sexta-feira, novembro 26, 2021

Ó deus meu, meu deus

Toda essa gente

Querendo ser como os seus.


Poetas em busca de prêmios,

Troféus e glórias literárias

Agentes do caos descansando

Buscando piedade por trás

Da aprovação dos párias.


Ó deus meu, meu deus

Toda as notícias do mundo

As novidades nunca boas 

O palpitar desse velho

Coração vagabundo.


Ó deus meu, meu deus

Queria ter sido Rimbaud

Shelley, Leminski ou Artaud

Dostoiévski escapando de morte

Mas sou só um sujeito sem sorte.


Ó deus meu, meu deus

Dizem que no fim vemos

Um filme da nossa vida

Introdução, meio, até a despedida

Nessa história ainda não concluída.


Ó deus meu, meu deus

Dianne Di Prima e Allen Ginsberg

A libertação sexual sem níveis

A contracultura do alvorecer

Procurar a vida até morrer.


Ó deus meu, meu deus

Antigas histórias gregas

Recontadas por mãos romanas

Antigas fábulas heróicas

Anos se passando em semanas.


Ó deus meu, meu deus

No fim da curva não sabemos

O que vem ou pra onde vamos

Por isso agora é a hora

De esquecer os planos.


Ó deus meu, meu deus

Porque na vida de encontros

Há tantos e eternos

Desenganos?


Ó deus meu, meu deus

Anote esse recado:

Logo nos vemos 

Aí do outro lado.


Ó deus meu, meu deus

Não pense ser um chiste

Te chatearia se eu perguntasse:

Você realmente existe?

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