sábado, outubro 31, 2015

Há nas sombras das vielas das grandes cidades uma temerosidade e excitação que não são encontradas em nenhum outro lugar.

Em cidades portuárias o sentimento é ainda maior, com a brisa marítima e a escuridão noturna criando uma pura atmosfera noir.

Casais se abraçam e andam rápido, e marginais apertam suas navalhas junto à coxa. Jovens poetas respiram vagarosamente, procurando aventuras e palavras que frequentemente demoram a chegar.

Há nas sombras das grandes cidades um sentimento ímpar de não pertencimento, de esquecimento de tudo. O conforto do anonimato e a temerosidade da solidão. Nesse tipo de atmosfera circula um odor agridoce de sexo, de morte e, mais raramente, de paixão.

As noites brancas de Dostoiévski clareiam a escuridão.
Jovens perdidos caminham na contra-mão.

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