quarta-feira, outubro 22, 2008

I spend my time in cottonwood looking for a sign / Sitting by myself and I'm running out of time / Listen to the wind talking just to me / Listen now can't you see /These are the days no one sees / They run together for company / I am the day no one needs / There'll never come another one like me

Paul Westerberg - These Are The Days


As coisas não mudavam de um dia para outro. Eu estava cansado de falar sobre isso e de falar sobre qualquer outra coisa. Eu estava cansado de dormir e acordar e também estava cansado de comer e de andar. As coisas não tinham um grande propósito no final. Eu era invisível pra todas as pessoas que não deveria ser, e quase fosforescente para as que deveria. Os chatos continuavam me enchendo. Todos os santos dias. Em todos os malditos lugares. Nem mesmo a bebida tinha alguma graça. Quando você é invisível acaba não vendo graça na maioria das coisas.
Era um verdadeiro martírio sair de casa e dar de cara com todas essas coisas que acontecem na rua. Ficar em casa também era uma monotonia sem fim. Sonhava em estar de coma por dois ou três meses. Férias do mundo, férias da vida. Não tinha vontade de ir para lugar nenhum, e não tinha vontade de fazer nada. Não me sentia triste, nem feliz, nem angustiado, nem porra nenhuma. Era só um maldito tédio sem fim. Eu era só mais um fantasma penando por aí.
Lembro das pessoas que eu costumava sentir pena por parecem não ver mais graça na vida. Agora eu era uma delas. Estávamos todos no mesmo barco, navegando em direção as pedras.

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