foi no 2º andar na rua Coronado
eu costumava ficar bêbado
e atirar o rádio pela janela
enquanto estava tocando, e, claro,
iria quebrar o vidro da janela
e o rádio ficaria lá no telhado
tocando
e eu diria a minha mulher,
“Ah, que rádio maravilhoso!”
no dia seguinte eu tiraria a janela
das dobradiças
e a levaria pela rua
até o vidraceiro
que iria colocar em outro painel
Eu continuei atirando o rádio através da janela
toda vez que eu me embebedava
e ele ficaria no telhado
ainda tocando-
um rádio mágico
um rádio com coragem
e toda manhã eu levaria a janela
de volta ao vidraceiro
Eu não lembro quando isso terminou exatamente
embora eu me lembre de
quando finalmente nos mudamos
havia uma mulher no andar de baixo que trabalhava no
jardim em seu maiô
ela realmente cavava com aquela pá
e ela colocava seu traseiro pra cima
e eu costumava sentar na janela
e ver o sol brilhar sobre aquela coisa toda
enquanto a música tocava
Charles Bukowski
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