chorei quando os anjos me avisaram
que não havia uma saída mais fácil
que não havia esperança nas ruas.
chorei quando me deparei
com as últimas gotas da garrafa
quando me vi sozinho
contando piadas
que não faziam ninguém rir.
percebi a inexatidão do mundo
quando as sombras me perseguiram
e os fantasmas me amedrontaram.
percebi que estava sozinho
e que assim ficaria.
que eu estava sozinho
até o fim dos meus dias.
o diabo riu de mim
e disse que procurei tudo aquilo
disse que eu devia me matar
que encontraria a rendição.
o diabo, salafrário
falou isso
com exatidão.
percebi que eu estava perdido
que a chuva não acabaria
que felicidade
eu nunca encontraria.
percebi que estava destinado
a cometer pequenas rimas
a perder meu coração
para boas meninas.
o diabo riu novamente
e me disse pra desistir.
mal sabia ele,
que eu nunca tinha
jogado.
mal sabia ele,
que esse fracasso
já estava anunciado.
domingo, abril 29, 2012
lembro da garota que costumava
me visitar com cervejas
e ouvir meu disco
e ler meus poemas
e escutar meus problemas.
lembro da garota
que acreditava em mim
que dizia que eu seria
grande, um dia.
lembro dela, com tristeza
com saudade e
com paixão.
não fomos feitos
um para o outro
não ficaremos
juntos jamais
mas, meu deus
que falta
ela me faz.
lembro da garota
que salvou minha vida.
pena que minha falta
não seja tão sentida.
lembro do garoto
que costumava escrever
e beber cerveja
clamando por paixão.
lembro desse garoto
crescido e triste
clamando por perdão.
talvez tudo tenha acabado
já há muito tempo.
esse garoto, nunca foi um bom rapaz.
sorte nossa, que hoje em dia
ele já descansa
em paz.
me visitar com cervejas
e ouvir meu disco
e ler meus poemas
e escutar meus problemas.
lembro da garota
que acreditava em mim
que dizia que eu seria
grande, um dia.
lembro dela, com tristeza
com saudade e
com paixão.
não fomos feitos
um para o outro
não ficaremos
juntos jamais
mas, meu deus
que falta
ela me faz.
lembro da garota
que salvou minha vida.
pena que minha falta
não seja tão sentida.
lembro do garoto
que costumava escrever
e beber cerveja
clamando por paixão.
lembro desse garoto
crescido e triste
clamando por perdão.
talvez tudo tenha acabado
já há muito tempo.
esse garoto, nunca foi um bom rapaz.
sorte nossa, que hoje em dia
ele já descansa
em paz.
o que você
espera que eu diga?
cheguei ao limite
e não posso mais correr.
perder suas esperanças
aos 22 anos de idade
nunca é um bom negócio.
hoje, sou sozinho
como fui na maior parte
da minha vida.
e ouço george harrison
e fumo cigarros
e sonho com um futuro melhor.
mas já não acredito muito mais
nisso tudo.
talvez eu devesse
achar a saída.
o problema é que a procuro
desde que eu tinha
16 anos.
e quer saber?
acho mesmo
que ela não existe.
se você encontrá-la,
por favor, não hesite.
me mostre logo
pois preciso
dar um jeito
nisso tudo.
e preciso
ir embora
desse mundo.
quinta-feira, abril 19, 2012
foram anos de angústia
anos de solidão
anos escrevendo para mim mesmo
anos respondendo a mim mesmo.
foram anos em que me sentei a beira da janela
e contemplei de forma idiota os carros
e ouvi louis armstrong e howlin wolf
pensando que tudo ficaria melhor
se tivesse uma voz daquelas.
foram anos de pouco dinheiro
de muitas preocupações
anos de questionamentos
de medo, de desespero.
foram anos rezando,
sonhando, com algo melhor
foram mais alguns anos
até descobrir que este algo
não mais viria.
e mais alguns para
me adaptar a minha nova
vida.
foram anos que passaram devagar
mas também passaram tão rápido.
foram anos que ainda estão passando
anos em que continuo sofrendo
anos em que continuo sonhando.
anos sem saber escrever
anos sem saber o que fazer
anos sem acreditar
anos sem sonhar.
foram anos em que pedi
que algo me tirasse daqui.
anos que passei sozinho
contando detalhes das paredes
da velha kitnet.
foram anos esperando
você chegar.
e você ainda não veio.
creio que agora já posso
parar de contar os anos
e contar só os meses
pro triste fim
dos meus poucos longos anos.
quarta-feira, abril 18, 2012
sinto saudades de suas pernas brancas
contrastando com meu lençol azul
e de te olhar bebendo cerveja
enquanto o disco dos Ramones toca na vitrola
e você bebe cerveja e fuma
sonhando com os dias melhores
que você já alcançou.
sinto falta de você
dizendo como sou mal-humorado
e de como prejudico a mim mesmo
sendo alguém tão infeliz.
infelizmente, baby
esta não foi minha primeira opção.
aceitei as coisas como elas vieram
e meu tempo de lutar
bem, já passou.
sinto falta de falar contigo
sobre filmes antigos
e de te mostrar meus discos
e emprestar meus livros.
sinto falta de torcer pela chegada
do final de semana
e de te ouvir reclamar
sobre minhas imprestáveis ressacas.
sinto falta de ter uma chance
uma única chance
de sair daqui.
sinto falta de não ser
esse velho idiota
mas eu sabia
e você também
que eu estava destinado
a esse futuro solitário.
não é minha culpa, baby.
veja bem, eu tive poucas opções
e mesmo assim escolhi
as alternativas erradas.
já é muito tarde
e sei disso,
tão bem quanto você.
já é muito tarde,
e a única verdade
é que provavelmente
a gente nunca mais volte
a se ver.
então seja feliz,
pelo amor de deus.
nessa história toda errada
um de nós tinha que vencer.
honestamente,
sempre achei que esse alguém
seria você.
contrastando com meu lençol azul
e de te olhar bebendo cerveja
enquanto o disco dos Ramones toca na vitrola
e você bebe cerveja e fuma
sonhando com os dias melhores
que você já alcançou.
sinto falta de você
dizendo como sou mal-humorado
e de como prejudico a mim mesmo
sendo alguém tão infeliz.
infelizmente, baby
esta não foi minha primeira opção.
aceitei as coisas como elas vieram
e meu tempo de lutar
bem, já passou.
sinto falta de falar contigo
sobre filmes antigos
e de te mostrar meus discos
e emprestar meus livros.
sinto falta de torcer pela chegada
do final de semana
e de te ouvir reclamar
sobre minhas imprestáveis ressacas.
sinto falta de ter uma chance
uma única chance
de sair daqui.
sinto falta de não ser
esse velho idiota
mas eu sabia
e você também
que eu estava destinado
a esse futuro solitário.
não é minha culpa, baby.
veja bem, eu tive poucas opções
e mesmo assim escolhi
as alternativas erradas.
já é muito tarde
e sei disso,
tão bem quanto você.
já é muito tarde,
e a única verdade
é que provavelmente
a gente nunca mais volte
a se ver.
então seja feliz,
pelo amor de deus.
nessa história toda errada
um de nós tinha que vencer.
honestamente,
sempre achei que esse alguém
seria você.
terça-feira, abril 17, 2012
Só mais um punhado de vômito literário
Mastigo cigarros chupando drops de menta da garoto enquanto tenta me lembrar porque parei de escrever. Por que parei de escrever? Me pergunto de um jeito idiota – o jeito comum que adquiri para a minha vida insossa e pouco emocionante.
Foi a vida insossa e pouco emocionante? Pros diabos, nunca saberei, e passo a detestar essas auto-perguntas idiotas, do jeito comum que adquiri pra minha vida insossa e pouco emocionante. Aí coloco um disco do Badfinger pra tocar e fico tentando lembrar dos caminhos que a vida me levou, e aonde algo deu errado. Quer dizer, algo tinha dado errado desde o ínicio, esse não é o ponto, o ponto é aonde eu tentei fazer com que esse algo parasse de dar errado.
Era bem melhor quando algo dava errado e eu abria uma página do Word e começava a despejar bobagens, normalmente entornando umas cervejinhas ou um vinho desses de cinco reais, sem me preocupar com trabalho ou com o que eu ia fazer no dia seguinte. Eu sabia que tudo tava perdido quando comecei a pensar no que eu ia fazer no dia seguinte. Eu só encostava a cabeça no travesseiro e ficava sonhando acordado com bobagens inalcançáveis, mas porra, eram bobagens muito boas pra ser verdade. Até que um dia, “a primavera me trouxe o riso horrível do idiota”, parafraseando o bom e velho Rimbaud, e percebi que eu estava perdendo tudo. Quer dizer, eu não estava perdendo nada, mas esse nada era do caralho. Esse nada me fazia esvaziar garrafas e acreditar em alguma bobagem, mesmo sabendo que ela era inalcançável. Esse nada me ajudava a colocar uns discos dos Stones na vitrola e pensar nos erros e acertos, quando eu bem sabia que a maior parte eram só erros.
E pra falar a verdade, eu gostava muito disso. Eu não queria acertar. Havia poesia no erro, havia charme no fundo do poço. Era escuro, frio e solitário, mas era melhor do que aqui em cima. Eu não sabia disso. Eu nunca soube disso. Na verdade, eu nunca soube de porra nenhuma. E eu lá podia imaginar que subir e encarar a vida ia ser uma merda ainda maior? Mas o que diabos eu podia fazer? Eu acabei de prometer que não ia mais me fazer auto-perguntas, e nem isso eu consegui cumprir. É esse o tipo de coisa que faz falta pra um tolo como eu. Correr atrás de ideias estúpidas, como encontrar a salvação em um boteco fodido, igual aquele da Brigadeiro Luís Antônio, que vende cerveja por quatro contos e pinga por um real e cinquenta centavos – setenta nos bons tempos, e três a cerveja.
Mas os tempos passaram, e não voltam mais. Essa porra de tempo tá passando o tempo todo, quando ouço o tic toc do ponteiro do relógio, ou, o que é ainda pior, quando ele é digital e não faz barulho nenhum, como se dissesse: “te cuida, moleque, teu tempo tá passando em silencia, e você tá aí, contemplando idiotices e vivendo essa vidinha babaca”. E puta que pariu, como ele tem razão. Taí algo que eu nunca tive, e que provavelmente nunca vou ter.
Eu nunca consegui ser um porra louca. Eu sempre soube que não tinha o cacife necessário. Apesar dos pesares e das dificuldades, consegui me transformar em um belíssimo escroto. Tenho meia dúzia de convicções bobas, não acredito em muitas coisas e gasto a maior parte do meu tempo sozinho. Será que era isso que eu estava procurando? Ah não, malditas auto-perguntas, não quero ser torturado novamente por esses questionamentos sem sentido.
E eu nem mesmo sei o que fazer agora que vejo tudo calmo e quieto, e ruim e desconexo. Fico olhando pra essas pilhas de discos e livros tentando descobrir o que vai me salvar hoje. Aí escolho um disco, coloco pra tocar, abro um livro e fico folheando pra relembrar qualquer passagem besta que saque o meu momento idiota e pouco inspirado. Normalmente funciona, mas ultimamente eu nem tenho tido mais vontade de fazer isso. Virei uma espécie de vegetal estúpido, sentado aqui, olhando pra essa merda de tela de computador e deixando os dedos digitarem qualquer merda, que ninguém nunca vai ler, aliás.
Eu nunca mesmo quis que as pessoas lessem essas coisas. Acho que ninguém merece ser tão torturado com algo tão pouco inspirado, tão sem sentido e tão pobre de espírito. Aí me lembro do erro que foi ter subido do fundo do poço, e acho que talvez meu espírito maltrapilho e sonhador (desse tipo sonhador ingênuo, que acredita em bandas de rock e poeminhas sobre lesmas que se afogam em copos de cerveja), tenha ficado lá embaixo, no escuro, quieto e esquecido, morto e enterrado. E o pior de tudo isso é que eu acho que ele está melhor por lá. Enquanto isso, eu continuo por aqui. Até quando, eu nunca sei.
Foi a vida insossa e pouco emocionante? Pros diabos, nunca saberei, e passo a detestar essas auto-perguntas idiotas, do jeito comum que adquiri pra minha vida insossa e pouco emocionante. Aí coloco um disco do Badfinger pra tocar e fico tentando lembrar dos caminhos que a vida me levou, e aonde algo deu errado. Quer dizer, algo tinha dado errado desde o ínicio, esse não é o ponto, o ponto é aonde eu tentei fazer com que esse algo parasse de dar errado.
Era bem melhor quando algo dava errado e eu abria uma página do Word e começava a despejar bobagens, normalmente entornando umas cervejinhas ou um vinho desses de cinco reais, sem me preocupar com trabalho ou com o que eu ia fazer no dia seguinte. Eu sabia que tudo tava perdido quando comecei a pensar no que eu ia fazer no dia seguinte. Eu só encostava a cabeça no travesseiro e ficava sonhando acordado com bobagens inalcançáveis, mas porra, eram bobagens muito boas pra ser verdade. Até que um dia, “a primavera me trouxe o riso horrível do idiota”, parafraseando o bom e velho Rimbaud, e percebi que eu estava perdendo tudo. Quer dizer, eu não estava perdendo nada, mas esse nada era do caralho. Esse nada me fazia esvaziar garrafas e acreditar em alguma bobagem, mesmo sabendo que ela era inalcançável. Esse nada me ajudava a colocar uns discos dos Stones na vitrola e pensar nos erros e acertos, quando eu bem sabia que a maior parte eram só erros.
E pra falar a verdade, eu gostava muito disso. Eu não queria acertar. Havia poesia no erro, havia charme no fundo do poço. Era escuro, frio e solitário, mas era melhor do que aqui em cima. Eu não sabia disso. Eu nunca soube disso. Na verdade, eu nunca soube de porra nenhuma. E eu lá podia imaginar que subir e encarar a vida ia ser uma merda ainda maior? Mas o que diabos eu podia fazer? Eu acabei de prometer que não ia mais me fazer auto-perguntas, e nem isso eu consegui cumprir. É esse o tipo de coisa que faz falta pra um tolo como eu. Correr atrás de ideias estúpidas, como encontrar a salvação em um boteco fodido, igual aquele da Brigadeiro Luís Antônio, que vende cerveja por quatro contos e pinga por um real e cinquenta centavos – setenta nos bons tempos, e três a cerveja.
Mas os tempos passaram, e não voltam mais. Essa porra de tempo tá passando o tempo todo, quando ouço o tic toc do ponteiro do relógio, ou, o que é ainda pior, quando ele é digital e não faz barulho nenhum, como se dissesse: “te cuida, moleque, teu tempo tá passando em silencia, e você tá aí, contemplando idiotices e vivendo essa vidinha babaca”. E puta que pariu, como ele tem razão. Taí algo que eu nunca tive, e que provavelmente nunca vou ter.
Eu nunca consegui ser um porra louca. Eu sempre soube que não tinha o cacife necessário. Apesar dos pesares e das dificuldades, consegui me transformar em um belíssimo escroto. Tenho meia dúzia de convicções bobas, não acredito em muitas coisas e gasto a maior parte do meu tempo sozinho. Será que era isso que eu estava procurando? Ah não, malditas auto-perguntas, não quero ser torturado novamente por esses questionamentos sem sentido.
E eu nem mesmo sei o que fazer agora que vejo tudo calmo e quieto, e ruim e desconexo. Fico olhando pra essas pilhas de discos e livros tentando descobrir o que vai me salvar hoje. Aí escolho um disco, coloco pra tocar, abro um livro e fico folheando pra relembrar qualquer passagem besta que saque o meu momento idiota e pouco inspirado. Normalmente funciona, mas ultimamente eu nem tenho tido mais vontade de fazer isso. Virei uma espécie de vegetal estúpido, sentado aqui, olhando pra essa merda de tela de computador e deixando os dedos digitarem qualquer merda, que ninguém nunca vai ler, aliás.
Eu nunca mesmo quis que as pessoas lessem essas coisas. Acho que ninguém merece ser tão torturado com algo tão pouco inspirado, tão sem sentido e tão pobre de espírito. Aí me lembro do erro que foi ter subido do fundo do poço, e acho que talvez meu espírito maltrapilho e sonhador (desse tipo sonhador ingênuo, que acredita em bandas de rock e poeminhas sobre lesmas que se afogam em copos de cerveja), tenha ficado lá embaixo, no escuro, quieto e esquecido, morto e enterrado. E o pior de tudo isso é que eu acho que ele está melhor por lá. Enquanto isso, eu continuo por aqui. Até quando, eu nunca sei.
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