Um puta frio lá fora. As roupas úmidas no varal. Cigarros acabando. Bitucas atiraas pela janela. Ouvindo Ramones e fumando na janela do apartamento. Avenida Paulista lotada de gente. Me sinto como John Lennon no edifício Dakota. Escrevendo em meu caderno velho da faculdade. No meio de matérias inuteis do curso de jornalismo. Uma caneta horrível com forte cheiro de tinta. As palavras parecendo rabicos na folha de papel. Minha letra horrível de garranchos indecifraveis. Uma merda de tarde de sábado sozinho em casa. Como em centenas de outros dias. Uma merda de escritor. Um medíocre jornalista. Foda-se. Nunca quis mesmo ser um alguém assim. Nunca soube o que queria ser. Será que alguém já se sentiu assim antes? Como se nada nunca acontecesse. Preso em meu próprio tempo. Preso em meu próprio corpo. Preso a uma alma de merda. Como galhos secos de uma árvore morta. Só eu e minha vida. E nada além disso.
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