quarta-feira, março 16, 2011

Depois da tempestade dourada, aonde os bares continuam abertos

E de repente eu me lembro de noites não tão distantes assim, eu e meu grande amigo Kurt na Parati de seu pai, escutando o After The Gold Rush, bêbados, indo atrás de drogas, indo atrás de garotas, indo atrás de bares, sacando que apesar daquela cidade ser um poço de indiferença e tédio nós ainda sacavámos alguma coisa, ainda estavamos tentando alcançar alguma coisa, porque, por Deus, a vida ainda pode ser boa quando quer. E pra falar a verdade, não tinha nada demais acontecendo naquela época. Nós dois andavamos muito tristes por causa de garotas que tinham nos abandonado, e aquele disco do Neil Young caía como luva pros nossos estados de espírito, abandonados e tristes, e tentando de alguma forma alcançar o céu, nosso próprio céu, não importando o que ele significasse. E é odioso pensar que na época não valorizávamos muito aquilo. Parecia só o tédio, e mais nada. Mas tinhamos um ao outro, uma grande amizade, um grande parceiro esse Kurt, e nós divagávamos sobre nossas decepções sem entrar em muitos detalhes, porque claramente não nos sentiamos bem falando daquilo com ninguém, nem com nós mesmos. E tudo isso fica ainda mais claro agora, percebendo que esses dias nunca mais vão voltar. O que nós podíamos ter feito? Nós vivemos. Era o que nos restava fazer. E agora restaram essas lembranças. Bons tempos, eu te digo. Apesar de tudo, apesar de tristezas, amarguras e outras coisas ruins, nós vivemos bons tempos. Nos embebedamos e lamentamos, e corremos atrás de diversão, na maioria das vezes não a encontrando, mas nós corremos atrás, e eu te digo aqui, que devo agradecer esse meu grande amigo e a vida e até mesmo aquela garota que acabou comigo na época, por entender que eu era um miserável, mas eu ainda tinha algo pra correr atrás. E independente do que fosse, eu iria correr atrás. E muito obrigado a todos eles, a Neil Young, e aos bares que permaneciam abertos até ás cinco da manhã. Sem esse tipo de coisa, talvez eu não soubesse mais o que fazer. Mas será que um dia eu soube?

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