Agora trabalho. Sou assistente de fotografia. Carrego as tralhas da câmera e ajudo a montá-las e a desmontá-las. Ajudo a escolher ângulos, luzes e outras coisas. Mexo em flashes, meço a luz ambiente entre outras tarefas. Não é um trabalho chato. Meu chefe é um um cara legal. Me chamou porque precisava de alguém que o ajudasse e porque sabia que eu estava desempregado. Não trabalho todos os dias, só quando rola trabalho para ele também. Não ganho muito, mas o suficiente para ajudar em algumas despesas. Não tenho do que reclamar. Se fosse trabalhar na minha área agora provavelmente só conseguiria malditos estágios em assessorias de imprenssa. Definitivamente não quero trabalhar com isso. Nem sei com o que quero trabalhar.
Então enquanto isso vou vivendo. Estou feliz de estar de volta a São Paulo. A Augusta ainda é a mesma, e me alegra até quando é ruim. Estou vencendo meus demônios, pouco a pouco. Os exorciso com calma e perseverança. A maré parece estar mudando. As coisas parecem estar timidamente melhorando. Não vou me empolgar antes da hora. Já quebrei a cara muitas vezes por fazer isso.
Não tenho bebido tanto. Tenho fumado muito. Estou feliz por ter viajado, e mais feliz ainda por ter voltado. Estou contente por ter comprado dezenas de discos. Não canso de escutá-los e de mexer em seus encartes e capas. Me divirto um bocado com isso. Não vejo bons filmes há muito tempo. Tenho sentido muita falta disso. Tenho lido em uma velocidade muito abaixo do que costumava ler, mas os livros ainda me agradam e junto com os discos continuam sendo meus melhores amigos.
Sinto a falta de algumas poucas pessoas. Ignoro a existência de diversas outras. Me alegro em tomar uma cerveja sozinho num sábado a noite. Me alegro em fumar um cigarro de frente para a mesma janela de sempre. A cortina se rompeu. Nada muito difícil de consertar, mas um pouco trabalhoso. Sou muito preguiçoso para ter vontade de fazer isso, então vou deixando para a semana que vem. Vou precisar de uma furadeira, duas buchas de prego e alguma ânimo. Talvez alguma ajuda, quem sabe o zelador do prédio.
Amanhã vou ao estádio. Tem jogo do meu time contra um grande rival. Sou apaixonado por esse esporte. Já tive alegrias e tristezas, e as mais diversas emoções. Já tive coisas boas e ruins, já encarei de diferentes formas, mas hoje sei que é apenas um esporte, um apaixonante esporte e "a coisa mais importante dentre as menos importantes" nas sábias palavras de um autor desconhecido para mim.
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