domingo, janeiro 19, 2014
Buenos Aires, 2009. Me apaixonei pela moça que trabalhava no restaurante de uma esquina em San Nicolas, duas quadras da escola onde eu estudava espanhol com mais uma porrada de brasileiros e europeus. Ela me servia "pollo con papas" e eu ficava lá, dezoito anos de idade e sem um pingo de coragem pra falar qualquer coisa. Olhava pro gelo derretendo na coca-cola e tentava fingir que era John Fante, mas não funcionava muito bem. Um dia puxei papo e ela me falou da Bond Street, uma espécie de galeria do rock porteña, com lojas de discos, camisetas e todas essas coisas feitas pra garotos bobos fãs de música rápida. Comprei uma infinidade de álbuns, todos ainda aqui na minha estante, me trazendo essas memórias estranhas e desconexas. Não falei mais com a garota do restaurante, o que foi uma pena. Frequentemente penso no que aconteceu com ela e com muita gente que eu conheci. Espero que ela tenha achado um escritor de verdade e um emprego melhor. E que continue ouvindo música rápida também.
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