável fim dos tempos
do misterioso começo do mundo
dos malditos poetas
dos milhares patetas

Eu
estou esperando
a salvação ou
a total perdição

e quando tudo acabar
vou me sentar e escrever
o que sobrar pra contar
Nos dias de hoje não vale a pena se estender muito em quase nada.

Até que as palavras cessem e as linhas acabem

É engraçado né. Esse pessoal todo querendo fazer tipo com outro pessoal todo que também quer fazer tipo, enquanto isso as poucas pessoas que não querem nada com nada ficam perdidas no meio da merda toda. Tipo cegos num tiroteio. E é foda, ás vezes é foda até mesmo achar um bar tranquilo pra beber. Ás vezes é foda até achar vontade de beber, e se é pra não beber, é foda ter força de vontade pra parar de vez.

Quando tudo esta bom demais você tem que se preocupar. Quando tudo esta ruim demais você tem que se preocupar. Quando não há nada com o que se preocupar você tem que se preocupar mais ainda. E quando não há vontade pra se preocupar com nada, provavelmente quer dizer que tudo já foi pra merda e você se fodeu mesmo. Mas não faz mal. Nunca faz.

Vontade de reclamar de tudo. Vontade de reclamar de nada. Vontade de beber até cair, de fumar até não ter mais ar, e de dormir como se o dia fosse acabar amanhã. Vontade de me internar em algum lugar. De ir morar numa montanha levando só um bocado de livros e umas garrafas de vinho. Vontade de fazer tanta coisa e vontade de não fazer nada. É sempre a mesma coisa. SEMPRE a mesma coisa. Até que as palavras cessem e as linhas acabem.
Acho que eu só continuo indo em frente porque ainda é muito cedo pra desistir de qualquer coisa.

terça-feira, novembro 18, 2008

- E aí meu, quanto tempo pra enfiarem uma bala na cabeça do Obama?

- Eu sei lá. Respondi secamente, tentando fugir daquela pergunta imbecil sobre o mais imbecil de todos os assuntos a serem discutidos em um bar.

- Mas falando sério, cê não acha que ele vai ser tipo o Kennedy?

- É, talvez. Pra mim não importa muito se ele é o primeiro negro, primeiro azul, primeiro amarelo ou o que for. Só espero que ele não foda com o mundo, e não foda com a gente.
Me irrita não poder fumar a qualquer hora. Me irrita não ter muito o que fazer numa segunda-feira. Nunca há nada pra fazer numa segunda-feira. Me irrita não ter um filme pra assistir. Me irrita não ter pra onde ir. Me irrita não ter com quem falar. Me irrita ver pessoas que pensam que sabem tudo sobre a vida. Um monte de coisas me irritam. Não é culpa do lugar, das pessoas e nem de nada assim. É coisa minha mesmo. Nunca fiquei muito satisfeito com as coisas e nunca tive grande força de vontade pra mudar. Só to cansado dos mesmos lugares . Se é pra reclamar, pra chorar, pra encher a cara ou pra fazer qualquer coisa que seja em outro lugar. É por isso que eu tenho esperado esse final de ano.

Gosto de viajar. Não da viajem em si, daquela encheção de saco toda que rola durante o trajeto, mas sim de estar em outro lugar. Andar por umas ruas desconhecidas e ver umas pessoas diferentes. Sentar sozinho num balcão de bar e tomar uma cerva olhando pro nada. Isso faz bem pra caralho. Acho que eu deveria passar meu tempo andando por esses lugares que eu não conheço. Mas é claro que eu não tenho corajem pra fazer isso. Não tenho corajem pra fazer muitas coisas que não sejam as mesmas de sempre. Sou o típico acomodado e reclamão, e felizmente isso não afeta a muitas pessoas além de eu mesmo.

Odeio ver essas garotas que já acabaram comigo de todas as formas possíveis. Elas me olham com aquele olhar misto de piedade e curiosidade de saber o que eu estou fazendo longe dali. Algumas devem pensar que continuo a mesma merda de sempre, o que de certo modo não deixa de ser verdade. Outras devem pensar que estou me dando bem, ou eu sei lá o que. No final todo mundo sabe que não muda nada. Odeio esse povo que vai pra outro lugar e acha que ganhou muita coisa com isso. É, acredito que seja do caralho conhecer outros lugares, outras pessoas e outras coisas, sou um grande adepto disso, mas não consigo ver isso como um grande trunfo sobre alguem que ficou no mesmo lugar há muito tempo.

Eu realmente não sei como meus fraquissimos textos que começam de uma forma terminam de outra totalmente diferente do que eu imaginei. Acho que esse método de abrir uma página em branco e deixar fluir não é dos mais interessantes. Acaba saindo um monte de besteiras que estão passando pela minha cabeça naquela hora. Talvez seria mais interessante pegar algum fato e descrever, mas não consigo pensar em grandes fatos da minha vida que mereçam ser descritos. E talvez eu nem tenha o talento necessário pra fazer isso com alguma qualidade. Afinal, nos dias de hoje qualquer idiota que se julgue alguem interessante é escritor ou poeta em potencial.

segunda-feira, novembro 17, 2008

Viajens, bebedeiras e ressacas.

Mais uma viajem de ônibus. Não gosto de viajar nesses troços, você passa a maior parte do tempo sentado com uma pessoa que nunca viu do teu lado, com todos aqueles desconhecidos dormindo e fungando e roncando e as luzes acabadas e você ouvindo seu mp3 e pensando em chegar logo pra tua cidade natal, mas parece que nunca chega. Aí você consegue dormir um pouco, bem pouco, parece que foram quinze minutos. Olhando o relógio, foram quase duas horas. Volta a dormir, um tempo depois tem a parada numa lanchonete de beira de estrada. Os estranhos se mexem, acordam, sussurram e vão saindo um a um, enquanto uns poucos cansados ainda continuam dormindo inertes. Saio com os olhos semi-cerrados, a luz machuca a vista, só sei que preciso fumar, preciso fumar. Chego até um canto e acendo o cigarro. Alguém me chama, uma amiga da cidade. Sempre encontro alguém indo ou voltando pra algum lugar nessas paradas. O mundo é mesmo um lugar pequeno, ou pelo menos os lugares que eu vou são sempre os mesmos. Uma conversa aqui, outra ali, me despeço e volto pro ônibus. A viajem está na metade, já estou de saco cheio. Bob Dylan, Ira!, Ryan Adams e Bob Dylan novamente. Continua tudo escuro. O ônibus chacoalhando. Preciso ir mijar. Preciso mijar todas as horas em que estou nessas caixas escuras balançantes e lotadas de gente. Vou até o tal banheiro. É apertado e balança um bocado. Vai de qualquer jeito mesmo, que se foda. Volto pra poltrona. A viajem nunca acaba. E são só seis horas e meia, que mais parecem doze. E então no tempo previsto chegamos. As luzes se acendem, todos descem, todos querem pegar suas bagagens (o que demora um tempo de encher o saco), e então todos pegam suas coisas e saem vagando por aquela rodoviária bonita e estranha de Londrina. A rodoviária mais bonita do país, ou uma delas, um projeto de Niemayer que ele nem se lembra de ter feito. Um projeto do escritório de Nyemayer, que seja, não me importa. Espero vir me buscarem com mais um cigarro.

Um tempo de sono de verdade, na cama e tudo mais. Sábado é dia de encher a cara. Em todo e qualquer lugar que estiver, sábado vai sempre ser o dia de encher a cara. Pra casa de um grande amigo. Uma cerveja. Outra. E outra. E mais outra. E de lá pra uma saga interminável dentro do carro. Odeio passar muito tempo dentro de um carro ou de qualquer coisa que se locomova. Encontramos um lugar pra ir. Uma festa na casa de um cara aí. Cara gente boa, festa relativamente legal. Cerveja e gin, e cerveja e cerveja e gin e gin. E logo bem vindo, você esta bêbado de novo. De lá pra um bar. Encontro alguns amigos, outros desconhecidos, todos em uma mesa, falando sobre livros e problemas e soluções acadêmicas e traduções e dissertações e TCCs e teses de mestrado e tantas outras coisas que não acrescentam grande coisa. O tipo de coisa que é a mais chata de se falar. Pretensões profissionais, pretensões pessoais, todos os tipos de pretensões e coisas que ainda não aconteceram e todas essas porcarias que fazem as pessoas perderem seu tempo pensando no que está por vir ao invés de viver o que está ali. E a conversa vai pra outro rumo, e cinema, e futebol, e viajem, e música e um monte de outras coisas. Conversa boa então, divertida, até interessante. O suficiente pra acompanhar cerveja, atrás de cerveja. Sem conversas acadêmicas, sem conversas profissionais, sem grandes chateações. E logo são seis horas da manhã, e você conseguiu, passou a noite bebendo e obviamente ficou bêbado, e vai pra casa comer qualquer coisa que restou na geladeira. E vai tentar dormir, com as paredes girando na tua volta. Aí se arrasta até o banheiro, pra ficar deitado no azulejo frio contemplando o próprio reflexo na água da privada, até esperar a coisa vir e então soltar tudo lá, fazendo aquele barulho escatológico e regurgitando tudo o que sobrou no teu estomago. No dia seguinte haveria uma grande ressaca, e você sabia disso e sentia uma pontada de arrependimento pela bebedeira, mas agora não tinha muito que fazer.

quinta-feira, novembro 13, 2008

Como o tudo e como o nada

Não sou nenhuma espécie de psicólogo de ninguém, nenhuma espécie de antropólogo de nada e nem nenhum pesquisador de coisa alguma. Não gosto desses tipos, no geral. Eles pensam que podem avaliar a alma das pessoas como se fossem pedaços de carne pendurados no açougue. Eles pensam que estão fazendo um grande bem para a humanidade classificando-a como este ou aquele protótipo de gente. Não acho que todos sejam ruins, e nem devo achar isso, só não posso concordar com seus métodos de avaliação. Não me julgo alguém que pode definir o que outra pessoa sente ou faz, e não suporto que façam isso comigo.

Não faça com os outros o que não quer que façam com você. Alguém disse isso, Jesus talvez, eu não sei, nunca fui de ler muito a bíblia, apesar de ter tido uma educação católica quando criança. Só lembro que minha mãe e meu pai me diziam isso. Acho que devo concordar. Não quero que as pessoas metam seus dedos sujos em minha cara para dizer absurdos sobre o que elas pensam saber de mim, e não quero fazer isso com elas também. Não acho que eu deva me preocupar com o que cada um faz de sua vida. Só saber o que estou fazendo com a minha já está de bom tamanho. E esta tem sido uma tarefa dificílima.

O cinema tem sido minha grande saída para os mais diversos problemas. O cinema é uma terapia, uma manifestação de diversas coisas, uma expressão de sentimentos magnífica, uma arte. Federico Fellini e seu 8 e ½. A doce vida, que não é nada doce. As noites de Cabíria. Oh, adorável Cabíria. Estou apaixonado por você. Uma garota sofredora e ingênua e de uma alma tão bela. E meus caros Marcelo e Guido, brilhantemente interpretados por Marcelo Mastroanni, não há como não dizer que não me identifiquei com vocês. Teve vezes que me vi ali, descrito naquela tela. Acho que era isso que eu procurava. É tudo o que eu procuro. Uma xícara de café pra espantar a solidão. Maços de cigarro fumados em vão. A fumaça entrando fundo pela garganta até o pulmão, depois se espalhando pelo ar como pensamentos perdidos ao léu. Pensamentos que vem e vão todos os dias em todos os lugares.

A janela, meu lugar favorito. Não há nada como pensar na vida olhando para a janela numa madrugada, com o cigarro entre os dedos, e a fumaça subindo e se dissipando pela cidade que nunca dorme. E todas as luzes apagadas e umas poucas acesas só pra me deixar curioso sobre o que está acontecendo naquele lugar. Ás vezes é só alguém que tem medo de escuro. Tive medo do escuro por muito tempo. Ás vezes ainda acho que tenho, mas isso não tem tanta importância, já que não tenho um abajur e nas poucas vezes que tentei dormir de luz acesa tive que me levantar durante o sono para apagá-la pois não conseguia realmente pegar no sono. O verdadeiro sono. Leve e sublime. Como um bebê. Como uma rocha. Como um urso preguiçoso em sua caverna da floresta. A cidade que nunca dorme. As corujas e os morcegos estão à solta pelas ruas. Como um jovem preguiçoso em seu apartamento na selva de pedra.

O cinema é a janela da vida. O grande cinema. O verdadeiro cinema. É a fuga da realidade, e ao mesmo tempo o maior choque que se pode ter com ela. É o registro de belíssimas histórias. De horríveis histórias. De tristes histórias, e de qualquer outra coisa que você quiser compartilhar. E os sentimentos, ah, os sentimentos. Estes são indescritíveis. Como o vento no rosto em um dia de verão. Como uma taça de vinho com a bela amada. Como o cigarro depois da refeição. É algo acima do bem e do mal. É a transmissão de sentimentos, de vida, de entendimento, de beleza e de uma parte de Deus que está em cada um de nós. É algo que não pode ser tirado. É como as ondas do mar. Como as nuvens do céu. Como poesias baratas de um escritor de bar. Como almoços familiares de domingo. Como transar com a pessoa amada. Como bebedeiras memoráveis com seus grandes amigos. Como todas aquelas coisas que nunca vivemos e como todos aqueles lugares que nunca iremos. Como o tudo e como o nada.

segunda-feira, novembro 10, 2008

Nos dias de hoje você tem que matar um leão por dia. Não só os leões aí de fora, da selva de pedra, mas também os leões de dentro de você. Esses que você alimenta com muito alcool e fumaça de cigarro. Esses que você põe pra dormir ao som dos Beatles. Ás vezes é mais difícil, mas as vezes parece que você é um domador de verdade. Mas quando as coisas dão errado, saí de perto meu amigo. Você vai ser devorado em um instante. E aí só sobram os pedaços. Uma hora alguém tem que ir lá e recolhar o que sobrou. É um processo cansativo. Não é mérito nem azar de ninguém. Todo mundo tem os seus leões pra matar.

Ninguém te perdoa na selva de pedra. Mas isso não faz muita diferença, porque você dificilmente vai perdoa-los também. E em cada dia as coisas mudam e ficam iguais. A falta de inspiração e de vontade pra fazer qualquer coisa. Você só vai empurrando, até porque você também não tem muito o que fazer. Tem gente que se da bem, eles dizem por aí. Tem gente que tenta te contaminar com um otimismo ridículo. Também não acho que o pessimismo seja uma grande coisa. Você tem que se manter no meio termo. Os otimistas sempre se frustram quando as coisas dão erradas. Os pessimistas dizem que já sabiam. Se você conseguir controlar esses dois aspectos as coisas podem ficar mais faceis. É só não esperar muito de tudo. Na verdade não acho que devo esperar nada de coisa alguma. As coisas acabam vindo até você. Ou você até elas. Não importa a ordem. Não é tão difícil quanto parece. Não acredito em auto-ajuda. Não acredito em um monte de outras coisas.

Gosto de fumar olhando pra janela. Sempre escrevo sobre isso, mas não me importo em escrever de nada. Só ficar bebendo um café ou uma coca-cola e fumando um cigarro em frente a janela. Enquanto todo mundo dorme. Até mesmo a principal avenida a maior cidade do hemisfério dorme durante a noite. E essa é a melhor hora pra pensar na vida. Essa é a melhor hora pra escrever, pra ouvir música e pra fumar um cigarro. Acho que as melhores coisas acontecem quando ninguém esta prestando atenção. Pelo menos pra mim tem sido assim. E eu não sei o que isso significa. Não acredito em astrologia nem em qualquer outra coisa. Não tenho muito a dizer. Nunca tenho.


I'm so tired, I haven't slept a wink
I'm so tired, my mind is on the blink
I wonder should I get up and fix myself a drink
No, no, no.

(...)

I'm so tired, I'm feeling so upset
Although I'm so tired I'll have another cigarette

The Beatles - I'm So Tired