terça-feira, agosto 07, 2012

Basta!


vamos dizer que uma hora eu simplesmente desisti
veja bem, não havia mais motivos.
pra que despejar tanta bobagem no papel?
pra que gastar os miolos com versos tão inúteis,
tão mesquinhos, tão fúteis?
oras, muitos outros haviam feito isso de forma muito melhor.
quanta petulância! crer que esses pequenos acontecimentos
tão pouco graciosos e tão desprovidos de paixão
rendessem um romance? um poema azarão.
por favor, basta! Outros mereciam mais.
Então, toquei a vida. E ela foi dura.
Foi cruel e foi muito má.
Paciência - pensei ali.
Tudo isso há de passar.
Não vá se meter com as letras, garoto.
Não vá se meter a escrever.
Suas palavras são tão pouco jeitosas
tão pouco proveitosas
tão pouco honestas
mas muito abundantes
muito desnecessárias
muito exaltadas!
Oh - por Deus!
Se Arthur Rimbaud me ensinou algo
foi a não me meter com tais bobagens.
Mas eu, teimoso, teimei novamente
e persisti no erro
crasso, que me acabou custando
muitas coisas melhores.
Veja bem, minha querida
As coisas que eles escrevem nos livros
não funcionam tão bem na vida.
As palavras dos poemas
tão bonitas e dispostas em belos esquemas
não honram com minhas próprias
e pobres comiserações.
Não há de que se preocupar
Outros melhores vieram
outros melhores virão
A mim basta
de escrever essas palavras
tão mesquinhas, tão fúteis
mas tão cheias
de paixão.

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