sábado, janeiro 02, 2010

Eu não ligo muito pra essas coisas de começo de ano, final de ano ou qualquer outra coisa do tipo, mas eu fico um pouco de saco cheio quando todo mundo saí pra viajar e restam na cidade só dois ou três gatos pingados e a gente se tromba pra beber e falar bobagem e ás vezes sair atrás de alguma fita ou coisa do tipo enquanto a gente ouve um disco dos Beatles na casa de alguém e pensa nas nossas próprias comédias tragicômicas das nossas vidas. É hoje é sábado, dia dois de Janeiro e minha mãe viajou pra casa do namorado dela em alguma cidade no interior de São Paulo e eu to aqui sozinho em casa porque meu irmão também foi pra praia e eu fico aqui tomando uma dose de Jack Daniels com gelo e ouvindo Tom Waits e pensando em qualquer coisa boa que não me dê calafrios nem má idéias porque afinal, essa é a melhor maneira de se beber um bom uísque ouvindo um bom som.

Eu não sou um bom bebedor de uísque, mas eu gosto, acho um bocado saboroso e mesmo forte me traz umas boas sensações. Aí eu coloco umas pedrinhas de gelo e fico girando e tomo uns goles devagarzinho pra não me foder, e sinto aquela tonturazinha simples do ínicio da bebida e isso me alegra porque bom, não há nenhum motivo pra me chatear.

Fico pensando em como escrever, no que escrever e em como é difícil ser original nos tempos de hoje. É um bocado complicado conseguir expressar tudo o que você sente, tudo o que você faz e as coisas que você pensa de um jeito que não seja batido e entediante. Mas por que tanta preocupação com esse tipo de coisa. Eu nem mesmo sei escrever direito, e apesar de fazer isso a um bocado de tempo, nunca tive a paciência e a coragem necessárias pra tentar alguma coisa séria com esse tipo de coisa. Aí eu sento e escrevo pro meu próprio bem, pra não enlouquecer, ou só mesmo pra escrever sem nenhum propósito espiritual ou explicativo, porque talvez é assim que as coisas devem ser. Só sentar, abrir uma página do blog e escrever, escrever e falar sobre qualquer coisa que passe na cabeça porque eu não to devendo nada pra ninguém, nunca devi e se deus quiser vou continuar não devendo, e é isso que ás vezes faz a coisa ser tão prazerosa e aliviante como é.

To lendo Visões de Cody do Kerouac, mas ando lendo tão pouco e isso tem me deixado um pouco frustrado. Sou preguiçoso pra caramba, aí tento colocar na minha cabeça que tenho que ler ao invés de ficar zapeando bobagens na televisão ou fazendo merda nenhuma no computador, mas ao mesmo tempo eu não quero nunca que ler seja algo obrigatório porque nunca foi, e po, eu sempre me dei muito bem com os livros e mantive uma média de leitura bacana (apesar de nunca fazer contas ou registros, porque acho isso uma coisa bem sem graça), mas ultimamente eu tenho me entretido com tanta coisa boba e penso que seria bacana voltar a ler com a mesma avidez de antes. Sempre penso que quero reler um montão de coisa que não leio faz tempo, tipo Pergunte ao Pó e On The Road pra citar só os meus livros favoritos, mas também penso no montão de coisa que ainda to afim de ler e no montão de livros que comprei e fiz dívidas que ainda estou terminando de pagar e que ainda não li, e é por isso que vou deixar de ser preguiçoso e inútil e voltar a ler mais porque é isso que me salva da bobageira que fica zunindo na minha cabeça.

Também penso em parar de procurar por coisas que não vou achar, e simplesmente deixar elas acontecerem e deixar a coisa toda rodar ao redor só cuidando pra não explodir tudo, porque no final nada é tão ruim quanto parece e a gente só tem que conseguir se manter em pé e com a cabeça tranquila sacando que isso tudo é uma grande viagem e que a gente vai conseguir ficar numa boa, ô se vai, então se liga nisso porque eu não quero morrer pagando contas velhas de coisas que eu não gostaria de ter comprado, e acho que, como disse Kerouac, seria um bocado melhor só "morrer tranquilo com os livros na estante" ou algo que o valha.

Nenhum comentário: