sábado, agosto 30, 2008

Um puta frio lá fora. As roupas úmidas no varal. Cigarros acabando. Bitucas atiraas pela janela. Ouvindo Ramones e fumando na janela do apartamento. Avenida Paulista lotada de gente. Me sinto como John Lennon no edifício Dakota. Escrevendo em meu caderno velho da faculdade. No meio de matérias inuteis do curso de jornalismo. Uma caneta horrível com forte cheiro de tinta. As palavras parecendo rabicos na folha de papel. Minha letra horrível de garranchos indecifraveis. Uma merda de tarde de sábado sozinho em casa. Como em centenas de outros dias. Uma merda de escritor. Um medíocre jornalista. Foda-se. Nunca quis mesmo ser um alguém assim. Nunca soube o que queria ser. Será que alguém já se sentiu assim antes? Como se nada nunca acontecesse. Preso em meu próprio tempo. Preso em meu próprio corpo. Preso a uma alma de merda. Como galhos secos de uma árvore morta. Só eu e minha vida. E nada além disso.

domingo, agosto 24, 2008

Preto no Branco


Por Allan Sieber. Clique na charge para aumentá-la.

Qualquer semelhança é mera coincidência.

Meus poucos amigos e tudo aquilo que eu não queria ser

Tenho poucos amigos. Sempre fui um cara assim, de muitos conhecidos e poucos amigos. A maioria de meus amigos tem uma vida diferente agora. Estão namorando, estão casando, estudando ou fazendo qualquer porra assim. Me mudei de cidade e não conheço quase ninguém. Não consigo manter uma verdadeira amizade com os colegas que tenho por aqui, apesar de manter uma relação cordial. Não consigo ver quem sou eu. Tenho insights esquisitos e visões alucinadas. Tenho tido ressacas horríveis e perdido dias como se fossem folhas amassadas jogadas no lixo. Quero correr pra algum lugar bem longe daqui. Quero correr pra longe de mim e ficar sozinho para sempre num rancho com uísque e música country.
Sou tudo aquilo que não queria ser. Sou muito diferente do que imaginei que seria com esta idade. Acreditei que seria alguém legal. Acreditei que tudo mudaria na minha vida. Não sei mais no que acreditar. Tudo aquilo que eu não queria ser e um pouco mais. Louça suja na cozinha. Acordo bêbado. Não sei que horas são. Consulto o relógio. Tarde da noite. Não tenho pra onde ir. É a porra de um sábado à noite. Estou de ressaca e acho que ainda estou bêbado. Não sei o que anda acontecendo. Talvez eu deva parar de beber. Deva correr pra longe daqui. Dar um fim nessas garrafas vazias e nunca mais botar uma gota de álcool na boca. Ainda vou continuar fumando. Não posso me privar disso. Não há como me privar disso. É simplesmente a verdade. A pura e crua verdade. Sangrando por entre essas ruas de merda. Derramando seu deleite por tudo isso. Expurgando as mentiras do paraíso. A verdade e nada mais do que foi dito.Correndo pela cidade. Me assombrando em cada bar de esquina. Me puxando para sua cova. Me levando para algum lugar que eu não quero ir. As janelas do prédio vizinho e as luzes acesas. As pessoas andando na Avenida Paulista e os casacos bem lavados. Os carros zunindo apressados e freando decepcionados. Milhares de garotas que passam por mim como se eu fosse invisível. A pobre e horrível indiferença. Essas demonias de saia me assombrando com seus tridentes. Me ignorando com seu fogo ardente. Sempre acompanhadas. Sempre indo pra algum lugar. Sempre querendo fazer alguma coisa. Objetivos de vida e toda essa merda. Minhas conversas de bar se resumindo a entediantes monólogos. Meus argumentos se dissolvendo como sal em água. Meu sangue correndo nas veias. Bebida descendo pela garganta. Bitucas de cigarro arremessadas na sarjeta. Meus poucos amigos e tudo aquilo que eu não queria ser.

Dias esquisitos e noites confusas

20 de agosto de 2008 – 02:32

Que dias esquisitos
Que noites confusas
Andando pelas ruas
Cigarro na boca

As ruas escuras
Anônimos na madrugada
Garrafas vazias
latas amassadas

Bitucas de cigarro
sarjetas maltratadas
Avenidas iluminadas
noites abafadas

blues ecoando pelo quarto
bagunçado e mal iluminado
um garoto perturbado
escrevendo poemas

O que será, será



22 de Agosto de 2008 – 02:50

Se me perguntassem o que estou fazendo na vida, ou o que eu estou fazendo aqui embaixo, acho que eu diria que estou pagando por todos meus pecados. Os desta vida e os da passada, se ela existir. Não que eu seja um grande sofredor. Acredito que todos estão fazendo isso. Todos. E não vejo exceção. Não acho que exista uma felicidade realmente verdadeira. Algo duradouro de verdade. Não acredito nisso. Não acredito em nada disso. Acho que todos estamos pagando nossos pecados da melhor e da pior forma. Essa ambigüidade é muito esquisita mas faz todo sentido. Nunca conheci ninguém que se sentisse realmente feliz por muito tempo. Sabe como é. Simplesmente não dura. Não acho que todos vão se suicidar. Não acho que todos vão morrer tristes. Não acredito que todas as partidas sejam ruins. Não acredito que todas as vidas sejam uma merda. Mas também não acho que a maioria delas é boa. Estamos só contemplando nossos sonhos e lutando dia após dia. E acho isso desde o mais rico até o mais pobre. Estamos todos no mesmo barco. Todos debaixo do mesmo guarda-chuva nesta tempestade. E nos tempos de calmaria é tudo a mesma coisa. Num canto qualquer da cidade, do país ou do mundo deve ter alguém pensando nisso agora mesmo. E mais um montão de gente pensando e fazendo outras coisas, especialmente dormindo no caso desta cidade e deste país. Mas eu não estou. Eu estou fumando e ouvindo música e escrevendo. E cheguei à conclusão que por piores que sejam minhas madrugadas solitárias são delas que eu mais preciso. Preciso delas como nunca precisei de nada antes. É meu momento. É meu dia. É minha vida. É tudo que eu não posso abrir mão. É simplesmente quando eu paro pra pensar em tudo isso. Na grande maioria das vezes é melancólica, mas em grande parte também é muito boa. Não que eu tenha grande prazer como teria fazendo outra coisa. Mas é duradouro. E é real. E eu acredito nisso. Acredito que estou fazendo as coisas certas aos poucos. Não conseguiria fazer tudo certo de uma vez. Acho que ninguém conseguiria. Quero ficar escrevendo como se o mundo fosse acabar amanhã. Quero dizer tudo que penso para minhas folhas em branco. Quero me ver impresso em cada palavra e em cada linha. Quero que cada página seja eu, eu e EU. Não sou egocêntrico, pode ter certeza disso. Só acredito que é meu momento e minha vida. Só acredito que minhas madrugadas são tudo aquilo no que eu mais posso e devo acredito. Só acredito que a música me faz pensar na vida. Só acredito que cigarros na janela me levam a pensar em todas as coisas de um modo especial. Só acredito que aqueles quatro ou cinco minutos que a brasa queima a nicotina são alguns dos mais importantes da minha vida. Eu poderia estar trepando, poderia estar bebendo, poderia estar fazendo qualquer outra coisa, e provavelmente estaria adorando, mas acho que nada se compara a estes momentos. Não no sentido de prazer. Não no sentindo de felicidade. Nada disso. Não é um momento feliz. Não é um momento triste. É só o meu momento. Meu único momento. Pra todo o sempre.
É como aquele lugar pra onde você vai quando está triste. É praquele canto que você vai quando quer ficar sozinho. É simplesmente minha solidão. Minha filosofia. Minha droga. Ou qualquer outra coisa assim. Eu não sei como definir. Não sei se estou fazendo da maneira certa. Acho que nem com mil páginas eu conseguiria descrever o que é tudo aquilo. O que é puxar a fumaça e soltar olhando pro céu e pra vizinhança. Um turbilhão de pensamentos se formando. E textos sendo escritos na minha cabeça e quase nunca transpostos no papel da maneira correta como são imaginados. É como se eu fosse o maior escritor de todos os tempos. Como se eu fosse um rockstar de verdade. É a vida em sua mais pura essência. São as paredes do quarto ecoando sons da madrugada. São meus livros na estante. São meus discos empilhados. Meu quarto desarrumado. Meu pôster do Elvis. Meu disco do Ryan Adams. Meu verso do Bob Dylan. É tudo isso e mais um pouco. É tudo aquilo que eu não sei escrever. É tudo aquilo que eu preciso escrever. São todas as garotas que eu preciso fuder. São as mulheres da minha vida que eu nunca vou ter. São as ressacas que eu ainda vou ter. É TUDO ISSO.
Creio em Deus pai todo poderoso. Lembro de repetir isto na igreja. Lembro das missas e da minha primeira e única confissão. Fiquei com vergonha de dizer para o padre que eu tinha feito mais um montão de coisas ruins. E eu desertei minha religião, a religião de meus pais, e nunca mais me confessei. Uma única e incompleta vez. E esse mesmo padre que ouviu parte dos meus pecados e me absolveu com duas ave-marias e um pai-nosso morreu atropelado em frente à mesma igreja próxima a casa da minha mãe alguns anos depois da minha primeira confissão e alguns anos atrás de hoje. Não sei porque estou falando tudo isso. Não faz o mínimo sentido. Acho que nada faz. Estou perdido em meus próprios pensamentos. Estou agarrado aos tentáculos da vida. Estou tentando pular de um trem em movimento. Estou dirigindo por uma estrada deserta. Estou sonhando com coisas que aconteceram e com coisas que nunca vão acontecer. Estou sentindo cada pedaço da minha pele. Estou sonhando com as coisas mais improváveis e abalando meu senso de realidade. Estou entorpecido por uma inesgotável vontade de escrever. E estou fazendo isso. E se algum dia alguém ler isso vai me achar um grande tolo e vai ter dó de mim. Não precisa ter. Nem eu mesmo tenho. Quando me olho no espelho ainda consigo ver alguma esperança, mesmo que mínima. Ainda vão me descobrir. Ainda vou me descobrir. Ainda vou me casar. E vou trepar um montão. E vou ter uma filha. Ou talvez eu seja atropelado e nada disso aconteça. Mas eu ainda acredito num montão de coisas. Pode parecer tolo, e talvez o seja, mas eu ainda acho que serei alguém. Não quero terminar como um fracassado. Não posso terminar como um perdedor. Venho repetindo estes mantras negativos há muito tempo. É hora de mudar. Não sou um merda dum fracassado. Sou Rick Nicoletti, o maior escritor que esta cidade já viu! Sou aquele que vai trazer a boa literatura para os jovens. Aquele que vai viver em uma casa legal num bairro tranqüilo da cidade e vai ter uma mulher jovem e bonita e cerveja na geladeira. Aquele que ainda vai mudar alguma coisa. Inovar alguma outra. Ser lembrado por alguém por muito tempo depois da minha morte. Ou por um monte de gente. Aquele com os livros na estante. Aqueles com as fotos nas enciclopédias. Aquele com o nome no hall da fama de algum lugar. Aquele que não sabe ainda quem é. Aquele que é só ele mesmo. E que vai ser assim pra sempre. E o que será, será.

quarta-feira, agosto 20, 2008

Ryan Adams - Two Hearts

Two hearts, one of them will break
Like bad ideas on a beautiful day
Two figures moving through the dark
Three words, is all it takes to break your heart in two.

terça-feira, agosto 19, 2008

Foggy is back!

Foggy is back and now I have something to do on web. That's so great! Thank you Foggy!



http://foggy.ryan-adams.com/

domingo, agosto 17, 2008

What I'm listening to



Pra mim esse é disparado o melhor disco do gênio Lou Reed e um dos melhores da história. Produzido por David Bowie e clássico do Glam Rock Transformer é recheado de músicas sensacionais e é de cortar o coração. O poeta das ruas em sua melhor forma, misturando rock, sexualidade, poesia e vida, muita VIDA.




Disco muito foda da antiga banda do Marky Ramone. Os caras fazem punk rock puro e direto e já tocaram no Brasil várias vezes. Inclusive na música 3 cheers for you citam o Brasil, Argentina e Chile como os melhores do mundo e falam muito bem do pessoal sulamericano, que segundo Dee Dee Ramone em seu livro Coração Envenenado é um continente absolutamente fanático por Ramones. E cá pra nós, todos sabemos que é verdade. O disco é sensacional e tem até cover dos Ramones com Anxiety. Mas o que vale mesmo são as músicas próprias dos caras, que são sensacionais. Uma vez achei esse disco no sebo por 12 reais e acabei não comprando. Não preciso nem dizer que me arrependo até hoje.

The News

Sexta de manhã quando cheguei em Londrina recebi a ligação de uma mulher do Jornal do Trem, publicação de Osasco que circula entre os trens da CPTM paulista e para onde eu havia enviado meu currículo para a vaga de estágio publicada no edital da faculdade. Ela estava me convidando para fazer uma entrevista na segunda de manhã. Os principais problemas são que eu não conheço nada de Osasco, não sei onde fica o endereço que ela me passou e não tinha roupa social para a entrevista. Esse último problema era mais fácil de resolver, por isso fui até o shopping do centro da cidade e comprei calça social, camisa, sapato e até cinto pra ficar bem vestido para a tentativa de conseguir o emprego. Saindo de lá entrei nas lojas americanas pra comprar um pacote de meias e fuçando num daqueles baldões de dvds achei algumas pérolas pelo preço de R$ 12,99. Mesmo com pouco dinheiro comprei seis e negativei ainda mais minha conta bancária. Não dava pra deixar passar....



A liberdade é azul e A igualdade é branca, os dois primeiros filmes da trilogia das cores do gênio Kieslowski. Sem dúvidas dois dos melhores filmes que eu já vi, graças a indicação do meu amigo Hermano. Ainda garimpei como um louco pra tentar achar o terceiro (A fraternidade é vermelha) mas não conseguui encontrar.


Documentários não autorizados sobre dois dos meus maiores ídolos. Bruce Springsteen (The Boss) e David Bowie (sempre sonhei em ser como Ziggy Stardust).


Clássico da sessão da tarde e um dos filmes mais legais da história. The Wonders tem hits fantásticos (como a famosa That thing you do!) e uma história sensacional de uma fictícia banda de rock and roll dos anos 60. Impulsionados pela invasão britânica, os Wonders retraram as centenas de bandas que surgiram daquela época com um hit e depois cairam no ostracismo. Daí o nome do filme e da banda fictícia, inspirado em One-Hit-Wonders, como essas bandas eram classificadas.


Só a primeira cena onde ele diz que o bandido é "um cocô" e "você é a doença, e eu sou a cura" já vale o filme inteiro. Clássico da matança trash e um épico na carreira de Stallone. Apesar de ter um roteiro podreira o filme vale muito a pena pelo personagem Cobra, um rambo da selva de pedra que usa ray-ban, mata geral, tem sempre um comentário afiado e odeia comidas que fazem mal.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Sabe como é

Avenida Paulista. Domingo. Vazio. Sóbrio. Cigarros. Rock. Folk. Folk Rock. Livros. Revistas. Filmes. Teclas sendo batidas com força descomunal. Imagino uma máquina de escrever. Imagino centenas de exemplares de meu livro autografados. Imagino fãs me dizendo como sou brilhante. Imagino garotas me dando bola. Imagino suas calcinhas bonitas e cheirosas. Imagino fodas fenomenais em lençóis de sedas e colchões macios em camas largas. Imagino garrafas de vinho das melhores safras se empilhando no canto de uma cozinha bonita com uma geladeira lotada de cerveja da melhor qualidade. Quadros de meus ídolos nas paredes da sala. Elvis Presley me olha de soslaio. “Eaí meu caro Aaron, o que houve com você?” É assim que trato meu íntimo amigo Elvis. Por seu nome do meio, como grandes amigos costumam inventar apelidos e variações do nome para chamar uns aos outros. Ele não me responde. É claro que não responderia. É só um quadro na parede. E o que é pior, um quadro imaginário do meu sonho de boa vida. Mas não me importo, o delírio é meu e faço o que quiser. Infelizmente Elvis ainda não responde. Deixo ele de canto e bebericando goles do meu vinho super fodão safra 1900 e Brigitte Bardot caminho até o próximo quadro. Charles Bukowski entorna uma garrafa em sua fotografia. “Até que somos semelhantes, meu velho Buk. A diferença é que você com essa cara feia e cheia de marcas de espinhas viu mais bucetas do que eu vou ver na minha vida inteira. O que você me diz disso, seu sacana?” Ele também não responde. É mesmo um porra dum sacana. Um fabuloso e genial sacana. Não me importo com ele. No outro quadro está John Lennon em sua fase peace in bed. Não quero conversar com ele agora, não nessa fase. Ele vai querer me falar sobre os problemas sociais do mundo moderno e não estou com saco pra isso agora. Definitivamente não. De volta ao mundo real. Estou em frente a televisão ligada no mute transmitindo um jogo de vôlei feminino das olimpíadas. Nunca gostei de vôlei. Puta esporte chato do caralho. Mas tem umas garotas atraentes no time do Brasil. E esse uniforme, vamos combinar que é um tezão em qualquer mulher. Até eu, um assumido sedentário (que agora começa a voltar a jogar peladas e maltratar a bola) gosta de garotas esportivas vestidas desse jeito. Calças leg também são outro atrativo interessante. Mas voltando ao assunto. Elvis Presley deixava a TV ligada no mudo enquanto tocava baixo. John Lennon fazia o mesmo tocando guitarra. Eu faço o mesmo escrevendo. Cada qual com sua ocupação. Sabe como é.

Uma constante em minha vida inconstante

Então é isso. É a merda disso. Disso tudo. Estou deitado em minha cama. É uma noite frio. Me cubro com um edredom e um cobertor pesado. A TV está ligada no mudo transmitindo uma luta de judô das olimpíadas e estou ouvindo Jeff Buckley. Ainda não conheço direito o clássico Grace do rapaz em questão, estou ouvindo aos poucos e gostando de umas coisas e desgostando de outras. Sem opiniões formadas. A única consideração que posso fazer até agora é que Last Goodbye é realmente uma bela canção como eu não ouvia há muito tempo. Tem uma estrofe perto do final que é de cortar o coração. O cover de Hallelujah do Leonard Cohen também é sensacional. Cantando do fundo da alma. Gostei disso.
É uma merda de madrugada de domingo. Já fumei alguns cigarros por hoje. Não tenho merda nenhuma a fazer. Comprei a Rolling Stone Brasil e novamente achei uma porcaria. Não sei porque continuo persistindo no erro e gastando dinheiro com isso. Deve ser porque a banca que eu sou freguês tem uma promoção interessante onde você pode adquirir uma revista e depois trocar por outra do mesmo valor. Geralmente compro a Rolling Stone e troco pela Piauí, que acaba ficando definitivamente comigo e que é a única revista de banca no Brasil que vale a pena o dinheiro gasto. Quando cheguei lá hoje á noite pra comprar a Rolling Stone a magra e esquisita mulher que atende e que já me conhece de revistas passadas comentou “Você sempre escolhe essas né”. É. Sempre mesmo. Vou escolher outra revista pra comprar primeiro e aproveitar melhor a promoção. Pelo menos não tenho me decepcionado com os livros. Quase nunca me decepciono com os que escolho pra ler. Acho que tenho um bom olho clínico pra saber quais prestam e não. E devo relatar que os conselhos de amigos também ajudam nesse quesito. E claro, meus próprios conselhos tirados eu sei lá de onde. Estou lendo o clássico Lolita do Vladmir Nabokov agora. O mais curioso disso é que é para um trabalho de português da faculdade de Jornalismo que curso. A professora pediu para que escolhêssemos entre algumas opções de livros e filmes que os inspiraram para fazer um trabalho relacionado com resenhas ou algo desse tipo. Escolhi Lolita porque dentre os previstos era o único que já tinha visto. E além de tudo isso sou fã do Kubrick e achei que o livro também devia ser bom. Até agora tudo certo. Acho que acertei na escolha. Gostaria de reler um montão de coisas. Dia desses um colega veio tomar umas cervejas comigo aqui em casa e estava mostrando alguns de meus livros pra ele. Tive vontade de reler quase todos eles, principalmente o do Lester Bangs. Tenho vontade de rever um monte de filmes também. Hoje assisti o Lifestyle of The Ramones pela enésima vez. É um bocado legal, mas curto. Não faz mal. Domingos são sempre uma merda, ou quase sempre. Mas não crítico tanto você, caro domingo. Sei muito bem que as segundas são bem piores. A velha rotina de volta. Ta certo que minha rotina não é das piores. Tenho uma vida tranqüila, tranqüila até demais pra falar a verdade. Tranqüila de um tanto que acaba irritando. Mas definitivamente as segundas são piores do que os domingos. Que se foda! Não vou ficar discutindo quais cretinos dias da semana são piores ou melhores. Por mim todos eles se fodiam e adotávamos um calendário do não-fazer-nada. É bem simples. Ninguém fazia nada além de ouvir e fazer música, ler e escrever e trepar. Pode adicionar beber aí na lista. Ficaria completo. Pensando bem, meus dias não são diferentes disso aí, com exceção do trepar e adição do “dormir muito”. Estou sempre divagando sobre coisas inúteis. É uma constante em minha vida inconstante.

quarta-feira, agosto 06, 2008

It’s Alright Ma (I’m only bleeding)

Andando pela Paulista. Descendo a Brigadeiro. Cruzando a consolação. Caminhando pela Joaquim Eugênio de Lima. Tomando café e fumando cigarros na cafeteria da Santos com a Campinas. Ando por aí com pensamentos vagos em coisas superficiais. Bebo cerveja atrás de cerveja e completo com vinho vagabundo de garrafa de plástico. O apartamento está quase sempre vazio. Eu estou quase sempre vazio. As ruas ainda são frias. Caminho por aí com aquele meu jeito estranho de andar e as mãos nos bolsos ou um cigarro aceso pairando entre o canto da boca e os dedos indicador e médio da mão direita. Continuo com o sono deturpado em horários cada vez mais confusos. Tento me esforçar para manter o quarto limpo e as janelas abertas mas ele continua com coisas espalhadas e cheiro de cigarro e de noites mal- dormidas. Subo e desço pelos elevadores me encarando nos espelhos. “Você não é nada mau. Nada mau.” Digo pra mim mesmo, mesmo sabendo que é só mais uma mentira mal-contada As garotas estão por aí, saindo com seus babacas. Os babacas estão por ai, saindo com minhas garotas. Minhas antigas paixões estão perdidas pelo mundo, provavelmente entregues aos beijos e abraços de figurões esguios e bem apessoados com intelecto de babuínos urrando e pulando de árvores. Carros e mais carros entopem as ruas da cidade. A avenida Paulista continua em obras. Reformam o asfalto e fazem certo barulho de madrugada. Devem incomodar alguns adormecidos, mas definitivamente não interferem em nada na minha vida. Fiquei de ligar pra minha mãe. Tento usar o orelhão mas é em vão. O telefonema tem algum tipo de problema e não consigo completar a ligação. Tento outra hora. Só ligando pra dizer que está tudo bem. It’s alright ma, I’m only bleeding.