Há algo em
Avenidas cheias e ônibus lotados
No corrente fluxo imparável das cidades
Que me faz pensar em minha mortalidade e
Na das pessoas que conheço, conheci
E que ainda vou conhecer.
Quando esses sentimentos
Se apossam de mim
Gosto de olhar ao redor e
Anotar rabiscos sobre
Olhares cotidianos.
Um garoto de uns três ou quatro anos
Vestido como o homem aranha
Comenta excitado com a mãe:
"É halloween!"
E crianças batem em portas
Em busca de doces na
noite fria de outubro em Londres.
E novamente penso em minha mortalidade
E na de meu pai, de minha mãe, de meu irmão
Daquela mulher e até mesmo do garotinho.
E respiro fundo, conto até três e vou pra casa e
Abro um vinho e faço o jantar
E ainda penso que um dia
Em uma página empoeirada
Essas linhas mal formadas vão estar.
A mortalidade é só um caminho
Mais longo e confuso
Até a eternidade.
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