terça-feira, abril 01, 2008

29 de março de 2008 – 22:43

Estou aqui, no sábado a noite sentado na minha cama no meu quarto de pensão ouvindo os Smiths e curtindo o fim de uma ressaca um tanto quanto considerável e pensando em uma garota que conheci ontem mesmo e que é um arraso. Não vou me estender no assunto, não estou muito a fim de falar sobre isso agora, mas confesso que seria ótimo se ela me ligasse e me chamasse pra cair em algum bar ali perto da Augusta e a gente pudesse ficar juntos bebendo cerveja e fumando cigarros e eu mostraria meus textos pra ela e depois me envergonharia e ficaria constrangido pela pobreza e dramaticidade dos meus escritos, mas ela passaria a mão na minha cabeça e diria que eu escrevo muito bem e que sou um baita escritor e todas essas coisas que eu ia gostar de ouvir e me sentir mais feliz.

Mas voltando ao assunto, acordei com uma certa ressaca um tanto quanto estranha e nem ao menos sei o porque disso, tendo em conta que não bebi muito ontem (pelo menos não o tanto suficiente para me deixar com uma ressaca que me derrubasse como aconteceu) mas creio que talvez seja pelo fato de ter tomado algumas doses de vodka com guaraná e eu sei bem que não posso com essa bebida, que é talvez a única bebida que eu não goste e não deva tomar, mas quando já havia bebido um monte ela apareceu na minha frente e aí não tinha como negar. De qualquer forma eu estou melhorando. Exceto o fato de que estou com muito calor (penso que agora deveria ligar o ventilador e deixar o texto de lado por alguns segundos, e é exatamente isso que vou fazer). Ok, ventilador ligado na velocidade 1 e se o calor persistir aumentarei para a 2 e posteriormente para a 3. Um grande problema desse ventilador, ou da energia dessa casa e mais exatamente do meu quarto é que não sei por quais motivos quando o notebook e o ventilador estão ligados ao mesmo tempo (o que é bastante freqüente) o ventilador, em qualquer velocidade que estiver faz um barulho muito maior do que o normal, como se girasse com mais violência e funcionasse com algum tipo de raiva por ter que dividir a energia com o computador. Eu devo estar pirando, esse raciocínio foi talvez uma das maiores besteiras que eu já ouvi.

Eu volto a pensar na garota, de certo modo ela esta um tanto quanto presa a minha cabeça, pelo menos hoje está. E aí eu começo a pensar, aqui comigo mesmo, o que ela deve estar fazendo agora¿ Talvez bebendo e fumando, ou trepando, ou vendo algum programa ruim na televisão, ou comendo os restos do almoço comprado em algum restaurante que vende massas e assados, ou talvez ela esta jantando em algum restaurante legal na companhia de umas pessoas. Vai lá saber. O certo é que eu gostaria de saber, mas agora não tem como. Tudo bem, eu supero isso. Os efeitos da ressaca estão passando e penso que talvez seria legal esticar até ali e comprar umas latinhas e ficar aqui com minhas cervejas e meus cigarrinh-o-o-os, mas reflito por alguns segundos e concluo que não estou nem um pouco a fim de fumar hoje. De beber sim, essa é uma vontade praticamente constante na minha vida, tirando os momentos em que acabo de acordar e que a ressaca esta acentuada eu penso que beber sempre seria muito bom. Gostaria de ser William Burroughs também. Depois que li o Junky penso nesse cara com bastante freqüência. Até peguei o cut-up filmes pra assistir, mas é um filme muito muito doido. Por falar em filmes, essa tem sido minha grande ajuda pra fugir do tédio do meu quartinho de pensão sem televisão e Internet e telefone e qualquer coisa assim. De todo modo ainda me sobra meu notebook, e ele roda dvd, então nos últimos dias eu me dediquei fielmente a assistir muitos filmes, e posso dizer que tive o prazer de escolher alguns clássicos que me valeram as horas assistidas. Full Metal Jacket, Jackie Brown, Cotton Club, Henry e June e mais dois filmes do Andy Warhol (meio pirados, diga-se de passagem) e que eu me lembre foram esses os últimos filmes que assisti. Ah, esqueci também do American Grafitti e da continuação, More American Grafitti, que me agradaram bastante também (especialmente em relação a trilha sonora). Deus do céu, esse texto está virando um lixo. Tenho que confessar que no começo achei que ele pudesse terminar como alguma coisa boa mas agora vejo que estou completamente enganado. A literatura precisa ser trabalhada, é o que as pessoas dizem, mas eu só consigo me sentar e escrever esses textos de merda. Não faz mal, não me importo, não vejo mal nisso, não vejo mal em nada.

Acho que seria interessante relatar aqui que mudei a trilha sonora para This land is your land do Woody Guthrie. Também acho que seria interessante relatar que apesar de estar com calor, agora que liguei o ventilador na velocidade mínima começo a sentir um certo frio, mas estou suado embaixo de meus braços e com um sentimento térmico um tanto quanto estranho. Isso não é novidade, eu sempre fico em dúvida sobre qualquer coisa. Se quero ou não deixar o ventilador ligado, se devo ou não tomar um café, se durmo de bruços ou de costas, se bebo cerveja da marca x ou da y, e por aí vai.

*Nota do escritor: Mudei a trilha sonora novamente. Agora estou ouvindo Charlie “Bird” Parker e espero ouvir algumas músicas desse gênio do jazz. Falando em jazz dia desses andando pela Augusta comprei de um daqueles caras que montam bancas e vendem livros um sobre jazz em inglês por 10 reais. Bela aquisição. Tenho a certeza de que comprar livros e discos são os melhores investimentos que posso fazer. Excetuando é claro a bebida, que tem uma certa necessidade, porque pra agüentar o tanto de pessoas chatas que somos obrigados a agüentar dia após dia só bebendo sua cervejinha ou vinhozinho ou uísque ou qualquer coisa que você preferir. Vale ressaltar que não me refiro a uma pessoa em especial (se bem que algumas mereciam ser citadas por serem seres de extrema chatice e inconveniência que me deixam com vontade de pular em seus pescoços e arrebentar suas caras com murros na boca e no nariz) mas sim a todas as pessoas que sou obrigado a tolerar no dia a dia e todas as coisas chatérrimas que elas tem a me dizer e perguntas sem graça que elas tem a me fazer. Eu gostaria muito de que todas as pessoas pudessem ter seus animais de estimação e aí pentelhassem os pobres coitados gatos, cachorros e passarinhos em vez de encher o ouvido das pessoas com tanta asneira. É um caso sério. Creio que eu também seja um verdadeiro chato, mas não fico procurando ouvidos alheios para despejar minhas divagações. Gostaria de dizer também que não sou contra a conversa, longe de mim, acho que algumas são incrivelmente interessantes e proveitosas, desde que feitas com as pessoas certas e sobre os assuntos certos e os mais simples possíveis de preferência. Não gosto de conversas intelectuais ou de discussões político-religiosas. Alem de serem de uma chatice enorme não sinto o menor prazer em tentar levantar minhas convicções e argumentos para convencer tal pessoa de que ela deve pensar assim ao invés de assado. Prefiro que elas pensem como quiserem e que eu fique aqui com minhas idéias e de certo modo só ouvir quem a meu julgamento pessoal valer a pena.

Que monólogo entediante virou esse texto. É meio ruim o fato de 85% das coisas que eu escrevo terminarem com reclamações ou lamentos sobre qualquer coisa. Talvez eu deva começar a achar outra ocupação ao invés de escrever. Quem sabe jogar paciência ou tetris ou qualquer outra coisa em que eu possa fazer sozinho.

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