sábado, janeiro 30, 2010
Por que as pedras rolam
De repente a vida te pega de sopetão. Você ta ali numa boa, tranqüilo, fazendo as tuas coisas e pensando no que vai acontecer no próximo final de semana quando algo te atinge em cheio como uma flecha no coração e você tem a necessidade de mudar alguma coisa. Não é simples, e muitas vezes isso tudo acaba sendo desperdiçado. Cê liga o rádio ou o computador, coloca o Rise and Fall Of Ziggy Stardust do Bowie pra tocar e fica ali fumando um cigarro e matutando sobre toda e qualquer coisa, do tipo “por que tudo isso tem que ser assim?” ou “o que será que aconteceu com aquela garota que eu não vejo há uns três anos?” e pensando em por que as pessoas tem filhos, carros com amortecedores, taças de cristal, estantes antigas restauradas e comida congelada. Não faz muito sentido, nada faz. É só a coisa toda viajando na tua cabeça enquanto você devora um pedaço de pizza velho e toma um copo de coca cola e pensa “uau, porque será que comer numa tarde de sábado pode ser tão bom” e você agradece por não ter que trabalhar nesse dia, por não ter filhos, por não precisar de muita coisa além de quinze ou vinte mangos, uns bons amigos e um bom som pra ter uma noite tranqüila.
Elvis Presley cantando de forma desenfreada e agitada e absolutamente fantástica que “tem muita vida pra viver” e você pensa no cara agitando os quadris e segurando o microfone daquele jeito particular dele, com o cabelo balançando e as fãs ficando histéricas e os garotos imaginando por que o mojo daquele cara era tão forte e como ele conseguia cantar daquele jeito e dançar daquele jeito e tudo isso sendo branco, porque porra, isso aí era coisa de negros, porque só eles mesmo conseguem cantar e dançar e dar um show nesses branquelos de merda, vide James Brown e Louis Armstrong por exemplo, e aí de repente chega esse ex-caminhoneiro loiro que pinta o cabelo de preto e mostra que algumas pessoas ainda tem salvação, e é nisso tudo que o cara manda a ver tocando de verdade o que ia ser chamado de rock and roll. E afinal, por que as pedras rolam baby?
Elvis Presley cantando de forma desenfreada e agitada e absolutamente fantástica que “tem muita vida pra viver” e você pensa no cara agitando os quadris e segurando o microfone daquele jeito particular dele, com o cabelo balançando e as fãs ficando histéricas e os garotos imaginando por que o mojo daquele cara era tão forte e como ele conseguia cantar daquele jeito e dançar daquele jeito e tudo isso sendo branco, porque porra, isso aí era coisa de negros, porque só eles mesmo conseguem cantar e dançar e dar um show nesses branquelos de merda, vide James Brown e Louis Armstrong por exemplo, e aí de repente chega esse ex-caminhoneiro loiro que pinta o cabelo de preto e mostra que algumas pessoas ainda tem salvação, e é nisso tudo que o cara manda a ver tocando de verdade o que ia ser chamado de rock and roll. E afinal, por que as pedras rolam baby?
I wish you would've grabbed the gun
And shot me 'cause I died
And I'm nothing now without you
yeah, I'm less than nothing now
I'm the one between the bars and lost forever now
'Cause honey it's over now
It's harder now that it's over
It's harder now that it's over
Now that the cuffs are off
And you're free
You're free with a history
Ryan Adams
And shot me 'cause I died
And I'm nothing now without you
yeah, I'm less than nothing now
I'm the one between the bars and lost forever now
'Cause honey it's over now
It's harder now that it's over
It's harder now that it's over
Now that the cuffs are off
And you're free
You're free with a history
Ryan Adams
sábado, janeiro 23, 2010
A banda favorita dela é o Velvet Underground, e eu me pego ouvindo Heroin e pensando em Lou Reed, John Cale, agulhas e doses de heroína. Ela não liga muito pra mim, e na verdade nunca ligou. A gente ficava perto um do outro, mas na verdade era eu que tava o tempo todo perto dela, balbuciando alguma bobagem bêbada e tentando dizer de alguma forma discreta que a gente devia mesmo era ficar junto e que ela devia perceber isso logo. Mas ela não ligava, e acho que pra ela devia ser mais algo como um favor ou um passatempo. Ela quase não falava, mas ás vezes me perguntava alguma coisa do tipo "por que a Nico saiu do velvet?" e eu falava pra ela que ela devia ler os primeiros capítulos do Mate-me por favor e ouvir o Le Bataclan e os discos solos da Nico, já que ela gostava tanto do Velvet assim.
E é foda quando as coisas começam a cair na sua cabeça. É igual uma demolição repentina que te deixa meio desnorteado sem saber quando é que você vai poder tentar construir tudo de novo. Ela passou a me ignorar. Eu a agitava e dizia "por que diabos tu não me diz o que tu quer, tudo que eu peço é que você diga não e eu juro que nunca mais vou atrás de você" mas ela não dizia nada e só agitava a cabeça timidamente dizendo não mas eu não entendia se ela queria dizer que eu não devia deixar ela ou que eu não devia continuar insistindo, aí eu pedia pra ela falar alguma coisa, uma porra de uma palavra e eu ia embora, e com muito custo ela abriu a boca e falou baixinho só um "eu não sei". E a coisa toda começa a rodar na minha cabeça e penso no violino de John Cale rugindo e arranhando a levada de guitarra e a voz do Lou Reed proclamando que "todo mundo põe todo mundo pra baixo" e eu finalmente entendo ele quando ele diz "que acha que só não sabe" porque é exatamente o que ela me diz quando eu tento beijá-la e ela evita todos os beijos me deixando com uma cara de otário enquanto eu enfrento um turbilhão de confusão mental e espiritual na minha cabeça abalada pelo álcool e confundinda pelas bobagens da vida.
Lembro da primeira vez que ela me deixou e eu passei dois ou três dias bebendo e sofrendo do estômago e ouvindo "There She Goes Again" diversas e diversas vezes e pensando em como aquilo tudo era verdade porque ela ia mesmo voar como um passáro e eu ia ficar sozinho bebendo e lamentando toda as bobagens da minha cabeça, porque pra ela eu talvez não tenha passado de um estúpido iludido que achava que as coisas iam se resolver. Eu pensava que todo mundo devia ter uma chance de vencer pelo menos uma vez e eu queria que essa fosse a minha vez, mas eu não venci, porque no final ninguém ganha nada, mas todos perdem muito.
E ás vezes penso que não adianta mais escrever poemas sofridos ou beber uma garrafa de uísque porque ela não vai voltar e eu sei mesmo que as coisas não vão mudar como não mudaram nos últimos três ou quatro anos, mas eu também sei que vou continuar bebendo e escrevendo poemas lamentando a minha falta de sorte e esvaziando garrafas e acabando com maços de cigarro enquanto atiro as bitucas pela janela e vejo o horizonte da cidade pensando em tudo que se esconde à cinco ou seis quadras daqui.
E é foda quando as coisas começam a cair na sua cabeça. É igual uma demolição repentina que te deixa meio desnorteado sem saber quando é que você vai poder tentar construir tudo de novo. Ela passou a me ignorar. Eu a agitava e dizia "por que diabos tu não me diz o que tu quer, tudo que eu peço é que você diga não e eu juro que nunca mais vou atrás de você" mas ela não dizia nada e só agitava a cabeça timidamente dizendo não mas eu não entendia se ela queria dizer que eu não devia deixar ela ou que eu não devia continuar insistindo, aí eu pedia pra ela falar alguma coisa, uma porra de uma palavra e eu ia embora, e com muito custo ela abriu a boca e falou baixinho só um "eu não sei". E a coisa toda começa a rodar na minha cabeça e penso no violino de John Cale rugindo e arranhando a levada de guitarra e a voz do Lou Reed proclamando que "todo mundo põe todo mundo pra baixo" e eu finalmente entendo ele quando ele diz "que acha que só não sabe" porque é exatamente o que ela me diz quando eu tento beijá-la e ela evita todos os beijos me deixando com uma cara de otário enquanto eu enfrento um turbilhão de confusão mental e espiritual na minha cabeça abalada pelo álcool e confundinda pelas bobagens da vida.
Lembro da primeira vez que ela me deixou e eu passei dois ou três dias bebendo e sofrendo do estômago e ouvindo "There She Goes Again" diversas e diversas vezes e pensando em como aquilo tudo era verdade porque ela ia mesmo voar como um passáro e eu ia ficar sozinho bebendo e lamentando toda as bobagens da minha cabeça, porque pra ela eu talvez não tenha passado de um estúpido iludido que achava que as coisas iam se resolver. Eu pensava que todo mundo devia ter uma chance de vencer pelo menos uma vez e eu queria que essa fosse a minha vez, mas eu não venci, porque no final ninguém ganha nada, mas todos perdem muito.
E ás vezes penso que não adianta mais escrever poemas sofridos ou beber uma garrafa de uísque porque ela não vai voltar e eu sei mesmo que as coisas não vão mudar como não mudaram nos últimos três ou quatro anos, mas eu também sei que vou continuar bebendo e escrevendo poemas lamentando a minha falta de sorte e esvaziando garrafas e acabando com maços de cigarro enquanto atiro as bitucas pela janela e vejo o horizonte da cidade pensando em tudo que se esconde à cinco ou seis quadras daqui.
sábado, janeiro 09, 2010
what I'm lookin' for
I'm not lookin' for a lover
I'm just lookin' for something
higher and further
I'm not lookin' for the entry
I'm just lookin' for a way
to get the hell out of here.
I'm not lookin' for something else
I'm just lookin for the place
where I can find myself.
I'm not lookin' for you
I'm just lookin' for a place
where the sky is blue.
I'm not lookin' for the time
i'm just lookin' for the way
to keep my light on shine.
I'm just lookin' for something
higher and further
I'm not lookin' for the entry
I'm just lookin' for a way
to get the hell out of here.
I'm not lookin' for something else
I'm just lookin for the place
where I can find myself.
I'm not lookin' for you
I'm just lookin' for a place
where the sky is blue.
I'm not lookin' for the time
i'm just lookin' for the way
to keep my light on shine.
Com um pouco de sorte, a gente se depara na hora certa com uma música que não é somente "grandiosa", ou "interessante", ou "incrível", ou divertida, mas realmente substanciosa. Por um processo evasivo mas tangível, certas músicas barram todas as nossas defesas e dão sentido a todos os medos e desejos que evocamos nelas. Dessa maneira, elas expõe tudo o que escondíamos no íntimo e dão um sentido a isso. Apesar de ser uma outra pessoa que fala, a experiência é como uma confissão. Nossas emoções disparam a loucos extremos; nos sentimos ao mesmo tempo enobrecidos e desvalorizados, redimidos e condenados. Escutamos que é disso que se trata a vida, que é para isso que ela serve. Porém é esse mesmo reconhecimento que nos faz entender que a vida jamais pode ser tão boa, tão inteira. Com uma clareza que a vida nos nega por suas próprias e boas razões, vemos lugares aos quais nunca poderemos chegar.
Greil Marcus, Ao Vivo no Roxy, de A Última Transmissão.
Greil Marcus, Ao Vivo no Roxy, de A Última Transmissão.
quinta-feira, janeiro 07, 2010
sábado, janeiro 02, 2010
Eu não ligo muito pra essas coisas de começo de ano, final de ano ou qualquer outra coisa do tipo, mas eu fico um pouco de saco cheio quando todo mundo saí pra viajar e restam na cidade só dois ou três gatos pingados e a gente se tromba pra beber e falar bobagem e ás vezes sair atrás de alguma fita ou coisa do tipo enquanto a gente ouve um disco dos Beatles na casa de alguém e pensa nas nossas próprias comédias tragicômicas das nossas vidas. É hoje é sábado, dia dois de Janeiro e minha mãe viajou pra casa do namorado dela em alguma cidade no interior de São Paulo e eu to aqui sozinho em casa porque meu irmão também foi pra praia e eu fico aqui tomando uma dose de Jack Daniels com gelo e ouvindo Tom Waits e pensando em qualquer coisa boa que não me dê calafrios nem má idéias porque afinal, essa é a melhor maneira de se beber um bom uísque ouvindo um bom som.
Eu não sou um bom bebedor de uísque, mas eu gosto, acho um bocado saboroso e mesmo forte me traz umas boas sensações. Aí eu coloco umas pedrinhas de gelo e fico girando e tomo uns goles devagarzinho pra não me foder, e sinto aquela tonturazinha simples do ínicio da bebida e isso me alegra porque bom, não há nenhum motivo pra me chatear.
Fico pensando em como escrever, no que escrever e em como é difícil ser original nos tempos de hoje. É um bocado complicado conseguir expressar tudo o que você sente, tudo o que você faz e as coisas que você pensa de um jeito que não seja batido e entediante. Mas por que tanta preocupação com esse tipo de coisa. Eu nem mesmo sei escrever direito, e apesar de fazer isso a um bocado de tempo, nunca tive a paciência e a coragem necessárias pra tentar alguma coisa séria com esse tipo de coisa. Aí eu sento e escrevo pro meu próprio bem, pra não enlouquecer, ou só mesmo pra escrever sem nenhum propósito espiritual ou explicativo, porque talvez é assim que as coisas devem ser. Só sentar, abrir uma página do blog e escrever, escrever e falar sobre qualquer coisa que passe na cabeça porque eu não to devendo nada pra ninguém, nunca devi e se deus quiser vou continuar não devendo, e é isso que ás vezes faz a coisa ser tão prazerosa e aliviante como é.
To lendo Visões de Cody do Kerouac, mas ando lendo tão pouco e isso tem me deixado um pouco frustrado. Sou preguiçoso pra caramba, aí tento colocar na minha cabeça que tenho que ler ao invés de ficar zapeando bobagens na televisão ou fazendo merda nenhuma no computador, mas ao mesmo tempo eu não quero nunca que ler seja algo obrigatório porque nunca foi, e po, eu sempre me dei muito bem com os livros e mantive uma média de leitura bacana (apesar de nunca fazer contas ou registros, porque acho isso uma coisa bem sem graça), mas ultimamente eu tenho me entretido com tanta coisa boba e penso que seria bacana voltar a ler com a mesma avidez de antes. Sempre penso que quero reler um montão de coisa que não leio faz tempo, tipo Pergunte ao Pó e On The Road pra citar só os meus livros favoritos, mas também penso no montão de coisa que ainda to afim de ler e no montão de livros que comprei e fiz dívidas que ainda estou terminando de pagar e que ainda não li, e é por isso que vou deixar de ser preguiçoso e inútil e voltar a ler mais porque é isso que me salva da bobageira que fica zunindo na minha cabeça.
Também penso em parar de procurar por coisas que não vou achar, e simplesmente deixar elas acontecerem e deixar a coisa toda rodar ao redor só cuidando pra não explodir tudo, porque no final nada é tão ruim quanto parece e a gente só tem que conseguir se manter em pé e com a cabeça tranquila sacando que isso tudo é uma grande viagem e que a gente vai conseguir ficar numa boa, ô se vai, então se liga nisso porque eu não quero morrer pagando contas velhas de coisas que eu não gostaria de ter comprado, e acho que, como disse Kerouac, seria um bocado melhor só "morrer tranquilo com os livros na estante" ou algo que o valha.
Eu não sou um bom bebedor de uísque, mas eu gosto, acho um bocado saboroso e mesmo forte me traz umas boas sensações. Aí eu coloco umas pedrinhas de gelo e fico girando e tomo uns goles devagarzinho pra não me foder, e sinto aquela tonturazinha simples do ínicio da bebida e isso me alegra porque bom, não há nenhum motivo pra me chatear.
Fico pensando em como escrever, no que escrever e em como é difícil ser original nos tempos de hoje. É um bocado complicado conseguir expressar tudo o que você sente, tudo o que você faz e as coisas que você pensa de um jeito que não seja batido e entediante. Mas por que tanta preocupação com esse tipo de coisa. Eu nem mesmo sei escrever direito, e apesar de fazer isso a um bocado de tempo, nunca tive a paciência e a coragem necessárias pra tentar alguma coisa séria com esse tipo de coisa. Aí eu sento e escrevo pro meu próprio bem, pra não enlouquecer, ou só mesmo pra escrever sem nenhum propósito espiritual ou explicativo, porque talvez é assim que as coisas devem ser. Só sentar, abrir uma página do blog e escrever, escrever e falar sobre qualquer coisa que passe na cabeça porque eu não to devendo nada pra ninguém, nunca devi e se deus quiser vou continuar não devendo, e é isso que ás vezes faz a coisa ser tão prazerosa e aliviante como é.
To lendo Visões de Cody do Kerouac, mas ando lendo tão pouco e isso tem me deixado um pouco frustrado. Sou preguiçoso pra caramba, aí tento colocar na minha cabeça que tenho que ler ao invés de ficar zapeando bobagens na televisão ou fazendo merda nenhuma no computador, mas ao mesmo tempo eu não quero nunca que ler seja algo obrigatório porque nunca foi, e po, eu sempre me dei muito bem com os livros e mantive uma média de leitura bacana (apesar de nunca fazer contas ou registros, porque acho isso uma coisa bem sem graça), mas ultimamente eu tenho me entretido com tanta coisa boba e penso que seria bacana voltar a ler com a mesma avidez de antes. Sempre penso que quero reler um montão de coisa que não leio faz tempo, tipo Pergunte ao Pó e On The Road pra citar só os meus livros favoritos, mas também penso no montão de coisa que ainda to afim de ler e no montão de livros que comprei e fiz dívidas que ainda estou terminando de pagar e que ainda não li, e é por isso que vou deixar de ser preguiçoso e inútil e voltar a ler mais porque é isso que me salva da bobageira que fica zunindo na minha cabeça.
Também penso em parar de procurar por coisas que não vou achar, e simplesmente deixar elas acontecerem e deixar a coisa toda rodar ao redor só cuidando pra não explodir tudo, porque no final nada é tão ruim quanto parece e a gente só tem que conseguir se manter em pé e com a cabeça tranquila sacando que isso tudo é uma grande viagem e que a gente vai conseguir ficar numa boa, ô se vai, então se liga nisso porque eu não quero morrer pagando contas velhas de coisas que eu não gostaria de ter comprado, e acho que, como disse Kerouac, seria um bocado melhor só "morrer tranquilo com os livros na estante" ou algo que o valha.
Eu não gosto muito de silêncio, porque começo a me sentir muito sozinho e pirar em diversos barulhos estranhos e em qualquer coisinha tipo um carro passando três ou quatro ruas distantes mas o barulho ressona baixinho ao ponto de você ouvir o motor, o giro dos pneus na curva e o acelerar que indica que ele tá indo embora, e é por isso que eu prefiro ficar ouvindo música na maior parte do tempo, mas ás vezes o silêncio é quase que uma benção que te deixa ali a pensar sobre qualquer coisinha que seja matutando na tua cabeça. Gosto do Kerouac, dos Stones, e gosto quando tá tudo relativamente tranquilo e eu não estou de ressaca, ou pelo menos não numa ressaca chata, e aí eu fico numa boa tomando uma cerveja ou um copo de coca-cola e fumando um cigarro e pensando sobre qualquer coisa e evito em pensar sobre essa ou aquela garota que não quis saber de mim e penso apenas na imensidão do mundo e em o que eu deveria estar fazendo pra dar o fora o quanto antes e ver umas coisas um pouquinho diferentes longe dessas viagens e vidas todas planejadas e entediadas e frustradas que a gente acaba levando na maior parte do tempo.
E aí penso nas pessoas que pensam ser todas diferentes mas que na verdade são todas iguais, e em como isso é deprimente e frustrante pra diabo quando elas se sentam pra falar sobre os planos das suas vidas que são quase sempre utópicos e sem graça, mas aí eu tento organizar as idéias loucas da minha cabeça e parar de pensar em coisas tão chatas assim porque afinal, não há muito tempo a se desperdiçar com esse tipo de coisa e é mais fácil e melhor pensar em maneiras de consertar o que eu entendo por minha vida e aí sim, aí sim conseguir dar um jeito em tudo e curtir um pouco de felicidade, de verdadeira amizade, deixar as bobagens de lado, mas por que será que é tão difícil conseguir fazer isso todos os dias?
Aí chega uma hora em que a poesia é a sua única amiga, mas é um tanto quanto ridículo falar sobre poesia porque a grande maioria das pessoas entende a coisa toda errada. Ou eles pensam naquilo tudo como uma grande viadagem sem sentido ou pensam como um algo espiritualmente elevado e sagrado o suficiente para se venerar e idolatrar uns aos outros mas porra, pra mim é tudo tão mais simples mas também tão belo e sagrado ou até mesmo uma viadagem sem sentido, mas isso tudo pensado de outra forma, porque é simples, é a única explicação. Não há grandes mistérios nem grandes fórmulas nem nada disso, é só um lance fantásticamente simples e mágico de sentar ali e montar verso atrás de verso uma coisa fantástico, e porra, quando alguém consegue fazer aquilo ali bem feito você tem que se segurar pra não pular de felicidade e de contentamento porque tem ou teve um alguém qualquer que CONSEGUIU chegar lá e expressar aquilo que você deu voltas, e voltas e mais voltas pra no mínimo tentar explicar. E não é mesmo fantástico isso tudo? E é claro que é. Ab-so-lu-ta-men-te.
E eu gosto quando alguém chega e diz simplesmente algo como "ei cara não há tempos pra tristezas e maiores preocupações porque o mundo é essa loucura toda e há muita gente boa por aí escondida nos cantos sofrendo suas próprias tragédias e armando suas próprias festas e tudo que a gente tem que fazer é achar elas e nos juntar todos pra então virar uma grande curtição ou lamentação mas que não tem grande importância porque, estaremos todos juntos falando sobre coisas que nos interessam e o resto não vai entender porque eles são muito ignorantes e pobres iludidos com suas bobagens mundanas" e a gente saí batendo a cabeça dia após dia pelos muros da cidade e tentando encontrar essas pessoas fabulosas e trágicas que estão escrevendo, filmando e compondo suas grandes realizações ou suas enormes frustrações em um canto qualquer enquanto nós fazemos o mesmo e rodamos e rodamos e rodamos tentando não enlouquecer e encontrar uma espécie de alma-gêmea ou de grupo de malucos que entendam essas bobagens todas e que também compartilhem disso numa roda com cerveja e cigarros e um bom disco na vitrola e que pelo amor de deus não falem sobre seus planos de ano novo ou de ano velho porque a gente sabe que não existe essa coisa e a vida é todo um colosso de tempo que passa num ZUM muito rápido e inalcançável e o que a gente faz é correr atrás desse raio esquisito tentando surfar nas nossas próprias ondas e alcançar o estado máximo da glória pessoal e a paz de espírito definitiva que vai nos salvar do caos que envolve o mundo.
E aí penso nas pessoas que pensam ser todas diferentes mas que na verdade são todas iguais, e em como isso é deprimente e frustrante pra diabo quando elas se sentam pra falar sobre os planos das suas vidas que são quase sempre utópicos e sem graça, mas aí eu tento organizar as idéias loucas da minha cabeça e parar de pensar em coisas tão chatas assim porque afinal, não há muito tempo a se desperdiçar com esse tipo de coisa e é mais fácil e melhor pensar em maneiras de consertar o que eu entendo por minha vida e aí sim, aí sim conseguir dar um jeito em tudo e curtir um pouco de felicidade, de verdadeira amizade, deixar as bobagens de lado, mas por que será que é tão difícil conseguir fazer isso todos os dias?
Aí chega uma hora em que a poesia é a sua única amiga, mas é um tanto quanto ridículo falar sobre poesia porque a grande maioria das pessoas entende a coisa toda errada. Ou eles pensam naquilo tudo como uma grande viadagem sem sentido ou pensam como um algo espiritualmente elevado e sagrado o suficiente para se venerar e idolatrar uns aos outros mas porra, pra mim é tudo tão mais simples mas também tão belo e sagrado ou até mesmo uma viadagem sem sentido, mas isso tudo pensado de outra forma, porque é simples, é a única explicação. Não há grandes mistérios nem grandes fórmulas nem nada disso, é só um lance fantásticamente simples e mágico de sentar ali e montar verso atrás de verso uma coisa fantástico, e porra, quando alguém consegue fazer aquilo ali bem feito você tem que se segurar pra não pular de felicidade e de contentamento porque tem ou teve um alguém qualquer que CONSEGUIU chegar lá e expressar aquilo que você deu voltas, e voltas e mais voltas pra no mínimo tentar explicar. E não é mesmo fantástico isso tudo? E é claro que é. Ab-so-lu-ta-men-te.
E eu gosto quando alguém chega e diz simplesmente algo como "ei cara não há tempos pra tristezas e maiores preocupações porque o mundo é essa loucura toda e há muita gente boa por aí escondida nos cantos sofrendo suas próprias tragédias e armando suas próprias festas e tudo que a gente tem que fazer é achar elas e nos juntar todos pra então virar uma grande curtição ou lamentação mas que não tem grande importância porque, estaremos todos juntos falando sobre coisas que nos interessam e o resto não vai entender porque eles são muito ignorantes e pobres iludidos com suas bobagens mundanas" e a gente saí batendo a cabeça dia após dia pelos muros da cidade e tentando encontrar essas pessoas fabulosas e trágicas que estão escrevendo, filmando e compondo suas grandes realizações ou suas enormes frustrações em um canto qualquer enquanto nós fazemos o mesmo e rodamos e rodamos e rodamos tentando não enlouquecer e encontrar uma espécie de alma-gêmea ou de grupo de malucos que entendam essas bobagens todas e que também compartilhem disso numa roda com cerveja e cigarros e um bom disco na vitrola e que pelo amor de deus não falem sobre seus planos de ano novo ou de ano velho porque a gente sabe que não existe essa coisa e a vida é todo um colosso de tempo que passa num ZUM muito rápido e inalcançável e o que a gente faz é correr atrás desse raio esquisito tentando surfar nas nossas próprias ondas e alcançar o estado máximo da glória pessoal e a paz de espírito definitiva que vai nos salvar do caos que envolve o mundo.
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