Tudo como sempre enquanto eu ouço ao Lou Reed cantando walk on the wild side e sinto calor mas tenho preguiça de levantar pra ir abrir a janela. É uma sexta a noite e eu poderia sair por aí e beber com qualquer pessoa em qualquer lugar mas provavelmente vou acabar ficando por aqui mesmo, porque eu quase nunca visito meu pai e quando isso acontece a gente já começa a se desentender por eu não ser como ele queria que eu fosse e ele não ser como eu queria que ele fosse.
Pra piorar ele disse pra mim nem me inscrever no Mackenzie porque se eu passar ele não vai pagar mesmo. Falou pra eu estudar e entrar na Cásper ou na uel, o que como vocês podem imaginar provavelmente não vai acontecer, e eu vou continuar morando em Londrina, fazendo cursinho e fazendo as mesmas coisas de sempre e vendo a vida passar.
Pelo menos aqui tem o videogame. É divertido pra passar o tempo. Acho que tem umas latas de cerveja na geladeira também. Essa é uma das vantagens da casa do meu pai, quase sempre tem cerveja na geladeira. Uma das desvantagens é que ele não gosta que eu beba muitas, e nos uísques não posso nem pensar em mexer.
É chato pensar que eu vou acabar ficando como sou agora pra sempre. E que as coisas vão acabar ficando assim pra sempre. Eu falo isso em todo post, mas o blog é meu e eu quero que vocês se fodam, mas quem acaba se fodendo quase sempre sou eu mesmo. Que dramático isso. Um pouco exagerado também, mas também tem seu lado verdadeiro. Eu devia aprender a me contentar com o que eu tenho e parar de reclamar. E eu também podia aprender a ter força de vontade pra fazer alguma coisa, mas acho que a única coisa pra qual eu tenho força de vontade é pra tomar umas cervejas e reclamar da vida. É por isso que eu digo que sou um velho de 17 anos. Fora o meu sedentarismo e minha já cultivada barriga de chopp que fazem um conjunto perfeito com o meu espírito idoso.
Fazia um tempão que eu não ouvia o Transformer do Lou. Um disco do caralho, o melhor dele pra mim. Eu já cheguei a ter esse disco por alguns dias. Foi quando um amigo ia mudar de país e colocou uns discos pra vender.Eu lembro que comprei esse, o primeirão dos Modern Lovers por uma pechincha, o Singles going steady dos Buzzcocks e o Lust for Life do Iggy, com aquela capa amarela e a foto dele dando um sorrisão. Fiquei babando no The Idiot do Iggy também, mas não tinha grana pra comprar. Uns dias depois eu voltei lá e perguntei se ele não trocava pra mim o Transformer pelo The Idiot que eu pagava a diferença que era tipo uns 5 reais a mais. Também pesou na decisão o fato de o The Idiot ser importado e o Transformer nacional. Um ano depois um amigo chegou pra mim e me contou que o The Idiot tinha sido lançado nacional e que ele tinha comprado por 12 reais no Carrefour, um monte de reais mais barato do que eu tinha pagado um ano atrás.
O bom desse feriado é que eu sai ontem, não vou sair hoje e fico tranqüilo porque amanhã ainda é sábado e aí provavelmente eu saio novamente. Foda que não tem nada pra fazer, pra variar um pouco a “enormidade” de opções da megalópole que é Londrina. O lance é chegar em qualquer canto e ficar bebendo por lá. Eu devia ter ido viajar, mas não tinha grana e meu pai provavelmente não ia querer pagar as passagens e tudo mais. E eu também to meio cansado de chegar lá e ficar dando trabalho pras boas pessoas que me hospedam e que querem curtir seu feriado sossegadas e longe de qualquer tormento, leia-se eu.
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