segunda-feira, março 28, 2011

- O que você faz?
- Sou escritor.
- Que tipo de escritor?
- Do tipo que ninguém lê.

terça-feira, março 22, 2011

but I'd never knew
what could I've done
without you.

segunda-feira, março 21, 2011

i think about you
everytime
i'm all alone
and i'm all alone
everytime
i think about you.
what can I do, my lover
now that the beer
is over.

some girls made it worth

some girls
they made it worth
they made it worth everytime they
say they love us
and they love our sad poetry
(even if it's not true)
there are some girls
who smile sincerely
and made me believe
about a whole new world
of good things
(even if this world don't exist)
but these girls
made it all worth
i hope i can say
that i love 'em
even if they're just
three of then.

domingo, março 20, 2011

foi em vão
ou não?
eu não sei
nunca soube
e acho que nunca
vou saber
o que eu faço
pra você
não me esquecer?
pros diabos, baby
acho que eu finalmente
cansei de sofrer.
você pode não acreditar
mas há pessoas cujo simples sorriso
nos faz acreditar
em algo
melhor.
- Você não faz o meu tipo.
- E quem faz?
- Basicamente, ninguém.

Confession

waiting for death
like a cat
that will jump on the
bed

I am so very sorry for
my wife

she will see this
stiff
white
body
shake it once, then
maybe
again

"Hank!"

Hank won't
answer.

it's not my death that
worries me, it's my wife
left with this
pile of
nothing.

I want to
let her know
though
that all the nights
sleeping
beside her

even the useless
arguments
were things
ever splendid

and the hard
words
I ever feared to
say
can now be
said:

I love
you.

Charles Bukowski

quarta-feira, março 16, 2011

We are all in the gutter, but some of us are looking at the stars.

Oscar Wilde

Depois da tempestade dourada, aonde os bares continuam abertos

E de repente eu me lembro de noites não tão distantes assim, eu e meu grande amigo Kurt na Parati de seu pai, escutando o After The Gold Rush, bêbados, indo atrás de drogas, indo atrás de garotas, indo atrás de bares, sacando que apesar daquela cidade ser um poço de indiferença e tédio nós ainda sacavámos alguma coisa, ainda estavamos tentando alcançar alguma coisa, porque, por Deus, a vida ainda pode ser boa quando quer. E pra falar a verdade, não tinha nada demais acontecendo naquela época. Nós dois andavamos muito tristes por causa de garotas que tinham nos abandonado, e aquele disco do Neil Young caía como luva pros nossos estados de espírito, abandonados e tristes, e tentando de alguma forma alcançar o céu, nosso próprio céu, não importando o que ele significasse. E é odioso pensar que na época não valorizávamos muito aquilo. Parecia só o tédio, e mais nada. Mas tinhamos um ao outro, uma grande amizade, um grande parceiro esse Kurt, e nós divagávamos sobre nossas decepções sem entrar em muitos detalhes, porque claramente não nos sentiamos bem falando daquilo com ninguém, nem com nós mesmos. E tudo isso fica ainda mais claro agora, percebendo que esses dias nunca mais vão voltar. O que nós podíamos ter feito? Nós vivemos. Era o que nos restava fazer. E agora restaram essas lembranças. Bons tempos, eu te digo. Apesar de tudo, apesar de tristezas, amarguras e outras coisas ruins, nós vivemos bons tempos. Nos embebedamos e lamentamos, e corremos atrás de diversão, na maioria das vezes não a encontrando, mas nós corremos atrás, e eu te digo aqui, que devo agradecer esse meu grande amigo e a vida e até mesmo aquela garota que acabou comigo na época, por entender que eu era um miserável, mas eu ainda tinha algo pra correr atrás. E independente do que fosse, eu iria correr atrás. E muito obrigado a todos eles, a Neil Young, e aos bares que permaneciam abertos até ás cinco da manhã. Sem esse tipo de coisa, talvez eu não soubesse mais o que fazer. Mas será que um dia eu soube?

segunda-feira, março 14, 2011

fora da cidade essa noite

não é nada além
do que eu já disse antes.
continuo bebendo
continuo fumando
e até sonhando.
oh, baby, gotta get out of this town
tonight.

mais do que você jamais vai saber

é tudo mentira
você nunca me amou
nem você nem ninguém
mas você acha que eu ligo?
não, eu não ligo
eu continuo tendo
meus discos e livros
e nada do que você diga
vai mudar isso.
eu prefiro ficar
quieto no meu canto
eu prefiro chorar,
desabar em pranto
mas eu não vou mais me arrastar
oh, eu não vou mais me humilhar
eu ainda prefiro
ficar quieto no meu canto.
você acha qeu eu ligo?
afinal de contas eu ainda tenho
meus discos e livros.
e isso é mais do que você
jamais vai saber.

esses versos sem-vergonha

baladas de punk rock
sobre garotas que se foram
garotos bêbados que tocam guitarras
arregaçando os amplificadores.
mas eu não toco guitarra
na verdade eu não toco é nada.
aí eu sento aqui, escrevo esses versos sem-vergonha
pensando nos amores que eu tive e que se foram
pensando em dar um gole de uísque direto da garrafa
mas já tá meio tarde, e amanhã eu tenho que trabalhar.
então eu desencano, deixo a ideia pra lá.
e ouço mais uma balada punk rock
pensando o que eu devo fazer
pra tudo melhorar.

Elvis Presley tocando na madrugada

Elvis Presley tocando na madrugada.
eu solitário no meu quarto.
Oh baby, tu não imagina
a falta que me faz.
oh baby, tu não imagina que estranho
é ficar ouvindo o alarme dos carros disparados na rua
ás 02:17, totalmente sozinho, lendo um livro e imaginando
que diabos acontece quando a gente passa por algumas curvas da vida.
oh baby, tu não imagina
a falta que me faz.
tu não imagina
e nunca vai imaginar.
mas não tem problema.
de alguma forma
eu nunca vou te abandonar.

sexta-feira, março 11, 2011

Uma Noite em Newhaven

Subitamente, senti-me tão tremendamente feliz que tive ímpetos de levantar-me e gritar ou cantar. Mas só podia pensar: "Bon voyage!". Que frase aquela! A gente passa a vida inteira vagabundeando por aí, a murmurar uma frase tomada por empréstimo aos franceses, mas, será que alguma vez, realmente, chegamos a fazer uma boa viagem? E será que compreendemos que, mesmo quando caminhamos até o bistrô ou até o armazém da esquina, o que estamos fazendo é partir numa viagem, da qual talvez não retornemos jamais? Se acaso sentíssemos intensamente que cada vez que zarpamos de casa, embarcamos numa viagem, será qeu nossas vidas seriam um pouco diferentes do que são agora? Enquanto fazemos nossa viagenzinha à esquina, a Dieppe, a Newhaven, ou a outro lugar qualquer, a Terra também está viajando, para ninguém sabe onde, nem mesmo os astrônomos. Mas, todos nós, quer nos movamos daqui à esquina, ou daqui à China, viajamos juntos com nossa mãe, a Terra, que viaja junto com o Sol, o qual, por sua vez, arrasta consigo todos os planetas... Marte, Mercúrio, Vênus, Netuno, Júpiter, Saturno, Urano. O firmamente inteiro viaja, e, se você prestar atenção, poderá ouvir o ecoar de um "Bon Voyage!" "Bon Voyage!" Se você se mantiver bem quieto, sem fazer perguntas tolas, compreenderá qeu viajar nada mais é que uma idéia; que tudo na vida se resume nisso, numa viagem dentro de outra. Que a morte não é a última delas, mas o princípio de uma outra, cujo porquê e destno desconhecemos. Mas, mesmo assim, "Bon Voyage!" Tive vontade de levantar-me e cantar tudo isso em dó menor. Via o Universo como uma rede de caminhos, alguns profundos e invisíveis como as órbitas planetárias; e, nesse vasto e nebuloso ziguezaguear pelas passagens fantasmagóricas, existentes entre um domínio e outro, podia ver todos os seres, animados e inanimados, acenando uns para os outros: as baratas para as baratas, as estrelas para as estrelas, o homem para o homem, Deus para Deus. Todos a bordo, para a grande viagem a lugar nenhum. Mas, de qualquer maneira, "Bon Voyage!" Da osmose ao cataclismo, tudo é perpétuo movimento, vasto e silencioso. Permanecer imóvel, dentro deste grande e alucinado movimento, mover-se com a Terra, por mais que ela cambaleie, unir-se às baratas, às estrelas, aos homens e aos deuses, isso é viajar! E, lá fora, no espaço onde nos movemos, onde deixamos nossas trilhas invisíveis, será possível que se ouça um eco débil e sarcástico, uma vozinha inglesa, untuosa e anêmica, perguntando com incredulidade:

"Ora, vamos, Sr Miller, não me está querendo dizer que também escreve livros de medicina?"

Sim, por Cristo, agora posso afirmar com a consciência tranquila. Sim, Sr João-Ninguém de Newhaven, eu também escrevo livros de medicina, maravilhosos livros de medicina, que curam todos os males no tempo e espaço. De fato, agora mesmo estou escrevendo o maior de todos os purgativos da consciência humana: o sentimento de viagem!

Henry Miller - Dias de Clichy e Uma Noite em Newhaven

Feliz Ano Velho

Foi o que eu prometi a mim mesmo. "Se eu não voltar a andar, darei um jeito qualquer pra me matar." Era bom pensar assim. Eu não tinha medo de morrer. Era muito mais fácil a morte que a agonia daquela situação.

- Parabéns, Marcelo. Foram vinte anos bem vividos. Deixará muitas saudades, alguns bons amigos, umas fãs. Fique tranquilo, o Cassy sabe tocar algumas de suas músicas. Um dia, quando ele gravar um disco, irão saber que você existiu. Mas também, se não souberem, tanto faz. De que vale a eternidade? Um orgasmo dura poucos segundos. A vida dura poucos segundos. A história se fará com ou sem a sua presença. A morte é apenas um grande sonho sem despertador para interromper. Não sentirá dor, medo, solidão. Não sentirá nada, o que é ótimo. O sol continuará nascendo. A terra se fertilizará com o seu corpo. Suas fotografias amarelarão nos álbuns de família.
Um dia alguém perguntará:

- Quem é esse cara da fotografia?
- Ninguém que interesse.

Meu R.G. irá para outra pessoa. Meu violão se desintegrará em algum depósito de velharias. Meu gravador será roubado por um trombadinha. As cuecas, minhas irmãs poderão guardar para seus filhos, mas aconselho jogar fora, pois até lá já estarão fora de moda...

Marcelo Rubens Paiva - Feliz Ano Velho