Quando você está com gripe as coisas ficam mais difíceis. O pior é quando você fica com gripe durante muito tempo, e por mais que você se entupa de remédios ela não passa. Talvez por causa da bebida e do cigarro, ou eu sei lá porque, só sei que é uma gripe irritante, que te deixa com o nariz trancado e tossindo sem parar, e faz você ficar tomando vitamina C efervescente a cada duas ou três horas.

E hoje é sexta-feira, mas isso não é tão bom quanto deveria ser. Já faz um bom tempo que meus finais de semana não se distinguem em quase nada dos dias de semana. Pra falar a verdade eu estou começando a achar os finais de semana mais chatos que os dias de semana. Talvez porque eu não faça nada nunca, e nos dias de semana pelo menos eu posso me ocupar indo pra faculdade e fazendo uns trabalhos. Essa vida de vagabundo fode com a gente. Eu juro que queria arrumar um trabalho, mas eu também juro que sou um preguiçoso nato. Eu não posso dispensar aquele tempo na cama depois de acordar. Eu preciso de um tempo pra acordar, e esse tempo geralmente dura umas duas horas.

29 de Maio de 2008 – 17:59

A vida não vai bem. Não, não, não. Mas também não vai mal. Não posso dizer como ela vai. Acho que ninguém pode dizer. Posso dizer que mudei do meu quartinho escuro, sujo e quase sem janela da pensão velha em que eu morava para um apartamento na avenida Paulista. Mas eu não moro sozinho. Eu só conheci uns caras que tinham um quarto vago e decidi me mudar. Ainda estou sendo bancado pelo meu pai, é claro. As coisas não são tão fáceis quando você é um inútil de dezoito anos. Ter dezoito anos não é o verdadeiro problema, ser um inútil é. Mas tudo bem, só de voltar a dormir em um colchão decente (mesmo que no chão) e poder tomar banho qualquer hora com um chuveiro muito foda (desses que você liga e a água sai em grandes quantidades e na temperatura que você quiser) já é bem melhor. E pensar que eu já estava me acostumando a dormir na péssima cama quebrada da pensão, com tabuas de madeira mal-encaixadas cobrindo o espaço aonde um dia tiveram ferros soldados que formaram a cama original, e por cima um colchão cinza fino e dos piores possíveis. Mas tudo isso passou, oh sim! Passou de verdade. Agora eu também posso ir na cozinha a hora que quiser, e posso fazer minhas lasanhas no microondas. Isso sem contar a vista pra Avenida Paulista. E a melhor parte – a de que eu faço faculdade na Cásper Líbero, no prédio da gazeta e o prédio em que estou morando fica exatamente ao lado dela. O nome do prédio também é um barato – Edifício Paulicéia. Logo no primeiro dia que passei ali em frente e li o nome do prédio, muito antes de sonhar em morar ali, já lembrei da música do Made In Brazil – “A Paulicéia pirou.” As minhas únicas queixas são o fato de ainda não ter uma cama e uma mesa para colocar minhas coisas e escrever. Mas bom, tudo pode ser contornado. Por isso durmo com meu colchão no chão e deixei a televisão e o notebook por ali mesmo. E pra não enganar ninguém, devo assumir que não estou escrevendo nada. Com exceção dos trabalhos da faculdade, essas são as primeiras linhas que escrevo em muito tempo. Mas tudo bem, não ganho pra isso. Agora vou parar por aqui. Esse negócio de não ter internet e ter que escrever na faculdade pra postar é complicado. Primeiro que quando eu cheguei uma garota com uma voz muito chata falava sem parar com seus coleguinhas. Agora porque chegaram pessoas dos meus dois lados do computador e não consigo escrever me sentindo vigiado ou apertado. Preciso de um mínimo de privacidade e calma. Se tiver uma cerveja e um cigarro na mão também ajuda. Então é isso. Se cuidem, pois é o que eu estou tentando fazer.

Nevermind the bollocks, here's the New Ones!

Passando esse feriado emendado em Londrina, tive o prazer de ir ver as gravações das guitarras de duas músicas do novo disco da banda New Ones do meu amigo guitarrista e vocalista Renato. O disco ainda não tem data certa pra sair, mas as duas músicas que estão terminando de ser gravadas, You're Missing e Out Of Your Radar, vão ser lançadas num single antes do disco.

E ontem de madrugada eu estava no msn com o Renato e ele me passou o endereço do novo blog da banda, que serve como uma espécie de diário-de-bordo das gravações dos caras. Aproveito pra retribuir o agradecimento pela minha presença e indicar que vocês leitores (se é que vocês existem) entrem no blog dos caras e se possível ouçam suas músicas no myspace. Amizade a parte, posso garantir que vale muito a pena e que as músicas são do caralho.

Então se você gosta de punk rock do final dos anos 70, glam rock e powerpop clique aqui para ouvir e aqui para ler e tire suas próprias conclusões.

Jesse Camp - Jesse & The 8th Street Kidz

Fazia um tempão que não ouvia isso, e posso garantir que é um dos discos mais legais que eu já ouvi na minha vida.Um monte de rocks legais com refrões marcantes e baladas lindas. O mais legal foi que esse cd saiu no Brasil por um preço muito barato, tipo 12 reais, e eu felizmente tenho o meu.

O cara era VJ da Mtv americana, fez a banda e depois sumiu no mundo. Que pena. Aparece Jesse Camp. We miss you!

NADA mais IMPORTA

Poetas, operários, músicos
Médicos. cientistas, dançarinos
escritores, vendedores de pacotes de TV á cabo
corretores de seguro, advogados, atores
traficantes, putas, travestis

com suas vidas
e ocupações
suas crenças
e ambições
são todos diferentes
e todos iguais

Pegando o metrô
andando pelas ruas
bebendo nos bares
fodendo nas camas

me parece que
o mesmo
destino trágico
se aplica a
TODOS

Nascemos, crescemos
trabalhamos, casamos
separamos, trepamos
bebemos, dormimos
acordamos, sorrimos
choramos, morremos

E então
debaixo da terra ou
em forma de cinzas
somos todos
IGUAIS

Somos todos
o nada
Como sempre
FOMOS

e como
voltamos
A SER

Nada
mais
IMPORTA

Semana de cão

Semana de cão
semana de cão
mais uma
semana de cão

Segunda e terça
e quarta e quinta
e sexta e sábado
e finalmente domingo

E então novamente
segunda e terça
e quarta e quinta
e sexta e sábado
e finalmente domingo

E lá se foi
mais uma
semana de cão

Está muito frio, eu estou gripado e estou muito desiludido com a vida. Com exceção do "muito frio" e do "gripado" as coisas continuam iguais.

Bruce Springsteen - Glory Days

"Eu vi o futuro do Rock'n'Roll e seu nome é Bruce Springsteen."
Jon Landau, 22/04/1974.

The Boss: A melhor coisa que eu podia ter descoberto nos últimos tempos.

Cartão de crédito

Gostaria de mandar meus sinceros agradecimentos ao cara que inventou o cartão de crédito. Em menos de uma semana com essa maravilha eu já bebi um monte, comi umas três vezes no Mc Donalds e em outros restaurantes e comprei diversas coisas inutéis no supermercado. Também queria aproveitar pra mandar a merda o cara que inventou o limite do cartão. Alguma coisa me diz que no final do mês minha raiva desse cara vai aumentar ainda mais.

2 de Maio de 008 - 22:45

O frio chegou em São Paulo, e eu sou um verdadeiro apaixonado por frio. Me sinto o Bob Dylan na capa do freewhelin quando saio todo agasalhado e usando cachecol, ouvindo o Gold do Ryan Adams no mp3 e caminhando pela avenida Paulista e seus arredorres. Posso sentir o vento em meu rosto e os passos no chão fazendo eco no concreto cinza e sujo. Acendo um cigarro. Agora me sinto um nova-iorquino da década de 30. Continuo caminhando. Não tenho um destino certo, e nem quero ter. Só quero andar todo agasalhado pelo frio pelo tempo que ele durar.

Ryan Adams - Goodnight Hollywood Blvd

Como bem descreveu meu amigo Pedro Taconi, em suas próprias palavras: "confesso que na minha vida inteira vi pouquissimas coisas mais lindas que essa interpretação, talvez só Subway Train dos Dolls que Deus quis que eu visse ao vivo!".

E eu assino em baixo.