sexta-feira, fevereiro 18, 2011
Estou no céu quando você sorri
Os dias se arrastando e eu ouvindo Van Morrison e os Kinks o tempo todo. Moondance, Saint Dominic's Preview, Arthur, Lola vs The Powerman and the money go round, village green preservation society. Disco e discos e música de qualidade me animando em dias preguiçosos e sonolentos, passando o tempo inteiro no meu quarto de pensão, bebericando cervejas e andando por São Paulo, lugares incríveis, preços abusivos, garotas maravilhosas que nunca vou conhecer. É tudo um pouco Nova Iorque, é tudo muito São Paulo, e quase nada de Londrina. Sinto falta dos amigos. Sinto falta de coisas que não sei quais são. E tudo vai passando devagar e o mundo girando enquanto lembro de sonhos juvenis. Ter uma lambretta, uma jaqueta de couro e ouvir Eddie Cochran o tempo todo. Uma garota loira, ou ruiva, ou até mesmo morena, de vestido de bolinha, agarrada na minha cintura. A lambretta voando e zunindo pelas ruas desertas. Mas São Paulo não tem ruas desertas, e eu não tenho uma lambretta, e nem mesmo uma garota loira, ruiva, ou até mesmo morena. Tudo o que eu tenho são esses sonhos esquisitos e dias tediosos, mas ainda assim, fantásticos. Não sei por que razão eu sou assim. E não sei por que razão eu gosto de ser assim. Ás vezes desgosto, é claro, mas, não há nada demais. Sol e chuva o tempo todo, o verão estranho derrubando água atrás de água e a cidade virando um caos inatingível com seu trânsito e pessoas apressadas indo e voltando do trabalho, da faculdade, de qualquer lugar. Conheci uma garota, ruiva, linda de morrer. Mas ela não gosta dos Beatles. Como alguams pessoas não gostam dos Beatles? Não consigo entender. Mas ela era uma graça. Ela gosta de punk rock, e isso também é legal. Eu também gosto bastante de punk rock, mas confesso que já gostei mais. Mas ela sorri de um jeito especial, e algo acontece quando garotas bonitas sorriem pra mim. E vejo os pobres diabos que jogam xadrez ás quatro horas da tarde em praças do centro da cidade. E fumadores de crack pedindo esmolas, o centro todo decadente, todo feio, perigoso e estranho, o mais Nova Iorque que a América do Sul já conseguiu chegar. Jackie Wilson disse Reet Petite e eu estou no céu quando você sorri.
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Um comentário:
e ai que um dia eu vou falar que o Gabriel foi o segundo maior poeta das américas.
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