sábado, janeiro 02, 2010

Eu não gosto muito de silêncio, porque começo a me sentir muito sozinho e pirar em diversos barulhos estranhos e em qualquer coisinha tipo um carro passando três ou quatro ruas distantes mas o barulho ressona baixinho ao ponto de você ouvir o motor, o giro dos pneus na curva e o acelerar que indica que ele tá indo embora, e é por isso que eu prefiro ficar ouvindo música na maior parte do tempo, mas ás vezes o silêncio é quase que uma benção que te deixa ali a pensar sobre qualquer coisinha que seja matutando na tua cabeça. Gosto do Kerouac, dos Stones, e gosto quando tá tudo relativamente tranquilo e eu não estou de ressaca, ou pelo menos não numa ressaca chata, e aí eu fico numa boa tomando uma cerveja ou um copo de coca-cola e fumando um cigarro e pensando sobre qualquer coisa e evito em pensar sobre essa ou aquela garota que não quis saber de mim e penso apenas na imensidão do mundo e em o que eu deveria estar fazendo pra dar o fora o quanto antes e ver umas coisas um pouquinho diferentes longe dessas viagens e vidas todas planejadas e entediadas e frustradas que a gente acaba levando na maior parte do tempo.

E aí penso nas pessoas que pensam ser todas diferentes mas que na verdade são todas iguais, e em como isso é deprimente e frustrante pra diabo quando elas se sentam pra falar sobre os planos das suas vidas que são quase sempre utópicos e sem graça, mas aí eu tento organizar as idéias loucas da minha cabeça e parar de pensar em coisas tão chatas assim porque afinal, não há muito tempo a se desperdiçar com esse tipo de coisa e é mais fácil e melhor pensar em maneiras de consertar o que eu entendo por minha vida e aí sim, aí sim conseguir dar um jeito em tudo e curtir um pouco de felicidade, de verdadeira amizade, deixar as bobagens de lado, mas por que será que é tão difícil conseguir fazer isso todos os dias?

Aí chega uma hora em que a poesia é a sua única amiga, mas é um tanto quanto ridículo falar sobre poesia porque a grande maioria das pessoas entende a coisa toda errada. Ou eles pensam naquilo tudo como uma grande viadagem sem sentido ou pensam como um algo espiritualmente elevado e sagrado o suficiente para se venerar e idolatrar uns aos outros mas porra, pra mim é tudo tão mais simples mas também tão belo e sagrado ou até mesmo uma viadagem sem sentido, mas isso tudo pensado de outra forma, porque é simples, é a única explicação. Não há grandes mistérios nem grandes fórmulas nem nada disso, é só um lance fantásticamente simples e mágico de sentar ali e montar verso atrás de verso uma coisa fantástico, e porra, quando alguém consegue fazer aquilo ali bem feito você tem que se segurar pra não pular de felicidade e de contentamento porque tem ou teve um alguém qualquer que CONSEGUIU chegar lá e expressar aquilo que você deu voltas, e voltas e mais voltas pra no mínimo tentar explicar. E não é mesmo fantástico isso tudo? E é claro que é. Ab-so-lu-ta-men-te.

E eu gosto quando alguém chega e diz simplesmente algo como "ei cara não há tempos pra tristezas e maiores preocupações porque o mundo é essa loucura toda e há muita gente boa por aí escondida nos cantos sofrendo suas próprias tragédias e armando suas próprias festas e tudo que a gente tem que fazer é achar elas e nos juntar todos pra então virar uma grande curtição ou lamentação mas que não tem grande importância porque, estaremos todos juntos falando sobre coisas que nos interessam e o resto não vai entender porque eles são muito ignorantes e pobres iludidos com suas bobagens mundanas" e a gente saí batendo a cabeça dia após dia pelos muros da cidade e tentando encontrar essas pessoas fabulosas e trágicas que estão escrevendo, filmando e compondo suas grandes realizações ou suas enormes frustrações em um canto qualquer enquanto nós fazemos o mesmo e rodamos e rodamos e rodamos tentando não enlouquecer e encontrar uma espécie de alma-gêmea ou de grupo de malucos que entendam essas bobagens todas e que também compartilhem disso numa roda com cerveja e cigarros e um bom disco na vitrola e que pelo amor de deus não falem sobre seus planos de ano novo ou de ano velho porque a gente sabe que não existe essa coisa e a vida é todo um colosso de tempo que passa num ZUM muito rápido e inalcançável e o que a gente faz é correr atrás desse raio esquisito tentando surfar nas nossas próprias ondas e alcançar o estado máximo da glória pessoal e a paz de espírito definitiva que vai nos salvar do caos que envolve o mundo.

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