O grito
Preso
Na garganta.

O sentido
Preso
No poema.

A morte
Presa
Na vida.

Vez ou outra explode no universo
Um asteróide,
Estrela cadente
Ou coisa do tipo.

Aqui na Terra a gente observa
Embasbacados, a imaginar
"Quando é que alguém
Vem nos resgatar?"

uns nascem
outros morrem
alguns bebem
e outros rezam
enquanto uns escutam jazz
e outros hipotecam a casa
e há os que fazem seguros de vida,
conseguem novos empregos
se demitem dos antigos
lavam a louça
e aspiram a casa
e cheiram cocaína
ou trocam fraldas
ou têm suas fraldas trocadas
vivendo em mansões
asilos, ou hospitais
andando de ônibus,
de metrô, de carro
a pé ou de avião
assistindo ao noticiário
falando sobre política
lamentando sobre o mundo
que continua girando,
incansavelmente
enquanto a vida passa
por nós,
ou somos nós que
passamos por ela?
e deposito flores
nos túmulos
dos que já se foram,
esperando a minha vez
de me juntar a eles.

Quem não sonha
Vive
Ou quem não sonha
Sobrevive?

Londrina, onde os gatos miam alto na madrugada e cada rato sabe bem onde se esconder.

Feito cometa sem freio
Arrasto quem me ama
Para o meu buraco negro.

Dentro do coração
Um fétido
Esgoto a céu aberto.

Fortune and fame
Years go by
Issues remain.

My dreams
Among the stars
My hopes
Behind bars.