quinta-feira, julho 17, 2008
Nada diferente do que sempre foi
Meus dias tem sido quase nulos e minhas noites tão longas que chegam a ser insuportáveis em alguns momentos da madrugada. Tenho me afundado em cigarros e cafeína. Tenho me debruçado sobre mesas e sofás e dormido mais do que eu dormia antes. Ando pouco e pelas redondezas. Preciso fazer um esforço tremendo para me arrastar por aí. Tenho tido uma preguiça jamais sentida antes. Acabo maços de cigarros e garrafas de coca-cola enquanto ouço aos Beatles. Penso no que eles têm a me dizer e reflito sobre isso. Tenho me apaixonado loucamente por garotas de fotografias na tela do computador. Garotas essas que provavelmente nunca vou conhecer e com certeza nunca vou ter. Sonhos impossíveis na realidade, vividos dia após dia. Tenho tido pesadelos estranhos e desejado não acordar de meus sonos cada vez mais longos e profundos. Ando pelos cômodos do apartamento como um insone atormentado. Abro gavetas e mexo em armários tentando encontrar qualquer coisa que me traga animação ou me entretenha por algum tempo. Ainda penso em todas as coisas e minhas vontades e decisões se contradizem em questão de minutos. Ás vezes quero ir e em outras quero ficar. Ás vezes quero sorrir e em outras chorar. As incertezas batendo fundo no peito e a alma perturbada implorando por algo novo. A inércia agindo sobre mim e seus efeitos sentidos dia a dia. Momentos de felicidade e distração aliviando frustrações tolas de sonhos de juventude. Todas as coisas relatadas fielmente em rascunhos de textos no computador. As teclas sendo batidas com força, como numa máquina de escrever. Minha alma sendo impressa no papel a cada toque. Meus sonhos se diluindo em copos de bebida e em ressacas de tardes ociosas. As latas e garrafas de cerveja se empilhando no canto da cozinha. Nada diferente do que sempre foi.
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