segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Sobre Paul McCartney



Eu sempre tive uma relação conturbada com esse senhor. Não, ele nem imagina quem eu sou, e quase todas as pessoas do mundo que estão inseridas na civilização já ouviram falar ao menos uma vez dele ou de sua antiga banda.

Foi numa das minhas andanças pelas lojas de discos de Buenos Aires e Córdoba que dei uma chance para o, hoje em dia, senhor. Lá estavam os dois discos, Chaos and creation in the backyard e memory almost full, por preços consideravelmente baratos. Coloquei na cesta e levei junto com as dezenas de outros cds que comprava todas ás vezes em que entrava nestas lojas.
Ouvi um pouco durante a viagem, mas como havia mais coisas a se fazer e mais discos a se ouvir acabei os deixando de lado. Ao voltar para São Paulo decidi que era a hora de ver o que tanto ele tinha a dizer, com a devida atenção necessária para se escutar o que um dos maiores compositores e músicos do rock e pop já havia feito.

Grata surpresa ao ouvir um de cada vez. Chaos and creation in the backyard me soou mágico, alegre, animador e porque não... genial. Um tanto curioso, já que estes dois discos em questão foram lançados recentemente (chaos and creation... em 2005 e memory almost full em 2007). Sempre ouvi amigos beatlemaníacos fanáticos comentando sobre seus primeiros discos da carreira solo como fantásticos e geniais. Infelizmente ainda não tive a oportunidade de ouvi-los, mas espero faze-lo em breve.

Então, como ia dizendo, escutei os discos e posso relatar uma melhoria na minha relação com o senhor James Paul McCartney. Meu Beatle preferido sempre foi John Lennon, e mesmo na época entre meus 14 e 15 anos onde eu ouvia o Nevermind the bollocks dos Sex Pistols todos os dias e por fazer a onda de garoto punk dizia não gostar dos beatles e preferir os Stones (na verdade ainda prefiro), sempre preferi o Lennon. Ele sempre me soou mais sincero, mais curto e grosso e original. Talvez uma herança na memória de quando eu era só uma criança e ouvia um disco de best of dele que meu pai tinha em casa. Aquela coisa toda, Give peace a chance, Instant Karma e tudo mais, me conquistou e porque não dizer que marcou um pedaço da minha infância musical. E foi ali, com meus 16 anos, quando comecei a aderir a beatlemania e criar uma das relações mais fortes com uma banda que já tive que também tive meus entreveros com Paul McCartney. Ele era genial, eu sabia disso. Ele havia composto centenas ou milhares de músicas incríveis em parceria com Lennon (e Ringo e George), mas um pouco de sua personalidade ainda me fazia ter o pé atrás com ele.

Agora, algum tempo depois, e conhecendo aos poucos sua carreira solo posso dizer que tenho resolvido minhas diferenças com Macca. A conclusão mais óbvia é a de que ele é um cuzão e um gênio. Desse tipo de cara que eu provavelmente não ia gostar de conversar, mas que eu literalmente amo escutar. É um farsante, um marketeiro, um individualista e um extremo gênio. Eu posso falar hoje, sem problema nenhum, que o senhor Paul McCartney foi um dos grandes responsáveis por eu ser o que eu sou hoje, e será um dos grandes responsáveis pelo que eu venha a ser no futuro. Eu gostaria de apertar a sua mão e dizer que ele é um gênio, mas também gostaria de desprezá-lo como se ele fosse um outro qualquer. E afinal, o que são os grandes gênios? Pessoas como todas as outras, que conseguiram compreender um pouco dessa loucura que se passa nesse mundo caótico em que vivemos e transformar isso em uma bela forma de expressão. É o que eu penso do senhor McCartney, e é o que eu gostaria de dizer a ele se algum dia tivesse a oportunidade, que com certeza nunca vou ter.

Obrigado por ser um grande compositor, por ser um gênio e por ter feito algumas das músicas que vão perpetuar na minha vida como aquelas mais belas canções que traduzem pequenos pedaços da minha vida e da de milhares de outras pessoas espalhadas pelo mundo.

Eu ouvi dizer que você se apresentará no Brasil este ano, e que ainda não há nada certo, mas eu realmente espero que se confirme e se se confirmar pode ter certeza que eu vou estar em uma das primeiras filas, ouvindo tudo o que você tem a tocar e cantar, e te amando e te odiando com uma força descomunal, somente para dizer que você, apesar de não ter sido meu beatle preferido, foi um dos maiores gênios de quem eu tive a sorte de conhecer o trabalho.

Viva seu caos e sua criação no quintal ou onde você quiser. Invada com sua voz e seu baixo os aparelhos de som das pessoas por muitos e muitos anos, e pelo amor de Deus, não se esqueça jamais que você foi aquele garoto de Liverpool que conheceu John Lennon na escola e que formou com ele os Quarrymen, que posteriormente viriam a se tornar aquela que é talvez a maior banda da história. Nunca se esqueça disso, e nunca se esqueça que milhares de jovens dependem de tudo que você e aqueles três outros garotos fizeram.

Um comentário:

M.Klein disse...

pô Hellboy, quase chorei com esse post.
Boa sorte no trabalho novo.
M.