Não gosto de pessoas com muita auto-confiança. Nem mesmo tenho a paciência necessária pra passar algum tempo perto desses tipos. Ontem, na festa que eu fui havia um tipo assim. Eu estava lá, tomando a minha cerveja e ouvindo ao Elvis cantar Such a Night até que três conhecidas começaram a conversar logo a meu lado. "bla bla bla, porque eu já fiz várias faculdades, agora estou fazendo bla bla bla e quando terminar vou fazer bla bla bla". A conversa prosseguia e eu me irritava de ter que compartilhar daquele (in)feliz momento da conversa. O papo descambou pros lados de línguas e idiomas. E lá estava novamente a auto-confiante para se exibir como um pavão vencedor de um concurso de beleza - "bla bla bla, eu estudei num super colégio foda e bla bla bla, aprendi várias línguas e bla bla, tenho uma super base, bla bla". Eu não sei se ela pensou que aquilo era uma entrevista de emprego, mas acho que com as cervejas e os cigarros nas nossas mãos e o rock no alto volume não seria difícil perceber que estava enganada. A prosa ia de vento em popa, e vez ou outra eu era questionado sobre minha opinião, dava um ou dois pitacos e ficava quieto encarando minha cerveja e torcendo pra que aquilo logo acabasse. Mas que nada, é claro que ela continuava, afinal, é necessário exibir suas qualidades para que todos vejam o quanto você é fodona. "bla bla bla, li vários livros, todos no original, bla bla bla". Era o bastante pra mim. Eu não era digno de ficar perto de uma pessoa com tamanhas qualidades, e meu saco já não aguentava mais. Levantei e dei uma rodada pela festa. Várias garotas bonitas, todas acompanhadas de playboys metidos a maconheiros malandros. A essa altura já haviam tirado o Elvis e tocavam Strokes e outras porcarias. Era o bastante pra mim. Fui até o rádio e coloquei Stones. Era o mínimo que eu podia fazer.
O tempo passou, a cerveja acabou e não demorou pra quase todo mundo ir embora. Mas os que sobram sempre são os mais persistentes, e lá estavamos nós fazendo vaquinha e indo até o mercado para comprar mais uma boa remessa. Festa reabastecida, continua com os highlanders que ainda não tiveram suas cabeças cortadas pela noite. Uma roda com os últimos dez. Violão passando de mão em mão. Um primo do aniversariante é músico. Ele pega o violão e toca uma de suas músicas. É uma música bacana e eu caio no erro de fazer um elogio. Depois disso tenho o desprazer de descobrir que ele é um incrível chato que passará a próxima meia hora me aporrinhando com papos sem graça e tentando mostrar como ele é um músico que pode dar certo. Ele pega o violão de novo e começa a tocar The Doors. Outro rapaz se junta com ele e eles vão até outro canto ficar tocando e cantando em paz. A conversa rola solta e agora sim é prazerosa. Mas claro, a noite é uma tremenda enganadora e quando você pensa que vai ficar tudo bem a sua carona está indo embora. E lá vou eu, feliz por voltar pra casa e por estar de férias.
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