quinta-feira, maio 29, 2008

29 de Maio de 2008 – 17:59

A vida não vai bem. Não, não, não. Mas também não vai mal. Não posso dizer como ela vai. Acho que ninguém pode dizer. Posso dizer que mudei do meu quartinho escuro, sujo e quase sem janela da pensão velha em que eu morava para um apartamento na avenida Paulista. Mas eu não moro sozinho. Eu só conheci uns caras que tinham um quarto vago e decidi me mudar. Ainda estou sendo bancado pelo meu pai, é claro. As coisas não são tão fáceis quando você é um inútil de dezoito anos. Ter dezoito anos não é o verdadeiro problema, ser um inútil é. Mas tudo bem, só de voltar a dormir em um colchão decente (mesmo que no chão) e poder tomar banho qualquer hora com um chuveiro muito foda (desses que você liga e a água sai em grandes quantidades e na temperatura que você quiser) já é bem melhor. E pensar que eu já estava me acostumando a dormir na péssima cama quebrada da pensão, com tabuas de madeira mal-encaixadas cobrindo o espaço aonde um dia tiveram ferros soldados que formaram a cama original, e por cima um colchão cinza fino e dos piores possíveis. Mas tudo isso passou, oh sim! Passou de verdade. Agora eu também posso ir na cozinha a hora que quiser, e posso fazer minhas lasanhas no microondas. Isso sem contar a vista pra Avenida Paulista. E a melhor parte – a de que eu faço faculdade na Cásper Líbero, no prédio da gazeta e o prédio em que estou morando fica exatamente ao lado dela. O nome do prédio também é um barato – Edifício Paulicéia. Logo no primeiro dia que passei ali em frente e li o nome do prédio, muito antes de sonhar em morar ali, já lembrei da música do Made In Brazil – “A Paulicéia pirou.” As minhas únicas queixas são o fato de ainda não ter uma cama e uma mesa para colocar minhas coisas e escrever. Mas bom, tudo pode ser contornado. Por isso durmo com meu colchão no chão e deixei a televisão e o notebook por ali mesmo. E pra não enganar ninguém, devo assumir que não estou escrevendo nada. Com exceção dos trabalhos da faculdade, essas são as primeiras linhas que escrevo em muito tempo. Mas tudo bem, não ganho pra isso. Agora vou parar por aqui. Esse negócio de não ter internet e ter que escrever na faculdade pra postar é complicado. Primeiro que quando eu cheguei uma garota com uma voz muito chata falava sem parar com seus coleguinhas. Agora porque chegaram pessoas dos meus dois lados do computador e não consigo escrever me sentindo vigiado ou apertado. Preciso de um mínimo de privacidade e calma. Se tiver uma cerveja e um cigarro na mão também ajuda. Então é isso. Se cuidem, pois é o que eu estou tentando fazer.

Um comentário:

Marina Dias disse...

fiquei feliz por você.