quarta-feira, fevereiro 25, 2009

the times they are a-changin




É a madrugada de terça de carnaval para quarta de cinzas e eu estou em casa ouvindo ao fabuloso disco The times they are a-changin do Bob Dylan e curtindo o fim de uma ressaca que durou o dia inteiro após uma noitada arrasadora na última noite. Não há do que reclamar sobre o carnaval. Um monte de pessoas dizem que odeiam, que nao suportam samba e o caralho a quatro, e eu sinceramente posso concordar com eles em diversos fatores, mas também não consigo desprezar completamente uma festa que celebra a boêmia e nos dá alguns dias para fazermos o que quisermos. Esse é um dos poucos fatores que me faz gostar do Brasil. Eu amo feriados. Mesmo com aquele ar melancólico e as lojas fechadas, ruas desertas e todos em suas casas comendo lasanhas em almoços de família e bebendo coca-cola e arrotando e falando sobre seus planos, seus problemas, suas soluções e toda essa porra, que eu também não consigo ter nada contra e sinceramente até consigo ver uma boa graça nisso. Não que eu costume passar por essa situação com frequencia, mas não tenho mais a rebeldia contra a instituição família. Eles podem ser um grande trunfo quando você aprende a lidar com eles, e uma coisa ótima quando você os vê somente de tempos em tempos e pode ficar em seu canto tranquilo, fazendo suas coisas e tocando sua vidinha sem grandes chateações.

As coisas estão melhorando. Não aconteceu nada tão maravilhoso como Deus descer do céu apontando para mim e me fazendo um grande rockstar e me dando um cupom com direito a bebida grátis em todos os bares do mundo até o fim da minha vida, mas aos poucos as coisas estão se ajeitando. Posso sentir uma paz espiritual tranquila, e começo a perceber que posso encarar as coisas de maneira diferente. Como eu sempre digo, eu só tenho que seguir os trilhos e rezar pra não ser atropelhado por um trem, e pode crer que pelo menos agora não há trem nenhum no caminho e as coisas estão bem tranquilas e melhores do que eu esperava. Não fiz nenhuma porra de promessa, de desejo, de mandinga, de oração ou de qualquer coisa assim, mas as coisas estão ficando numa boa aos poucos e isso me agrada. Pode ser que amanhã tudo vire de cabeça para baixo de novo, mas sinto que se eu puder manter a tranquilidade essas coisas não vão me abalar tanto como já abalaram outrora. E saca só, não é difícil, não mesmo. É mais fácil do que parecia. Eu posso ficar em casa, tomar uma cerveja, ver um bom filme, ler um bom livro e escutar um bom disco de rock enquanto espero a tempestade passar lá fora. E depois sair e ver a merda do árco-íris e "Oh Deus", pensar em como tudo não passou de um delírio.

Eu ainda acho que há motivos para acreditar, e não me pergunte em o que acreditar. Eu só continuo seguindo em frente, parando para abastecer o cantil e comprar cigarros e caminhando enquanto cantarolo alguma música do Dylan que quase nunca sei a letra inteira e correta. E se a chuva voltar a cair tenho minha japona, e se uma tempestade começar tenho meu abrigo, e se o sol continuar eu posso continuar andando até o fim do arco-íris onde talvez eu ache a porra do pote de ouro ou meu cupom de bebida grátis e eterna.


Come gather 'round people
Wherever you roam
And admit that the waters
Around you have grown
And accept it that soon
You'll be drenched to the bone
If your time to you
Is worth savin'
Then you better start swimmin'
Or you'll sink like a stone
For the times they are a-changin'.

Come writers and critics
Who prophesize with your pen
And keep your eyes wide
The chance won't come again
And don't speak too soon
For the wheel's still in spin
And there's no tellin' who
That it's namin'
For the loser now
Will be later to win
For the times they are a-changin'

Come senators, congressmen
Please heed the call
Don't stand in the doorway
Don't block up the hall
For he that gets hurt
Will be he who has stalled
There's a battle outside
And it is ragin'.
It'll soon shake your windows
And rattle your walls
For the times they are a-changin'.

Come mothers and fathers
Throughout the land
And don't criticize
What you can't understand
Your sons and your daughters
Are beyond your command
Your old road is
Rapidly agin'
Please get out of the new one
If you can't lend your hand
For the times they are a-changin'

The line it is drawn
The curse it is cast
The slow one now
Will later be fast
As the present now
Will later be past
The order is
Rapidly fadin'
And the first one now
Will later be last
For the times they are a-changin'.

(Bob Dylan)

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